domingo, 12 de outubro de 2025

Dia das Crianças — Um chamado a cuidar da vida em sua pureza original


A  Dia das Crianças — Um chamado a cuidar da vida em sua pureza original celebração do Dia das Crianças surgiu em 1925, durante a Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança, em Genebra (Suíça). Diversos países decidiram instituir uma data especial para promover os direitos das crianças, em um contexto pós-Primeira Guerra Mundial, quando milhares delas haviam ficado órfãs, famintas e sem acesso à educação. Mais tarde, em 1959, a ONU aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, e em 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança, reafirmando o dever de proteger integralmente a infância. Por isso, muitos países celebram o Dia Universal da Criança em 20 de novembro, data da aprovação dessa Convenção.

Em cada país, no entanto, a celebração ocorre em datas diferentes, refletindo tradições culturais e históricas próprias. No México, o Día del Niño é comemorado em 30 de abril; em Portugal, o Dia Mundial da Criança é celebrado em 1º de junho, mesma data adotada por boa parte da Europa e de países africanos lusófonos. O Japão comemora o Kodomo no Hi em 5 de maio, dentro do tradicional “Festival dos Meninos”, marcado por símbolos de coragem e prosperidade. Já nos Estados Unidos, embora não haja uma data oficial nacional, muitas comunidades celebram o Children’s Day no segundo domingo de junho. Essas diversas datas mostram que, em todo o mundo, a infância é reconhecida como tesouro universal e sinal de esperança para o futuro..

No Brasil, porém, o Dia das Crianças é anterior à ONU. Foi criado em 1924, por meio do Decreto nº 4.867, assinado pelo presidente Arthur Bernardes, a pedido do deputado Galdino do Valle Filho. Ele propôs o 12 de outubro como dia para “festejar a criança”, destacando a importância da infância, da educação e do cuidado. Contudo, a data permaneceu esquecida por décadas.

Foi somente nos anos 1950 que a comemoração ganhou força: a indústria de brinquedos, especialmente a Estrela e a Johnson & Johnson, lançou a campanha “Semana do Bebê Robusto”, promovendo produtos e associando a data à ideia de cuidar do bem-estar da criança. O sucesso foi tão grande que o 12 de outubro se fixou no imaginário nacional como Dia das Crianças. O que nasceu como apelo à proteção da infância transformou-se em festa de consumo — mas o Evangelho nos chama a resgatar seu verdadeiro sentido: o valor da vida e a ternura do cuidado.

Curiosamente, o 12 de outubro também é o dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, proclamada oficialmente em 1930 por Pio XI e feriado nacional desde 1980. A coincidência não é acidental: o mesmo dia que recorda a mãe que acolhe o pequeno e o esquecido é também o dia dedicado às crianças, expressão mais pura da confiança em Deus. Assim, a data une duas dimensões simbólicas — o cuidado materno de Maria e a inocência da infância, ambas sinais de esperança e pureza num mundo que tantas vezes perde sua alma.

Na Bíblia, Jesus coloca a criança no centro do Reino: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, porque delas é o Reino de Deus” (Mc 10,14).

“Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10,15).

Essas palavras revelam que a infância, para Jesus, não é apenas uma fase da vida, mas uma atitude espiritual: confiar, perdoar, recomeçar e viver sem máscaras. Ser criança, no olhar do Evangelho, é abrir-se ao amor de Deus com simplicidade, sem cálculos nem segundas intenções. O profeta Isaías sonhava com um mundo assim quando disse:

 “A criança de peito brincará junto à toca da cobra, e o menino desmamado colocará a mão no esconderijo da víbora” (Is 11,8).

Essa visão messiânica revela o desejo de Deus por um tempo de paz, segurança e alegria, onde a infância seja protegida e valorizada. Celebrar o Dia das Crianças, portanto, é mais do que distribuir brinquedos: é afirmar a dignidade de cada criança como imagem de Deus (Gn 1,27), denunciar tudo o que rouba a infância — a miséria, a violência, o abandono — e renovar o compromisso de cuidar da vida em sua forma mais pura e sagrada. Como disse Jesus:

 “Quem acolher uma criança em meu nome, a mim acolhe” (Mt 18,5).

Ao longo da história, diversos instrumentos legais e políticas públicas foram criados para garantir os direitos das crianças.

 No mundo, 

Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959) estabeleceu princípios universais para proteger todas as crianças, incluindo educação, saúde e abrigo.

Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989) reconheceu crianças como sujeitos de direitos plenos e promoveu proteção integral contra abuso, exploração e discriminação. 

No Brasil

Decreto nº 4.867/1924 criou o Dia das Crianças, destacando a importância de valorizar e cuidar da infância; 

 Constituição Federal (1988) reconhece crianças e adolescentes como prioridade absoluta, garantindo direito à vida, educação, saúde e proteção; 

 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/1990) consolidou direitos civis, sociais e de proteção integral, definindo obrigações de família, sociedade e Estado na proteção da infância. Políticas públicas de educação, saúde e assistência social, como programas de alimentação escolar, vacinas, combate ao trabalho infantil e proteção contra violência, reforçam diariamente o compromisso com a infância.

Nos dias atuais, um desafio crescente é a adultização das crianças nas redes sociais, que as expõe a conteúdos inadequados, padrões de comportamento e expectativas próprias de adultos. Essa pressão virtual compromete a espontaneidade do brincar, a imaginação e o desenvolvimento saudável, transformando o que deveria ser tempo de aprendizado, curiosidade e afeto em palco de consumo e comparação. Celebrar o Dia das Crianças também significa proteger a infância dessa pressão precoce, resgatar a pureza de cada fase da vida e reafirmar o direito da criança a ser criança.

O Dia das Crianças nasceu da preocupação com o futuro da humanidade, ganhou força comercial, mas pode — e deve — ser resgatado como um tempo de reflexão e compromisso. Cada criança é uma página nova onde Deus escreve esperança. Cuidá-las é cuidar do próprio Reino.

DNonato - Uma criança  em crescimento 



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