quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Questão do sentimento e o Respeito por si mesmo - XII

Você e eu somos uma teia de incertezas.
Como canta Ana Carolina: “Entre nós dois, não cabe mais nenhum segredo além do que já combinamos; não cabe mais sermos somente amigos.”
O passado recente ainda pulsa.
Basta um instante.
Para quem busca a paz, é tudo o que se precisa: um beijo de amor. Um abraço de mãe. E tudo se transforma.
Dos 1.440 minutos do dia, queríamos apenas um — só um — para torná-lo eterno no toque de mãos que se reconhecem, no silêncio que apenas os amantes compreendem, na cumplicidade de um gesto.
A canção insiste: “É ruim disfarçar o que não se pode esconder do nosso olhar.”
E é verdade.
Fugimos, mas o sentimento cresce. A cada dia.
Palavras jogadas ao vento não resolvem. O silêncio, tampouco.
Essa é a nossa condição: negamos o que sentimos, como se isso nos protegesse da dor.
Fugimos do que habita em nós.
Mesmo adormecidos, somos levados por esse sentimento — ele nos conduz ao paraíso dos sonhos.
Mas, ao despertar, enfrentamos o pesadelo da ausência.
A ausência do que escolhemos não viver.
E então... sobra a solidão.
Aquela que machuca mesmo rodeados de gente.
A mais pura forma de estar só.
Nos protegemos com regras e justificativas, como se elas bastassem para conter o que transborda por dentro.
Entramos num jogo perigoso — onde não se ganha nem se perde. Apenas se adia o inevitável.
Não há heróis. Só um homem e uma mulher que negam o que mais desejam.
Alguns vão dizer que tudo isso é perda de tempo.
Bobagem sentimental.
Mas quem já amou até doer — e sentiu o coração vazio por dentro — sabe que essas palavras são alívio.
Para quem nunca viveu isso, talvez pareçam exagero.
Desculpem-nos.
Mas como negar um sentimento que, mesmo gratuito, nos preenche mais do que qualquer razão
Este é só mais um desabafo transformado em texto. Que seja lido com o coração.
Falamos tudo isso porque não conseguimos viver o que gostaríamos.
E, como sempre, buscamos qualquer desculpa para não encarar a verdade.
Vivemos presos nessa rede de incertezas.
Cada silêncio, cada olhar, cada gesto negado... ecoa como a canção de um amor não vivido.
E nos resta uma escolha: continuar à deriva neste mar de dúvidas ou, com coragem, romper as amarras do medo.

Que seja um grito.
Um gesto.
Um passo em direção ao outro.
Que rompa o medo, desarme o orgulho e permita, enfim, que o amor respire.
E talvez, ao fim dessa teia de incertezas, reste apenas um fio possível:
aquele que conduz dois corações dispostos a se reencontrar.

Mas antes disso, uma pergunta ecoa sem trégua em nossos silêncios:
Quem de nós dois terá coragem de baixar as armas, admitir a saudade — e se entregar, enfim, sem reservas?


Leia: 

DNonato – Teólogo do cotidiano, Graduado em História

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.