Dito isso
vamos olhar para a liturgia desse do 28º
domingo do tempo comum que é a seguinte:
II Reis 5,14-17; Salmo 97 (98)
com o refrão: O Senhor manifestou a
salvação a todos os povos; II
Timóteo 2,8-13 e evangelho de Lucas 17,11-19 e como sempre vamos nos concentrar no evangelho que tem como pano de
fundo a gratidão, pois sabemos que Deus
tem um projeto para superar a exclusão, com o amor gratidão. Hoje Jesus continua na sua viagem para Jerusalém e deve passar pelo território dos
samaritanos, o evangelista Lucas ao apresentar o relato demonstra que para cumprir sua missão Jesus
rompe as fronteiras pois ele proibiu os seus discípulos de entrar na
Samaria (Mateus
10,5) e Lucas é o único que traz o relato dos dez leprosos.
A lepra (hanseníase)
no tempo de Jesus era tratado como pecado e todos que eram tocados por ela sem exceção
(não importava a classe social vejamos o
livro de II Reis5,14-17) eram excluídos e cumprindo a lei de Levitico 13,45; “Uma pessoa que sofrer de lepra ou outra
grave doença contagiosa da pele deverá vestir roupas rasgadas, deixar os
cabelos sem pentear, cobrir o rosto da boca para baixo e anunciar gritando:
“Impuro, Impuro!”
Os leprosos sofriam as 3 exclusões que eram as seguintes: |
1.
Territorial: sendo obrigado a viver em região chamada de
Vale dos Leprosos 2.
Social:
não podiam mais conviver com seus parentes , vizinhos. Deus estava
castigando por seus pecados 3.
Religiosa:
Só podiam volta ao convívios dos seus parentes e viver na cidade com atestado
dado por um sacerdote mediante a um sacrifício que não era grátis, tinha um preço, acontecendo
uma dupla exclusão. |
Os
10 leprosos desejam voltar ao convívio dos seus entes e indo ao encontro de
Jesus só pedem isso e Jesus sendo Judeu pede que cumpra os preceitos de
Levitico 14 que envolve todo rito de uma semana com sacrifícios de pombas,
cordeiros, além de que o sacerdote devia ir ao encontro do
leproso fora do fora da cidade. Aquele
retorna por ser samaritano não tinha direito a esse atendimento, para atesta a
cura. A única opção que lhe restou e volta e agradecer Jesus pela libertação.
Na
semana passada falamos da fé do tamanho do grão de mostarda e hoje a pratica
dessa fé, pois a ordem de Jesus para apresenta-se ao sacerdote
para atestar a cura, mesmo eles cobertos de lepra, eles não duvidam,
demonstrando claramente como eles são pessoas da fé. Mas o grande o samaritano
que não tem o direito e o dever dos
outros 9 volta a Jesus como sinal de gratidão e reconhece nele o Salvador.
Os
samaritanos tinham serio conflitos com os judeus de Jerusalém, por ser povo mestiço e sua
religião sofria uma espécie de sincretismos . O conflito entre os judeus e aos samaritanos começou, em 721 a.C. (após a
queda do reino do Norte), os colonos assírios invadiram a Samaria e começaram a
misturar-se com a população local. Para os judeus, os habitantes da Samaria
começaram, então, a paganizar-se... Após o regresso do exílio da Babilônia, os
habitantes de Jerusalém recusaram qualquer ajuda dos samaritanos na reconstrução
do Templo e evitaram os contatos com esses hereges, "raça misturada com
pagãos". A construção de um santuário samaritano no monte Garizim consumou
a separação e, na perspectiva judaica, lançou definitivamente os samaritanos
nos caminhos da infidelidade ao Deus templo de Jerusalém. Na época de Jesus, a
relação entre as duas comunidades era marcada por uma grande hostilidade.
