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Dom Adriano com As Irmãos Clarissas |
Aos
30 minutos do dia 23 de setembro, a Rádio jornal do Brasil recebeu telefonema
de pessoa que mandou tomar nota de uma mensagem com rapidez, pois ia desligar
em seguida :
- “Bispo Dom Hipólito Mandarino acaba de ser sequestrado, castigado e abandonado num subúrbio da zona norte o carro dele foi mandado como aviso para a CNBB. O jornalista Roberto Marinho também acabou de receber advertência tudo da aliança anticomunista brasileira.”1
Duas
pequenas retificações: o carro que explodiu era de Fernando, sobrinho de dom Adriano,
que dirigia o carro quando os dois foram sequestrados. A bomba jogada no Cosme
Velho “não (o foi) exatamente na casa de
Roberto Marinho, mas sobre o telhado da casa onde dormem empregados da família.
A explosão destruiu telhas e vidraças, e alguns estilhaços feriram o copeiro Antônio
de Queiroz,22 anos,e Darci Alves Farias, que dormiam no 2.º andar. Antônio
precisou ser medicado no hospital Miguel
Couto, mas foi liberado em seguida.”3
Um
garoto viu bem quando o Volkswagen parou em frente à porta do prédio da
CNBB,
no largo da Gloria, e dele saíram dois homens. Eles jogaram um pacote sob o
carro, afastaram-se correndo e ainda deixaram um envelope sobre um monte de
terra, antes de desaparecerem em meio à confusão que se formou após a explosão.
Eram 23h30m, e foi o garoto quem levou os policiais até o local onde estava o
envelope. O carro era o mesmo Volkswagen vermelho, placas EB 7591, de Nova
Iguaçu, pertencente a Fernando Leal Webering, sobrinho de dom Adriano Mandarino
Hipólito.
No
envelope, uma mensagem assinada pela Aliança Anticomunista Brasileira - AAB,
anunciando que outras autoridades eclesiásticas, consideradas comunistas, serão
alvo de atentados semelhantes. A leitura da mensagem, não liberada à imprensa,
mudou completamente o comportamento dos policiais em relação aos jornalistas.
Os fotógrafos foram impedidos de continuar tirando fotos do automóvel destruído
e alguns perderam filmes já operados.
Entre
as ferragens retorcidas pelo fogo, os policiais encontraram uma camiseta branca
e uma calça preta – pertencentes ao bispo -, além de documentos e cerca de
500cruzeiro em cédulas chamuscada4 .
Quanto
ao seqüestro, o próprio dom Adriano, em entrevista coletiva desse mesmo mês, distribuiu o relato por ele
redigido:
Na
quarta-feira , dia 22 de setembro, pelas 19 horas, saí do meu gabinete na cúria
diocesana. Tinha acabado o expediente normal meia hora mais tarde. O último
atendido então foi nosso operário Fidelis que foi assaltado no domingo anterior
e vinha pedir um adiantamento em dinheiro.
Desci
à galeria, mas fiquei conversando ainda uns dez minutos com Pe. Henrique e Pe. David,
da catedral. No meu Volkswagen sedan já estavam sentados meu sobrinho Fernando
Leal Webering, ao volante, e, no banco traseiro, sua noiva Maria Del Pilar
Iglesias.
Pelas
19h45min, despedi-me, entrei no Volks ao lado de Fernando e saímos. Tomamos o
caminho de todos os dias. Sem notar nada de extraordinário. Íamos para casa, no
Parque flora. Pilar, que aproveita todas as tardinhas a carona, ficaria no
caminho, na rua Paraguaçu.
Ao
entrarmos na rodovia Presidente Dutra (direção de São Paulo), um pouco
depois
do Km 15, como um caminhão passasse em alta velocidade, tivemos de nos manter
no
acostamento. Aí estava parado um Volkswagen vermelho, que atrapalhou um pouco a
nossa entrada na Dutra. Passamos
do acostamento para a rodovia e parece que o VW vermelho seguiu atrás de nós. Passamos
sob o viaduto que liga a rua Roberto Silveira com a estrada de Ambaí e o bairro
da posse, mas, como fazemos nos últimos meses para evitar um cruzamento
perigoso e muito movimentado da praça da Posse, seguimos até o posto de
gasolina e dobramos à direita, pela rua Minas Gerais. Continuamos por essa normalmente.
