Dom Orani João Tempesta
presidiu a missa neste domingo as 10 horas na Catedral Metropolitana
de São Sebastião do Rio de Janeiro em intenção a Rio +20
e a Cúpula dos Povos. A liturgia foi do 10º domingo do tempo
Comum e contou a presença de vários bispos das Diocese vizinhas, com o
representante da Santa Sé Junto a ONU e o secretário Geral da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner (Vídeo abaixo) que fez uma
observação para situação do mundo frente a poluição e a economia
verde
Já que a RIO+20 é o marco
dos 20 anos da ECO 92 acontecida aqui no Rio de Janeiro devemos
tomar todas as medidas cabíveis, para que daqui a 20 anos, não
celebremos a RIO -40, pela a omissão das grandes potências diante
dos alertas emitidos pela natureza. Não basta conferências ou reuniões se não
fazermos da ecologia algo essencial de Verdade em
nossa sociedade, no mundo inteiro e a Igreja como Mãe e Mestra
nos orienta sobre essas reais necessidades. A defesa da Vida é um
dever de todos, independente da pertença ou não a uma
instituição religiosa. Preserva a vida na amplitude da
Palavra, não é somente lutar por esta ou aquela criatura, precisamos
respeitar e promove-la em todos os sentidos, colaborando para que a
sociedade Humana supere o abismo social construído a século por esse
sistema social que temos .
E abaixo publicamos a nota oficial da
CNBB sobre a Rio+20
Daniel Nonato
·
“O
Senhor Deus tomou o Homem e o
colocou no jardim de Éden, para o cultivar e
guardar” (Gn 2,15)”
Foto Oficial dos Bispos que participaram da Missa |
A Conferência das Nações Unidas Rio
+20, sobre o desenvolvimento sustentável, acolhida pelo Brasil neste mês de
junho, carrega consigo a irrenunciável responsabilidade de responder aos anseios
e expectativas mundiais em relação à defesa e promoção de toda forma de vida,
especialmente a humana, desde sua concepção até seu término natural. A crise
econômica, financeira e social por que passam as grandes potências da economia
mundial, com graves consequências para as nações emergentes, emoldura a Rio
+20. Considerada, por causa de sua profundidade e alcance, como uma crise de
civilização, esta crise “interpela todos, pessoas e povos, a um profundo
discernimento dos princípios e dos valores culturais e morais que estão na base
da convivência social”. Entre suas múltiplas causas está “um liberalismo
econômico sem regras e incontrolado” (Nota do Pontifício Conselho Justiça e Paz
sobre o sistema financeiro). É urgente repensar nossa relação com a natureza,
que “nos precede, tendo-nos sido dada por Deus como ambiente de vida” e está à
nossa disposição “não como um lixo espalhado ao acaso, mas como um dom do
Criador” (Bento XVI – Caritas in Veritate, n. 48). Se, por um lado, como nos
recorda o papa Bento XVI, é “lícito ao homem exercer um governo responsável
sobre a natureza para guardá-la, fazê-la frutificar e cultivá-la, inclusive com
formas novas e tecnologias avançadas, para que possa acolher e alimentar
condignamente a população que a habita”, por outro, é preciso que “a comunidade
internacional e os diversos governos saibam contrastar, de maneira eficaz, as
modalidades de utilização do ambiente que sejam danosas para o mesmo” (Bento
XVI – Caritas in Veritate, n. 50). Os bispos da América Latina e Caribe,
reunidos em Aparecida em 2007, já denunciavam: “com muita frequência se
subordina a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico, com danos à
biodiversidade, com o esgotamento das reservas de água e de outros recursos
naturais, com a contaminação do ar e a mudança climática” (V Conferência Geral
do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 66).
Conferência de Imprensa após a missa |
O cuidado com a natureza e com a
vida, que nela brota e dela depende, passa pelo reconhecimento de que é dever
de todos, especialmente dos dirigentes das nações, garantir a estas e às
futuras gerações a casa comum – o Planeta Terra – livre de toda destruição.
Essa meta só se alcançará com a subordinação do desenvolvimento econômico à
justiça social, no respeito à pessoa, à natureza e aos povos. Para tanto, é
necessário que todos, especialmente os dirigentes mundiais, assumam com coragem
e determinação, o compromisso de rever caminhos e decisões que, ao longo da
história, só têm excluído e condenado os pobres à miséria e à morte. Para a
erradicação da fome e da miséria, "não se trata de diminuir o número dos
convidados para o banquete da vida, mas de aumentar a comida na mesa”, como já
nos alertou o Papa Paulo VI (cf. Homilia de João Paulo II em Puebla, 1979). A
Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade civil e realizada concomitantemente
à Rio +20, tem a importante tarefa de reafirmar a responsabilidade dos
dirigentes das nações pelas graves consequências de uma opção equivocada, ao
subjugar o desenvolvimento econômico ao domínio do mercado e do lucro,
desconsiderando tanto a natureza quanto a vida e a cultura dos povos.
A Igreja no Brasil, especialmente
através da Campanha da Fraternidade, tem chamado constantemente a atenção para
a destruição da natureza provocada por um desenvolvimento econômico predatório,
alimentado por um sistema produtivo e um estilo de vida consumista, muitas
vezes, também predatórios. As consequências são, dentre outras, o desmatamento,
a contaminação e escassez da água e as mudanças climáticas. Os que mais sofrem
os impactos de tudo isso são os pobres e excluídos. É imperioso que nos
eduquemos para relações novas e éticas com o meio ambiente. Esta é uma meta
imprescindível da Rio +20, que não deve desviar-se de sua real e concreta
finalidade.
A Rio +20 indica uma resposta a essas
questões com a chamada Economia verde. Se esta, em alguma medida, significa a
privatização e a mercantilização dos bens naturais, como a água, os solos, o
ar, as energias e a biodiversidade, então ela é eticamente inaceitável. Não
podemos nos contentar com uma roupagem nova para proteger o insaciável mercado,
que só tem olhos para o lucro, configurando-se como “lobo em pele de cordeiro”
ao manter inalteradas as causas estruturais da crise ambiental. A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB espera que, da Rio +20, brote o
compromisso de construção de um “modelo de desenvolvimento alternativo,
integral e solidário, baseado em uma ética que inclua a responsabilidade por
uma autêntica ecologia natural e humana, que se fundamenta no evangelho da
justiça, da solidariedade e do destino universal dos bens e que supere a lógica
utilitarista e individualista, que não submete os poderes econômicos e
tecnológicos a critérios éticos” (V Conferência Geral do Episcopado
Latino-americano e do Caribe – Documento de Aparecida n. 474c). Esse
compromisso deve ser assumido por todos. Os cristãos, de modo especial, movidos
pela solidariedade, que gera fraternidade e comunhão, são convocados a
trabalhar pela preservação do meio ambiente e a colaborar na construção de uma
sociedade justa, ecologicamente sustentável.
Que Deus, o Criador de todas as
coisas, se digne abençoar seus filhos e filhas nesta nobre missão de “cultivar
e guardar” a terra, lugar de vida para todos (cf. Gn 2,15).
Brasília, 19 de
junho de 2012
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário
da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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