sábado, 11 de fevereiro de 2023

Um Olhar no texto de Mateus 5,17-37.- 6º domingo do tempo comum

 


Na próxima semana já é o Carnaval e todos se preparam para curti um retiro, para sair na avenida e por ai vai, o Brasil ainda respira as estórias de Marco do Val, da prisão do tal Daniel ex-deputado e discussão se o Banco Central é independente etc, sem esquece que ainda temos  133 milhões de brasileiros que vivem a insegurança alimentar e a ainda  uma manobra política para não ter uma CPI dos atos do dia 8 de janeiro e ainda nos preocupa o sigilo  imposto para as imagens do dia 8 de janeiro. Contudo, se justificam das piores maneiras  esse pedido, falando que tal exposição pode comprometer a segurança dos prédios etc.  Esse mesmo discurso, foi feito pelo  presidente da república anterior para os seus sigilos  que tanto criticamos, são apenas detalhes nesse inicio de governo, sem esquecer os discursos negacionista que muitos ainda postam contra as vacinas.

A  presente ilustração acima é apenas um pano da realidade para entrarmos na liturgia desse domingo que é a seguinte: Eclesiástico  15,16-21;  Salmo 118(119),  com refrão . Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo;  I Coríntios  2,6-10  e o evangelho de Mateus  5,17-37.

Jesus ao subir a montanha nos apresentou as bem aventuranças e na semana passada nosso papel na realidade  e hoje ele apresenta o verdadeiro sentido da nossa pratica de fé, não podemos reduzir nossa vida a fila de comunhão, a culto de adoração ou apenas a leitura da Palavra, a nossa vivência no espaço eclesial deve ecoar nas diversas realidades que temos, ser cristão não é ser cumpridor de ritos, ser cristão é uma escolha livre, é uma adesão ao projeto de amor trazido por Jesus.  Não somos santos por  participar no altar da Eucaristia,  pois  Jesus se deu e se dá aos pecadores, esse é o projeto  de Deus, uma salvação plena da pessoa humana. 

Jesus traz para o seu contexto uma radicalidade que ultrapassa a ideiada letra morta, do rito externo e de forma direta Ele crítica a hipocrisia religiosa  revelando que o sagrado é maior que  a medíocre religiosidade de muitos que fazem as adaptações no rito  Que mesmo tenha recebido un litro de óleo na cabeça ou na mão  o não cumprimento dos mandamento a pessoa esta condenada ao inferno   Diante de Padres, Bispos  que fazem do seu ministério una atividade profissional,   que foge  da justiça, que se prevalece da pseudo autoridade, ferindo a justiça  a mensagem do evangelho de hoje os reduz sua consagração a religiosos vazios do sagrado, não são melhores aqueles comerciantes que somente visam o lucro e o retorno, fazendo financeiro fazendo verdadeiras concessões para manter a clientela

Todos rezamos o Pai nosso e pedimos que Deus nos livre o do mau, mas esquecemos o quanto mal somos em nossas praticas  na sociedade, quando alguém nos pede comida, algumas vezes logo os taxamos de vagabundo, de desocupado e não  olhamos e não combatemos  as causas dessa situação, durante 4 anos um grupo se fez de cego para todas as mazelas do Brasil, conseguiram ignorar a morte de mais de 750.000 pessoas  e minimizaram tal fato com as justificativas absurdas,  ate mesmo usando a bíblia  e com isso  deixando de cumprir o não mataras, sem mencionar a política armamentista para poder ter a justa ou igual reação diante do conflito. Jesus não foi um pacifista ideológico, Ele viveu essa realidade, não matar é a lei mas não continuar  o ciclo de violência  é uma atitude coerente para aquele que diz que segue Jesus. 

O adultério que tanto se fala, vivido por muitos e aqui neste contexto de uma sociedade patriarcal onde  hoje, tentam sempre incriminar, culpa as mulheres e usam até  a religião, pastores e padres que diante do parceiro violento das mulheres de suas Igrejas  são culpados por muitos casos de violências domesticas, a grande mídia ainda aponta a mulher como um objeto,  mesmo todos os avanços, ainda encontramos pessoas que tentam justificar os estupros e violência que uma mulher sofre, não reagir a violência não nos dar direito ao pecado de omissão diante do crime que sabemos que esta ocorrendo, sempre apontando as mulheres como culpadas por crimes de cunho sexual, isso que Jesus denúncia. Se a favor da família  não nos permite a covardia e omissão ou nos torna cego e surdo quando uma mulher pede socorro.  A lei de Moisés era dura, permitia o homem dar uma carta de divorcio a uma mulher e usavam a lei religiosa para justificar tal fato. Aqui que entra a lógica da justiça de superar a hipocrisia religiosa.  