No ponto onde a rua Minas Gerais corta a rua Gama, na esquina à esquerda,
estava parado um carro de faróis acesos que procurou avançar com rapidez na
nossa frente. Fernando avançou mais rápido, pelo que o repreendi. Dobramos,
como sempre, à direita, pela rua Gama, daí entrando pela esquerda na rua D.
Benedita. Dois carros nos seguiam. Fernando observou: “Parecem malucos, ou
estão brigando”. Eu acrescentei: “Apresse mais para a gente não se envolver na
briga”. Ele acelerou e assim entramos à esquerda, na rua Moçambique. Nesse
momento, um VW vermelho nos fechou. Paramos um instante e olhamos indignados.
Logo recomeçamos a viagem, sem ainda perceber a situação real. Eu estava certo
de que era mesmo uma briga dos dois carros. Galgamos a rua Moçambique, que é
ladeirosa e curta, e no topo dobramos à direita para a rua Paraguaçu, que é
onde mora Pilar, no fim, na penúltima casa antes de entrar na estrada de Ambaí.
Eu disse a Fernando que se aproximasse mais do meio-fio para Pilar poder saltar
sem perigo e os Briguentos poderem passar sem nos incomodar. Uns cinco metros
antes do portão de Pilar, o VW vermelho nos cortou pela frente e um outro carro
pelo lado. Saltam cinco ou seis homens armados de pistolas, ameaçadores, e se
aproximam do nosso carro. Do meu lado grita: “É um assalto. Saia logos senão eu
atiro”. Hesitei um pouco, tentando saber de que se tratava. Com palavrões,
abriu a porta do meu lado e me puxaram.tropecei e caí, perguntando ainda: “Meu
irmão, o que foi que eu lhe fiz?” Com
brutalidade, dois elementos me arrastaram e me atiraram no banco traseiro do
carro deles, com pancadas na cabeça e no corpo para eu me acachapar. Ainda vi
por dos ou três segundos a cara do que ia no volante, chamando-me atenção os
óculos quebrados sem aro. O outro elemento, da cara redonda e rude, tinha as
faces marcadas por cicatrizes de espinhas infeccionadas. Julgo ter visto ainda
Pilar imóvel na frente do portão da casa dela e algumas pessoas, imóveis
também, nas portas da padaria que fica logo depois da casa de Pilar, na esquina
da rua Paraguaçu com a estrada de Ambaí.
Logo o elemento que estava ao lado do motorista se virou com pancadas
para mim e me encapuzou. O capuz era de fazenda grossa, parecendo lona.
Senti-me asfixiar. Amarrou o capuz, mas ainda pude ver as algemas: eram pretas,
talvez de ferrugem. Ainda me algemando, deram o arranque com toda violência,
sempre me batendo na cabeça e no corpo para eu me abaixar. Logo me algemou,
primeiro no pulso do braço direito e depois na mão esquerda. Senti que viraram
pela estrada de Ambaí, na direção de Nova Iguaçu. Sempre me batia, soltando
palavrões. A cena na porta da casa de Pilar deve ter durado uns oito a dez
minutos e foi muito violenta.
Depois
de uns poucos minutos de encapuzado, com as voltas do carro sempre em disparada
louca, perdi totalmente a noção de espaço. Não consegui um só instante
identificar os lugares por onde passávamos. Andamos por estrada asfaltada e por
estrada de barro. Sempre em alta velocidade. Parecia uma viagem de loucos. Logo
no começo, ouvi o elemento da direita dizer para o motorista: “Este serviço vai
render quatro milhões”.
Daí
a pouco, começou a me apalpar, à procura talvez de arma ou de carteira. Como
não encontrasse nem uma nem outra, começou a cortar os botões de minha batina,
um por um. E quando descobriu os bolsos, esvaziou-os: num eu tinha lenços, os
óculos de leitura e um terço. No outro, a agenda de bolso, com meus documentos
e algum dinheiro e ainda lenços. Tirou tudo o que encontrou.
Depois
de corrermos como loucos uns trinta ou quarenta minutos, paramos (antes tinha
feito duas ou três paradas). Saíram do carro e daí apouco mandaram que eu
saísse também: “Saia”... (com palavrões). Saí puxado. A primeira coisa que
fizeram foi tirar toda a roupa, deixando-me inteiramente nu. Aí então tenteou
enfiar-me na boca o gargalo de uma garrafa de cachaça. Senti nos lábios o gosto
e resisti. Não insistiram, mas um derramou a cachaça no capuz. Senti-me
asfixiar e caí no chão estrebuchando. Pensei que ia perder completamente os
sentidos, mas aos poucos me recuperei.
