sábado, 8 de outubro de 2022

Um Olhar no texto de Lucas: 17, 11-19; 28º Domingo do Tempo Comum

 


Os caminhos do Brasil no meio de uma eleição, agora com duas opções  diretas onde cada um diz que o outro representa o retrocesso ou  modelo de corrupção. Diante disso temos alguns cristãos  tentando  ficar neutro, demonstrando claramente quem tem sua preferência  de acordo com a sua homilia e  pratica neoliberal,  apenas comprovando que sempre esteve de braços dados  com modelo fascista  e todo resto em comunhão com a morte e destruição da vida, pois a sua teologia  e  ensinamentos escondidos com discurso do papa, até citando a  bíblia, o código de direito canônico e todo documento que possa conhecer. Só comprova pelo silêncio da pseudo neutralidade   que esta de pleno acordo com aquilo que temos de pior  hoje na política brasileira. Conforme  a frase é atribuída ao Pastor  Batista  Martin Luther King Jr. “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons” por isso não é hora de silenciar,  a  nossa cidadania batismal pede que sejamos proféticos no sentido pleno da profecia, sejamos  do clero ou leigos, pois como Povo de Deus sofreremos as consequências  por nossa omissão  e escolha. O silencio  é concordar   com esse modelo  político  que   tenta transforma Deus em seu cabo eleitoral com apoio e omissão dos cristãos que  lideram a Igreja. Temos 21 dias para tomamos uma posição por causa da fé que dizemos ter.

 Dito isso vamos olhar para a liturgia desse  do 28º domingo do tempo comum que é a seguinte:  II Reis 5,14-17;  Salmo 97 (98) com o refrão:   O Senhor manifestou a salvação a todos os povos;  II Timóteo  2,8-13 e evangelho de Lucas  17,11-19 e como sempre vamos nos  concentrar no evangelho que tem como pano de fundo a gratidão,  pois sabemos que Deus tem um projeto para superar a exclusão, com o  amor  gratidão.   Hoje Jesus continua na sua viagem para Jerusalém e  deve  passar pelo território dos samaritanos,  o evangelista Lucas  ao apresentar o relato  demonstra que para cumprir sua missão Jesus rompe as fronteiras pois  ele proibiu os seus discípulos de entrar na Samaria (Mateus 10,5) e Lucas é o único que traz o relato dos dez leprosos.

  A lepra (hanseníase) no tempo de Jesus era tratado como pecado e todos que eram tocados por ela  sem exceção (não importava  a classe social vejamos o livro de II Reis5,14-17)  eram  excluídos e cumprindo a lei   de Levitico 13,45;  “Uma pessoa que sofrer de lepra ou outra grave doença contagiosa da pele deverá vestir roupas rasgadas, deixar os cabelos sem pentear, cobrir o rosto da boca para baixo e anunciar gritando: “Impuro, Impuro!”

Os leprosos  sofriam  as 3 exclusões que  eram as seguintes:

1.    Territorial:  sendo obrigado a viver em região chamada de Vale dos Leprosos

2.     Social:  não podiam mais conviver com seus parentes , vizinhos.  Deus  estava castigando por seus pecados

3.    Religiosa:  Só podiam volta ao convívios dos seus parentes e viver na cidade com atestado dado por um sacerdote mediante a um sacrifício que  não era grátis, tinha um preço, acontecendo uma dupla exclusão.

Os 10 leprosos desejam voltar ao convívio dos seus entes e indo ao encontro de Jesus só pedem isso e Jesus sendo Judeu pede que cumpra os preceitos de Levitico 14 que envolve todo rito de uma semana com sacrifícios de pombas, cordeiros, além de que o sacerdote devia ir ao encontro do leproso fora do fora da cidade.  Aquele retorna por ser samaritano não tinha direito a esse atendimento, para atesta a cura. A única opção que lhe restou e volta e agradecer Jesus pela libertação.

Na semana passada falamos da fé do tamanho do grão de mostarda e hoje a pratica dessa fé, pois  a  ordem de Jesus para apresenta-se ao sacerdote para atestar a cura, mesmo eles cobertos de lepra, eles não duvidam, demonstrando claramente como eles são pessoas da fé. Mas o grande o samaritano que não tem o direito e o dever dos  outros 9 volta a Jesus como sinal de gratidão e reconhece nele o  Salvador.