Todos nós um dia já nos sentimos leprosos diante do infortúnio da vida, seja o
desemprego, uma doença, um
relacionamento que teve o seu fim e até mesmo a relação da dentro da Igreja que
as vezes preza pela aparência e posição social. Aqueles leprosos tinham a obrigação de manter a distancia dos demais, mas vendo Jesus passar eles vão
de encontro , manifestando assim o desejo de se reintegrar a sociedade. Todos
nós em nossas homilias sempre
ressaltamos a atitude do único que voltou, mas
que volta é um excluído da
pratica religiosa.
Pedimos licença para recorda de um fato. Um
casal com 33 anos de vida em comum, mas por uma
situação da vida não podiam receber o matrimônio sacramental no altar, mas já o vivia na vida,
sendo uma família plena. Eles
frequentavam uma comunidade e o Padre que ali estava a 20 anos confiava neles e lhe atribuía alguns serviços, esse padre foi transferido e novo padre ao chegar, logo foi impondo direito, a lei e hoje esse
casal na mesma situação, não esta mais
no seio da Igreja. Um outro casal ao completar bodas de prata de vida em comum
foi até o seu pároco e pediu uma simples benção em particular para
as alianças dos mesmo. Naquele dia o
Padre do alto do seu conhecimento moral
fez com que aquele casal se afastasse daquela comunidade.
Os dois casais foram excluídos pela lei,
dura e sem sentido, um deles falavam que a relação familiar que eles
construíram não era uma lepra, se por acaso a primeira união não deu certo, a
culpa não foi deles etc. e esperava daqueles jovens padres uma atitude de
acolhida e respeito por toda sua
vivência familiar naquela Comunidade, ambos tem a consciência gritando todo dia pelas escolhas que fizeram.
A
temática do evangelho ce hoje é a gratidão e adesão ao projeto de um Deus de amor.
Todos nós somos marcados pela lepra das nossas falhas, às vezes julgamos e
condenamos os outros por escolhas
diferentes da nossa e costumamos olhar os gays, as prostitutas, dependentes
químicos, os casais de segunda união, os pobres no subemprego, aqueles que não
seguem a ditadura da moda e os analfabetos
como leprosos da modernidade. A
cura para aqueles leprosos não acontece como um passe de mágica, ela vai
acontecendo no caminho e talvez isso que nos falte, caminhar por uma Igreja
sinodal para nos curamos da lepra do
autoritarismo, do clericalismo que se manifesta dentro das nossas Igrejas,
somos todos mergulhados na mesma
água que brota do lado aberto de Jesus e
participamos da mesma mesa que deve ser o prelúdio do Reino sem exclusão. A
maior lepra de hoje esta nos cristãos que são omissos e permitem o uso da comunidade de fé para
promover candidatos de esquerda ou de direita, se calando e se acovardando
perdendo assim a sua unção profética e os cristão que assumem pró-vida, mas
branda em alta voz: “bandido
bom é bandido morto” se prendendo a um discurso moralista e vingativo. Se faz
necessário como
Igreja combater a lepra do ódio da fake
news e essa lepra só será curada quando nos colocarmos a caminho ouvindo, pesquisando se esclarecendo e não se deixando levar por uma única fonte
de informação.
Aqueles leprosos deveria ter
ouvido que Jesus tinha ressuscitado
mortos, curado paralíticos etc. se aproximavam de Jesus com um certeza que
seriam curados, talvez nos falte essa certeza, de quem é Deus e se de fato temos
fé, votando lá no texto de Lucas 17,5-10
do domingo passado. Na tradição sempre exaltamos aquele que voltou para agradecer,
Isso serve para todos nós que nos esquecemos de sermos gratos ao Deus da Vida por
tudo que temos. Precisamos superar o rigorismo da lei fria e crua, precisamos
carregar em nossos corações um pouco mais
de gratidão por tudo somos e temos. Nossas
preces em nossas igrejas não devem se resumir em pedir ou clamar por uma graça,
mas deve passar pela lógica da gratidão pelo novo dia e aqui deixamos o texto de II
Timóteo 2,8 “Esta palavra é digna de confiança: Se
morremos com ele, com ele também viveremos”
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