Eu
estava deitado, no lado esquerdo, num chão irregular de pedra e gravetos. A uma
distância de 50-100 metros ouvia-se passar algum carro, devíamos estar assim
perto de uma estrada.
Começaram
os insultos e provocações. Havia um que rugia como fera. Outro me disse:
“Chegou tua hora, miserável, traidor vermelho. Nós somos da Ação (não me
recordo se disseram Ação, Aliança ou Comando) Anticomunista Brasileira e vamos
tirar vingança. Você é um comunista traidor. Chegou a hora de vingança para
você, depois é a hora do bispo Calheiros de Volta Redonda, e de outros
traidores. Temos a lista dos traidores”. Depois acrescentaram: “Diga que é
comunista, miserável !” “Não sou nem serei comunista. O que eu fiz foi sempre
defender o povo.”
A
certa altura ouvi, numa distancia que calculo de 20 metros aproximadamente, a
voz de Fernando que gritava: “Não façam isso comigo, eu não fiz nada” (...)
Tive a impressão de que estavam batendo nele. Resolvi então falar: “Deixem o
rapaz, ele não tem culpa de nada. O que foi que ele fez ?” Repeti ainda outra
vez estas ou palavras semelhantes. Alguém retrucou “que na (...) quem ajuda
comunista é comunista (...)”
Começaram
a lançar spray no meu corpo. Eu sentia o borrifar e o frio do spray. Tinha um
cheiro acre. Pensei que iam me queimar.
Escutei
alguém dizer: “É pra cortar”. Depois me disseram duas vezes: “O chefe deu ordem pra não matar,você não vai morrer não.
É só pra aprender a deixar de ser
comunista”. Houve um silêncio mais prolongado e então me deram ordem de entrar
novamente no carro. A cena tinha durado entre 30 a 40 minutos.
Empurraram-me,
todo nu, para dentro do carro, novamente no banco traseiro. Sempre encapuzado e
algemado. Fizeram-me acachapar ao máximo no banco sempre à custa de pancadas,
depois, colocaram por cima de mim umas tiras do que acho que tinha sido minha
batina.
O
carro arrancou. Quem falava agora no volante era um elemento de voz fanhosa. O
outro indivíduo, ao lado falava enrolado, dava berros selvagens, como que para
amedrontar. Recomeçou uma corrida selvagem, como anteriormente. O elemento da
direita começou a abrir as algemas, o que conseguiu com muita dificuldade.
Depois me amarrou fortemente com cordas, primeiro as mãos. Com a ponta da mesma
corda desceu até os meus pés e amarrou fortemente também os tornozelos.
Senti
que andáramos correndo por estrada asfaltada ou de paralelepípedos ou de barro.
Às vezes, estávamos mais perto de lugar mais habitado, pois eu ouvia vozes de
crianças ou latidos.paramos duas vezes. Em certo momento, julguei que estávamos
perto de minha casa, pois os latidos dos cachorros pareciam conhecidos. Sempre
em corrida louca. Não falavam. Apenas o elemento da direta acomodava de vez em
quando os trapos da batina sobre mim, parece que para eu não ser visto. Devemos
ter andado uma meia hora. Paramos,
então.
O
elemento da direita saiu do carro e me deu ordem de sair. O motorista ficou no
carro, que estava ligado. Puxou-me para fora com violência. Só podia sair arrastado,
porque a corda me tolhia o movimento. Devia ficar de cócoras, assentei-me no
estribo. Aí o sujeito me deu uma pancada no pescoço, dizendo: “Baixa a cabeça
(...)” Nesse momento, passa na rua um carro pesado. Com um safanão violento me
atirou na calçada. Caí deitado. Quando me voltei, o carro tinha arrancado com
violência. Notei que era vermelho. Foi só antes dessa pancada no pescoço que me
retiraram o capuz.