Conhecemos pessoas que não deixam de confessar para os padres seus pecados toda semana, ainda aqueles que se pudessem confessava todos os dias, sabe acreditamos sim no sacramento da confissão mas questionamos o seu valor quando mantemos estrutura injusta, o perdão dos pecados envolve  reparar o mal feito, aquele políticos que estiveram envolvidos e corrupção grandes e pequenas deve reconhecer e  reparar o mal feito, acreditamos seriamente que não tem confissão que de fato lhe perdoe o pecado, a formula sacramental não é uma desculpa para errarmos e confessar e isso que Jesus nos ordena precisamos  reparar o mal feito, antes de prestar culto ao Senhor. Aqui vale a pena recorda das ofertas e doações que muitos políticos apresentam nas comunidades de fé para serem reconhecidos e  os  lideres religiosos  o trazem na frente fazem questão de dizer  nome dos mesmos, esses  precisam fazer uma  reflexão e uma confissão publica dos seus pecados diante de toda comunidades, pois muitos desses frutos doados não vem do seu salário,  pois aqui entra a máxima  de Mateus 6,2    

O evangelho de hoje é a parte mais dura para aquele que tomam o texto ao pé da letra.  A questão de arrancar o olho, amputar a mão.  Aqui vale pena recorda um fato quando um jovem afirmando que só fazia aquilo que a bíblia mandava mas o chamamos de mentiroso, pois se fizesse de verdade  estaria sem olho e sem mão, aqui é um aceno  para os religiosos que visam o apenas o fundamentalismo,  radical e extremista, o evangelho de Jesus não tem espaço para o meio termo, o como dizia  Bento XVI, a relatividade é um mal para o século. A Igreja não é uma escrava do modismo, de uma ideologia os tão pouco de um visão partidária, a Igreja é uma Mãe e uma Mãe que defende a vida     
Em resumo Jesus no inicio do capitulo 5 fala das alegrias, dos benditos, depois ele fala como age alguém que é bendito e aqui ele traz um desafio de romper com a religião vazia, sem compromisso com a justiça e com amor, a comunidade de Mateus tem sua origem no modelo judaica e por isso que autor sagrado toma como pano de fundo  o pleno cumprimento da lei,  Jesus não foi e não é um reformador  ou tão pouco um fundador de um grupinho. Ele motiva e  dar condições para que a comunidade caminhe  dentro de um projeto, ser cristão é mais que ser frequentador de Igreja, ter  essa ou aquela consagração, ser cristão envolve uma profunda intimidade com o Deus de amor, que supera as barreiras do preconceitos, dos aproveitadores da fé  alheia e o principal esta disposta  construir  novas relações.
 Para encerra deixamos uma fala do Papa Bento XVI

 

Ø  Estimados irmãos e irmãs!

Na Liturgia da Palavra deste domingo sobressai o tema da Lei de Deus, do seu mandamento: um elemento essencial da religião judaica e também da cristã, onde encontra o seu pleno cumprimento no amor (cf. Rm[1] 13, 10). A Lei de Deus é a sua Palavra que orienta o homem pelo caminho da vida, que o leva a sair da escravidão do egoísmo e o introduz na «terra» da verdadeira liberdade e da vida. Por isso, na Bíblia a Lei não é vista como um peso, um limite opressor, mas como o dom mais precioso do Senhor, o testemunho do seu amor paterno, da sua vontade de estar próximo do seu povo, de ser o seu Aliado e escrever com ele uma história de amor. Assim reza o israelita piedoso: «Hei-de deleitar-me nas vossas leis; / jamais esquecerei a vossa palavra. (...) Conduzi-me pelas sendas das vossas leis, porque nelas estão as minhas delícias» (Sl 119, 16.35). No Antigo Testamento, aquele que transmite ao povo a Lei em nome de Deus é Moisés. Depois do longo caminho no deserto, no limitar da terra prometida, ele exclama assim: «E agora, Israel, ouve as leis e os preceitos que hoje vos ensinarei. Ponde-os em prática para viverdes e tomardes posse da terra que o Senhor, Deus dos vossos pais, vos dará» (Dt 4, 1).

Eis o problema: quando o povo se estabelece na terra e é depositário da Lei, sente-se tentado a depositar a sua segurança e a sua alegria em algo que já não é a Palavra do Senhor: nos bens, no poder e noutras «divindades» que na realidade são vãs, são ídolos. Sem dúvida, a Lei de Deus permanece, mas já não é a realidade mais importante, a regra da vida; ao contrário, torna-se um revestimento, uma cobertura, enquanto a vida segue outros percursos, outras regras, interesses muitas vezes egoístas, individuais e de grupo. E assim a religião perde o seu sentido autêntico, que consiste em viver na escuta de Deus para cumprir a sua vontade — que é a verdade do nosso ser — e assim viver bem, na verdadeira liberdade, e reduz-se à prática de costumes secundários, que satisfazem sobretudo a necessidade humana de descarregar a consciência em relação a Deus. E este é um grave risco de cada religião, que Jesus observou na sua época, mas que se pode verificar, infelizmente, também na cristandade. Por isso, as palavras de Jesus no Evangelho de hoje contra os escribas e os fariseus devem fazer pensar também em nós. Jesus faz suas as palavras do profeta Isaías: «Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, pois, prestam-me culto, ensinando doutrinas e preceitos humanos» (Mc 7, 6-7; cf. Is 29, 13). E, depois, conclui: «Deixando de lado o mandamento de Deus, apegais-vos à tradição dos homens» (Mc 7, 8).

Também o apóstolo Tiago, na sua Carta, alerta para o perigo de uma religiosidade falsa. Ele escreve aos cristãos: «Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos» (Tg 1, 22). A Virgem Maria, à qual agora nos dirigimos em oração, nos ajude a ouvir a Palavra de Deus com um coração aberto e sincero, para que oriente todos os dias os nossos pensamentos, escolhas e obras.


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