sábado, 22 de outubro de 2022

Um Olhar no texto de Lucas: 18, 9-14; 30º Domingo do Tempo Comum

 Falta uma semana para de fato fecharmos uma eleição no Brasil que envolve dois extremos. Temos o risco de um rompimento da democracia  com discurso que houve fraude  no primeiro turno que se por acaso resultado da eleição  tiver o resultado diferente do esperado. Cada vez mais observamos  o discurso político realizado por padres e  pastores  falando e um risco e que precisamos abraçar esse  candidato por causa desse ou daquele proposta que esse defende.  A dualidade do evangelho desse domingo nos ajuda ler o Brasil de hoje,  pois aqui temos um se dizendo perfeito e digno e no outro lado um se assumindo pecador diante de Deus. 

Mas vamos lá para liturgia desse  domingo que mostra o Evangelho que aponta a maneira correta  de se apresentar diante de Deus sem convencimento ou prepotência, se assumindo pequeno diante da  grandeza do Altíssimo e liturgia desse domingo é a seguinte: Eclesiástico:  35,15b-17.20-22ª;  Salmo 33 (34) com o Refrão: O Senhor ouviu o clamor do pobre;  II Timóteo  4,6-8.16-18 e o evangelho de Lucas 18,9-14.


Tem-se algo que liturgia desse domingo vem denunciar é a hipocrisia religiosa em nossa realidade, Jesus a caminho de Jerusalém apresenta uma realidade dualista, que tem dois extremos.  Um pecador público e um religioso fiel, sem mencionar que aqui temos uma interpretação de um Deus (para muitos protestantes e católicos fundamentalista) longe da proposta de Jesus de Nazaré, um  ser legalista,  rígido, moralista, intolerante e ainda uma projeção da natureza rigorista humana, se perdendo em pequenos detalhes sem sentido no projeto da salvação, sendo um instrumento para controle e nada de livre arbítrio.  O evangelho apresenta os Católicos mais católicos que o Papa, mais santos que próprio Deus e sendo assim pessoas que uma visão que só olha  para defeitos do próximo

Outro dia escrevemos que a bíblia  não é um livro que deve ser  tomado como uma receita, pois em toda bíblia temos pessoas que   fazem escolhas  complicadas logo no inicio com Adão e Eva, com  Abraão com tentativa de ajudar Deus[1], Jacó que rouba a benção de Esaú[2], passando pelo caso dos filhos de Jacó que vendeu o irmão José, por Moisés que alega ter tirado água em Meriba[3],  sem deixar de fora Davi que cometeu adultério e por ai vai, por isso não podemos tomar a bíblia romance, uma fonte cientifica e devido as influencias culturais  sabemos claramente  que toda leitura bíblica deve tomada pelo tripé:  pré-texto, contexto e texto  é esse exercício que fazemos a   escrever nossos textos.

Jesus  respondeu a comunidade nos domingos anteriores sobre o tamanho da fé, sobre a importância da oração, quando contou a parábola do Juiz injusto [4] e apresenta um modelo de oração que Deus  não escuta,  Deus não  aceita chantagens  por praticas de ritos religiosos por puro rito,  sem compromisso nenhum com a vida, pois muitas das vezes a pratica religiosa vazia, nos afasta  de  Deus.

Podem usar a Bíblia King, Mitra e todo e todos os paramentos religiosos com  rigorismos  da eclesial que beira o farisaísmo  só existe um caminho para tais pessoas o caminho  que não é de Deus, pois já se acham melhores que o próprio Deus.   Toda nossa oração é um reflexo daquilo que de fato vivemos. Usando as palavras de Santo Agostinho que dizia: Quem sabe bem rezar, sabe também viver bem”.  Talvez nos falte essa oração comprometida e ainda citando  Madre Tereza de Calcutá que afirmava “Para mim, orar é estar ao longo de 24 horas unida à vontade de Jesus, viver para Ele, por Ele e com Ele” e  diante desse texto o São Felipe de Nery vem completa essa nossa reflexão: “O melhor remédio contra a aridez espiritual consiste em colocarmo-nos como pedintes na presença de Deus e dos santos, e andar, como um pedinte, de um canto para o outro, rogando uma esmola espiritual com a mesma impertinência com que um pobre pede esmola”.

Neste Domingo ainda podemos olhar para os dois personagens que não tem nome e fazer um exame de consciência  como nós rezamos em nossos templos aqui temos a prepotência do fariseu que faz uma leitura de Deus de acordo com sua imperfeita perfeição que se acha já em plena comunhão e do publicano que se coloca a parte lá atrás, de cabeça baixa reconhecendo sua humanidade sua falha.  Em nossas comunidade é comum aportamos os defeitos e  falhas do outros,  colocamos em nossas reuniões e grupos.    O evangelho nos convida a descer a nosso eu verdadeiro e examinar se de fato somos uma casca  de ritos externos ou  todo que se reconhece imperfeito e falho em nossos pecados.

Olhando para  catequese do Papa Francisco de 10 de Abril de 2019  falando orgulho  que se encaixa bem nessa reflexão: "As pessoas que se acham perfeitas, as que criticam os outros, são gente orgulhosa” e quando se refere ao pecado papa ressalta:  "há pecados que nós vemos e pecados que não são vistos. Há enormes pecados que fazem muito ruído, mas há pecados sutis que se aninham no coração”.

Em todo evangelho não temos uma palavra dura de Jesus para com os pecadores arrependidos, para com aqueles que estavam à margem da realidade, bem ao contrario das nossas praticas que logo puxamos do bolso a bíblia, o direito canônico etc. para justificar as motivações para prática a exclusão e ainda citando Francisco que diz que "diante de Deus somos todos pecadores." Mas acima de tudo, "somos devedores, porque, nesta vida, recebemos muito: a existência, um pai e uma mãe, amizades, as maravilhas da criação... Mesmo que todos nós passemos por dias difíceis, devemos sempre lembrar que a vida é uma graça".

Precisamos superar as exclusões de todos os tipos e precisamos remover alguns rótulos de santos e a exemplo de Jesus assumir plenamente a nossa condição humana. Aqui vem a tona aquele Padre do texto de 09 de outubro[5] passada que negou a benção e até excluiu um casal da comunidade por não esta nos parâmetros do direito da Igreja.  O Fariseu com todos os direitos garantidos na participação do culto e o Publicano que era automaticamente excluído por esta a serviço do poder dominante sem nome que podemos colocar nosso nome examinar como esta nossa espiritualidade e examinar se temos uma oração que nos ajuda a mudar nossas atitudes e aqui devemos olhar para nossos cultos emocionais, até mesmo com culto direcionados a promoção de políticos.

Esse evangelho nos apresenta o projeto de Deus, que é para os excluídos e aqui Jesus faz a pergunta crucial.  Qual dos dois saíram justificados em sua oração? As nossas orações são de fato produtos de nossa prática de fé ou mero rito para sermos vistos como santos?

E terminamos o texto com  fala de  São João Crisóstomo “Nada provoca mais dano do que a hipocrisia. O mal oculto sob a aparência do bem é muito mais eficiente”





[1]  Genesis: 16,1-4

[2]  Genesis 27, 1-30

[3]  Numeros  20,6-13

[4] Lucas 18,1-8 



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