Nu e
atado fiquei na calçada. Era uma rua ajeitada, com pouca luz, lembrando alguns
bairros de Nova Iguaçu. Na casa defronte, uma luz fraca saía da janela. Tentei
desamarrar a corda, mas os nós estavam muito apertados. Passa um carro da
esquerda para a direita, bem perto de mim. Faço um gesto com as mãos amarradas.
Vêem, mas não param. Do outro lado, vejo andando três mulheres. Preferi não
fazer sinal nenhum. Passa um segundo carro da esquerda para a direita também,
não me vê. Nisso se aproxima, do lado da rua em que me encontro, um rapaz.
Chega-se perto de mim e eu peço: “O Sr. Pode me desamarrar? Eu sou padre e fui
assaltado”. Começa a me ajudar. Nisto chega, vindo da direita, um carro que
pára e pergunta: “o que é que aconteceu?” Digo o que foi. Um senhor salta, vem
me ajudar a cortar as cordas e pergunta o que eu preciso. Respondo: “Uma
calça”. Ele promete ir buscar, mora perto. Eram cerca de 21h 45min.
Juntaram-se
alguns homens que me perguntaram o que aconteceu. Tento explicar. Não entendem
os nomes das ruas e dos bairros. Pergunto então: “Em que bairro de Nova Iguaçu
a gente está?” Acham certa graça e respondem: “O senhor está em Jacarepaguá”.
Perguntam ainda se estou ferido. Aí descubro que o spray me deixou todo
vermelho.
Daí
a pouco, o senhor voltou, trazendo- me uma calça e um blusão. Convida-me em
seguida a ir ver o padre da paróquia. Diz que é perto. Despeço-me das pessoas
que me ajudaram e mostraram interesse por mim, entro no carro e seguimos. Aí o
motorista se revela como reporte fotográfico da Manchete, Sr. Adir Mera.
Revelo-me como bispo de Nova Iguaçu. E acrescento em tom de brincadeira: “O
senhor aproveite o furo”. Ele responde que agiu por solidariedade, que neste
caso não é reporte, que é espírita, mas que todos devemos fazer o bem etc.
Chegamos
a casa paroquial na praça seca. O vigário demora a atender. Neste momento,
passa uma Rural. Adir descobre na Rural um amigo major do Exército, a quem
comunica o ocorrido. Acham necessário irmos à delegacia de Madureira para
declarações à polícia. Aparece Pe. Pedro, vigário da paróquia, que me conhece
de nome e estranha minha situação.
Na Rural,
que estava fazendo propaganda eleitoral, entro com o Sr. Adir e o major Kunner.
Vamos a 29.ª delegacia. O delegado Ronald me ouve, acha de início que se trata
não de assalto, mas de crime político e afinal declara que a jurisdição, no
caso, compete a Nova Iguaçu. Seriam 22h30min. Foram chegando alguns padres de
Nova Iguaçu, acompanhados de vários leigos, amigos meus. Faço algum relato. Vêm
repórteres. Vem um funcionário do DOPS, declarando que meu caso está sob a
alçada do DOPS. Era mais de meia- noite, quando saímos ruma ao DOPS, dois
funcionários dessa instituição de segurança, o Sr. Adir, Pe. David Keegan, da
catedral, e eu. Vamos num veículo do DOPS. No DOPS, fui interrogado por Dr.
Borges. Soube então que o meu VW tinha explodido na frente da CNBB e que meu
sobrinho Fernando tinha sido encontrado. Ele e a noiva estavam a caminho do
DOPS. Durante meu depoimento-interrogatório, avisaram que o Sr. Núncio
apostólico queria me ver. Como demorassem em atende-lo, entrou de repente na
sala de depoimento para me cumprimentar e trazer-me solidariedade. Depois saiu
da sala, dizendo que esperava por mim até o final do interrogatório.
Depois
de três horas, chegaram Fernando e Pilar. O delegado, Dr. Borges Fortes, mandou
Fernando para o hospital Souza Aguiar para fazer exame. O depoimento deles dois
ficaria para mais tarde. Meu depoimento deve ter durado cerca de hora e meia e
foi gravado. O delegado fez depois um apanhado que li e assinei.
Terminado
o depoimento, fui ter com o Sr. Núncio apostólico. Pelas três e meia, saímos,
Pe. David e eu, com o Sr. Núncio apostólico. Fomos primeiro à sede da CNBB para
cumprimentar o secretário, dom Ivo Lorscheiter. Diante da sede da CNBB, estava
meu VW quase que completamente destruído.