Os samaritanos tinham serio conflitos com os  judeus de Jerusalém, por ser povo mestiço e sua religião sofria uma espécie de sincretismos .  O conflito entre os judeus  e aos samaritanos começou, em 721 a.C. (após a queda do reino do Norte), os colonos assírios invadiram a Samaria e começaram a misturar-se com a população local. Para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se... Após o regresso do exílio da Babilônia, os habitantes de Jerusalém recusaram qualquer ajuda dos samaritanos na reconstrução do Templo e evitaram os contatos com esses hereges, "raça misturada com pagãos". A construção de um santuário samaritano no monte Garizim consumou a separação e, na perspectiva judaica, lançou definitivamente os samaritanos nos caminhos da infidelidade ao Deus templo de Jerusalém. Na época de Jesus, a relação entre as duas comunidades era marcada por uma grande hostilidade.


Todos nós um dia já nos sentimos leprosos diante do infortúnio da vida, seja o desemprego, uma  doença, um relacionamento que teve o seu fim e até mesmo a relação da dentro da Igreja que as vezes preza pela aparência e posição social.   Aqueles leprosos tinham a obrigação de  manter a distancia  dos demais, mas vendo Jesus passar eles vão de encontro , manifestando assim o desejo de se reintegrar a sociedade. Todos nós em nossas homilias  sempre ressaltamos a atitude do único que voltou, mas  que volta é um  excluído da pratica religiosa.

Pedimos  licença para recorda de um  fato. Um  casal  com  33 anos de vida em comum, mas por uma situação da vida não podiam receber o matrimônio  sacramental no altar, mas já o vivia na vida, sendo  uma família plena. Eles frequentavam uma comunidade e o Padre que ali estava  a 20 anos confiava neles e lhe atribuía  alguns serviços, esse padre foi transferido e novo padre ao chegar,  logo foi impondo direito, a lei e hoje esse casal na mesma situação,  não esta mais no seio da Igreja. Um outro casal ao completar bodas de prata de vida em comum foi até o seu pároco  e  pediu uma simples benção em particular para as alianças  dos mesmo. Naquele dia o Padre  do alto do seu conhecimento moral fez com  que aquele casal  se afastasse  daquela comunidade.
Os dois casais  foram excluídos pela lei, dura e sem sentido, um deles falavam que a relação familiar que eles construíram não era uma lepra, se por acaso a primeira união não deu certo, a culpa não foi deles etc. e esperava daqueles jovens padres uma atitude de acolhida e  respeito por toda sua vivência familiar naquela Comunidade,  ambos   tem a consciência  gritando todo dia pelas escolhas que fizeram.

A temática do evangelho ce hoje  é a gratidão e adesão ao projeto de um Deus de amor. Todos nós somos marcados pela lepra das nossas falhas, às vezes julgamos e condenamos os outros por  escolhas diferentes da nossa e costumamos olhar os gays, as prostitutas, dependentes químicos, os casais de segunda união, os pobres no subemprego, aqueles que não seguem a ditadura  da moda e  os analfabetos  como leprosos da modernidade.   A cura para aqueles leprosos não acontece como  um  passe de mágica,  ela vai acontecendo no caminho e talvez isso que nos falte, caminhar por uma Igreja sinodal para nos curamos da lepra  do autoritarismo, do clericalismo que se manifesta dentro das nossas Igrejas, somos todos  mergulhados na mesma água  que brota do lado aberto de Jesus e participamos da mesma mesa que deve ser o prelúdio do Reino sem exclusão. A maior lepra de hoje esta nos cristãos que são omissos e  permitem o uso da comunidade de fé para promover candidatos de esquerda ou de direita, se calando e se acovardando perdendo assim a sua unção profética e os cristão que  assumem  pró-vida, mas branda em alta voz:   bandido bom  é bandido morto” se prendendo a um discurso moralista e vingativo. Se  faz necessário  como Igreja combater a lepra do ódio   da fake news e essa lepra só será curada quando nos colocarmos a caminho  ouvindo, pesquisando se esclarecendo  e não se deixando levar por uma única fonte de informação.

Aqueles leprosos deveria ter ouvido que Jesus  tinha ressuscitado mortos, curado paralíticos etc. se aproximavam de Jesus com um certeza que seriam curados, talvez nos falte essa certeza, de quem é Deus e se de fato temos fé, votando lá  no texto de Lucas 17,5-10 do domingo passado. Na tradição sempre exaltamos aquele que voltou para agradecer, Isso serve para todos nós que nos esquecemos de sermos gratos ao Deus da Vida por tudo que temos.  Precisamos  superar o rigorismo da lei fria e crua, precisamos carregar em nossos corações  um pouco mais de gratidão por tudo somos e temos.  Nossas preces em nossas igrejas não devem se resumir em pedir ou clamar por uma graça, mas deve passar pela lógica da gratidão pelo novo dia e aqui  deixamos o texto  de II Timóteo  2,8   “Esta palavra é digna de confiança: Se morremos com ele, com ele também viveremos



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