terça-feira, 5 de março de 2013

A Questão do sentimento e o Respeito por si mesmo - VIII

"Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista / O tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece..."
— Caetano Veloso, Força Estranha

A vida toma rumos que nos perguntamos qual força nos conduz. Somos tomados por várias tempestades, e a passagem de certas pessoas é um desses momentos. Somos pegos de surpresa por um sorriso bonito que nos derruba fácil e nos traz uma nova luz, revelando sonhos e uma realidade de brilho.
Somos responsáveis por nossas escolhas, por tudo o que acontece em nossas vidas depois de cada decisão. Há uma força que nos sustenta, que nos anima em cada escolha — e é a ela que podemos recorrer para sobreviver às tempestades da vida.
Queríamos partilhar todas as glórias e alegrias, mas só nos resta admitir: perdemos a batalha. Fomos vencidos por um sorriso, por um olhar... E agora, só nos cabe reconhecer que não temos tudo o que queremos — ou o que achávamos que devíamos ter.
A partida de alguém importante nos deixa à deriva, sendo sacudidos pelas ondas. Contudo, essa força misteriosa nos aponta o caminho e não permite que sucumbamos ao fracasso de escolhas mal feitas. Sua presença ainda é sentida, como lembrança daquilo que não foi. Reconhecemos que aquilo que não foi... não devia sequer ter começado.
Vivemos hoje sob nuvens escuras em céu azul. Ao lembrar de você e de sua decisão, revivemos — mesmo sem querer — toda a tempestade que marcou o fim daquilo que jamais deveria ter nascido. Tudo ficou mais difícil depois da sua passagem pelo nosso ser. Nossos sonhos foram destruídos. Nossos projetos, cancelados sem aviso ou consulta. Foi isso que você fez — e em nenhum momento considerou estar errada, nem que a tempestade traria dor para nossas vidas.
Ficamos aqui, vivendo de aventuras, buscando o brilho que perdemos. O passado não pode ser jogado fora. Ele é sinal de algo vivido com intensidade — e, por isso, prova de que vale a pena estar neste mundo. Sim, somos abatidos. Sofremos toda prova por estarmos neste mundo. Mas não somos derrotados, como diz o Livro Sagrado: "Somos perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não destruídos" (2 Coríntios 4,9).
Há uma força que não grita, mas sussurra — como Deus no Horeb, que não estava no vento forte, nem no terremoto, nem no fogo, mas na brisa leve. E é nessa brisa, quase imperceptível, que Ele continua a nos chamar de volta à vida.

DNonato – Graduado em História, leigo católico; movido por uma força estranha que sussurra na brisa, e me faz seguir quando já não sei como.

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