Conversamos
um pouco com dom Ivo e, da CNBB, seguimos para o colégio Santa Marcelina, no
Alto da Boa Vista, onde ficamos hospedados com o Sr. Núncio.
Na
parte da manhã, recebi a visita do cardeal dom Eugênio, do arcebispo de
Niterói, dom José Gonçalves da costa, do bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom
Eduardo koaik, com este ultimo fui ao oculista, pois se perderam meus dois
óculos no seqüestro. Em seguida, me retirei para o Centro de Estudo do Sumaré,
a convite de dom Eugênio, para repousar5
Uma
dúvida,pergunta o repórter: Por que dom Adriano? O que tal pessoa pode ter
feito para sofrer tal ato de violência e ainda mas o “Jornal da tarde”, no dia
seguinte ao seqüestro, sugeria a resposta ao escrever “As lutas de dom
Hipólito”.
O
povo tem medo da polícia. Muitas pessoas têm mais medo da polícia que dos
bandidos, pois enquanto estes agem na ilegalidade, os policiais têm à sua
disposição metralhadoras, carros com sirene e a certeza da impunidade. O bispo
de Nova Iguaçu, dom Adriano Hipólito, fez essa declaração em 1975, quando
começou uma campanha contra o Esquadrão da Morte, apesar de saber os riscos que
corria. Mas acreditava que era seu dever cristão usar sua posição e seu título
para falar pelos que não podem.
No
plano Pastoral que elaborou para o ano passado, dom Adriano Hipólito – que está
em Nova Iguaçu desde 1966 – incluiu a necessidade de tomar providências para
acabar com o clima de violência e incertezas em que vivem os moradores da
Baixada Fluminense. O bispo justificava, inclusive, as depredações de trens e
estações da central do Brasil, ocorridas pouco antes de iniciar sua campanha,
como uma “compreensível válvula de escape desses homens da Baixada, que se
sentem perpetuamente inseguros e desamparados”.
Há muitos anos, dom Adriano Hipólito vem lutando contra a violência
policial em Nova Iguaçu. Em 1970, enquanto o delegado Péricles Gonçalves foi
nomeado para a cidade, anunciando que “a ordem era matar todo e qualquer
bandido”, o bispo foi procurar o governador Raymundo Padilha, recém-empossado, para
saber o que significava aquela ordem. O governador respondeu apenas: “Essa deve
ter sido uma ordem superior”.
Em
1973, dom Adriano voltou ao palácio do governo para pedir que o então delegado
de Nova Iguaçu, Luís Gonzaga lima, fosse mantido no cargo, porque era um homem
honesto, disposto a acabar com a corrupção da polícia. O governador não recebeu
, mas seu chefe de gabinete, Mário Gliosci (depois envolvido em escândalos de
corrupção), garantiu-lhe que o delegado seria mantido. Mas não foi. Em campanha, o bispo contestava a tese da
polícia da Baixada fluminense de que as mortes atribuídas ao Esquadrão da morte
não passavam do resultado de lutas entre quadrilhas de bandidos.
“Se
aceitarmos essa tese, estaremos afirmando que quase toda a população faz parte
de quadrilhas, pois o número de mortes é muito grande. A grande maioria da
população de Nova Iguaçu (1,3 milhão de pessoas) é realmente marginal, no
sentido de que não tem acesso aos benefícios do desenvolvimento. Quase todos
ganham apenas um salário mínimo e vivem em péssimas condições. Mas não são
bandidos perigosos, como muitos dizem.”
Dom
Adriano Hipólito denunciou uma série de arbitrariedades cometidas pela polícia
da Baixada Fluminense: as prisões para
averiguações, às confissões sob espancamento, as invasões de domicílio. Contou
que um padre de São João de Meriti viu um carro da polícia jogar dois corpos
numa estrada semidesertas. E disse que os membros do Esquadrão da Morte, quase
todos policiais e alcagüetes – segundo as informações que possuía -, eram
destituídos de espírito cristão e, por isso, capazes de matar um operário
detido por falta de documentos.
