sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Depressão o nosso cão negro

Todos nós já sentimos o peso do desânimo, como se um cão negro nos seguisse silencioso, sem descanso. Há dias em que a tristeza aperta, o desânimo toma conta e a vida parece não ter saída. É humano sentir isso. Reconhecer a própria dor não é fraqueza, é coragem. E é essencial lembrar: você é amado, querido e valioso, mesmo quando não consegue sentir isso.
A depressão pode surgir de diferentes formas: um estado depressivo passageiro, causado por frustrações ou perdas, ou um quadro mais profundo e crônico. Crianças e adolescentes, muitas vezes, sofrem pela falta de amor e atenção de seus pais. Conflitos familiares, críticas constantes e relacionamentos mal resolvidos podem intensificar essa dor.
O Setembro Amarelo nasceu como um gesto de cuidado e atenção à vida. Em 1994, o jovem norte-americano Mike Emme, de 17 anos, tirou a própria vida. Apaixonado por carros, ele havia restaurado um Mustang amarelo de 1968. No velório, amigos e familiares distribuíram fitas amarelas com mensagens de apoio a quem atravessava momentos difíceis. No Brasil, a campanha foi oficializada em 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), iluminando monumentos, escolas e corações com a cor amarela, lembrando que falar sobre a dor salva vidas.
Todos nós carregamos nossos “espinhos na carne”, como Paulo descreve em 2 Coríntios 12,7. Ele sofreu, pediu ajuda e recebeu a resposta de Deus: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” Paulo nos ensina que a vulnerabilidade não é derrota, e que a dor pode se tornar espaço de força, esperança e apoio. Muitas vezes, a depressão surge do excesso de passado ou da falta de fé em um futuro melhor, em algo maior que nos sustente além do que podemos ver (Hebreus 11,1).
Para enfrentar o “cão negro”, é essencial cultivar amizades verdadeiras, fé em Deus e amor próprio, lembrando que somos amados e queridos, mesmo quando nos sentimos frágeis ou somos criticados. Aceitar que o que passou não voltará e que os vazios e dores são apenas cálices ou espinhos em nossa caminhada (Mateus 26,39; Marcos 14,36; Lucas 22,42; II Coríntios 12,7) ajuda a reconstruir a esperança. Cada espinho é um ensinamento, cada cálice de dor, um passo em direção à luz.
Mais do que falar, muitas vezes o que salva é ser ouvido. Um ouvido atento, sem julgamentos, pode ser a ponte entre o desespero e a vida. Aprender a se ouvir, se acolher e se amar é fundamental, porque cada pessoa é digna de afeto, cuidado e respeito. Amar-se não é egoísmo, é reconhecer que somos preciosos e dignos de cuidado.
Se você está sofrendo ou conhece alguém que precisa conversar, procure o CVV – Centro de Valorização da Vida, que oferece atendimento 24 horas, gratuito e sigiloso, pelo número 188 ou em cvv.org.br. Há sempre alguém pronto para ouvir, compreender e caminhar ao seu lado, mesmo nos dias mais escuros.
💛 Cada vida importa. Você é amado, você é querido. Ouvir salva. Você não está sozinho.


DNonato - Teólogo do Cotidiano 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.