Em
1975, dom Adriano declarou:
·
“A
Igreja pode ajudar a resolver certos problemas da comunidade, embora deva um
esforço apenas subsidiário. A tarefa principal cabe à política, se entendia
como arte e ciência de promover o bem comum. Quanto ao Esquadrão da Morte,
porém, todo cidadão tem a obrigação de se empenhar para descobrir o que há por
trás desses crimes”6
Os
jornais do dia 24 estampavam desde logo uma nota oficial do comandante do I
Exército, nos seguintes termos:
1. O
comando do exército, em face dos acontecimentos ocorridos na noite de ontem e
na madrugada de hoje, envolvendo o bispo de Nova Iguaçu e a residência do Dr. Roberto Marinho, tem o
dever de esclarece:
a) O exército, como o povo brasileiro, tem a
firme consciência democrática e, conseqüentemente, condena e combate qualquer
atividade extremista.
b) Fatos episódios criminosos não afetam a
tranqüilidade e paz existentes na área.
2. O
governo do Estado do Rio de Janeiro, através de sua secretaria de Segurança,
está empenhado na apuração das responsabilidades, tendo aberto o competente
inquérito policial.
3. A
confiança no governo e na ação das forças legais deve continuar sendo a tônica
do comportamento de todos.7
Por
sua vez, solicitado pelos repórteres, o ministro da justiça, Armando Falcão, ao
sair de um encontro com o presidente Geisel, ditou a seguinte declaração: “o
governo repudia” com veemência os crimes praticados, inteiramente contrários à
formação e a índole do povo brasileiro. Condena-os, partam de onde partirem.
Estamos acompanhando as diligências de âmbito estadual, para descoberta da
autoria e punição legal dos eventuais responsáveis”8.
Pouco
antes, ele já havia declarado a mons. Afonso Hammes,que o procurou em seu
gabinete, em nome da CNBB, “para apresentar a versão oficial dos
acontecimentos, a máxima colaboração das autoridades no sentido de apurar e
punir os responsáveis”9.
O “Jornal da tarde”, nessa mesma edição de
24 de setembro, resume bem o protesto dos políticos, em todo o país, pondo em
destaque os membros do congresso que presidem o mesmo, como também os
presidentes do MDB e da Arena: Em todo
país, os políticos condenaram os atentados da última quarta-feira. Os protestos
mais Veemente partiram do congresso. O
senador Magalhães Pito, presidente do senado, por exemplo, disse que “todos nós devemos nos unir na condenação aos episódios
e no prestígio ao governo no combate a eles”. E só estranhou um fato: “È
estranho que peguem,ao mesmo tempo ,um bispo que dizem de esquerda e joguem
bomba na residência do jornalista Roberto Marinho, que é veemente na condenação
das esquerdas, muito nítido nesta posição”.
O MDB disse quase tudo pela palavra do deputado
Ulysses Guimarães, presidente do partido: “O MDB participa inteiramente das preocupações de todo o país,
no repúdio às ações terroristas verificadas no Rio, contra o bispo de Nova
Iguaçu, contra a CNBB e contra a residência do jornalista Roberto Marinho,
esperando que o governo atue vigorosamente na apuração das responsabilidades”.
O
senador Franco Montoro e o deputado Laerte Vieira, líderes da oposição no
senado e na câmara, respectivamente,preferiram nada falar , explicando que a
condenação de tais atos “é óbvia”. No
senado,um discurso do senador Evandro Carreira (MDB-Amazonas) gerou até
confusão e censura: carreira relacionou todos os atentados ao recente
pronunciamento do ex-senador Flávio Brito, também do Amazonas, contra a CNBB,
quando acusou a Igreja de jogar empregados contra patrões. No momento em que
terminou o discurso, Benjamin Farah, que presidia a sessão naquele momento, encerrava-a rapidamente, e
em seguida apareceu um pedido para a taquigrafia: estava proibida a
distribuição das copias do discurso aos jornalistas. O deputado Francelino
Pereira, presidente nacional da Arena, disse que “ato dessa natureza, de
direita ou de esquerda, não pode receber e não tem o apoio do povo brasileiro”,
e anunciou que “todas as medidas foram tomadas pelo governo do Rio, no sentido
da apuração imediata dos fatos e a punição dos culpados”10 .
A
ABI e a OAB, que também já sofreram atentados – não esclarecidos aliás – assim
como os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e de
Minas Gerais deram declarações repudiando esses atos de terrorismo.11
A
TFP emitiu nota da qual destacamos:
A
TFP manifesta a sua mais categórica repulsa aos atos de terrorismo praticado
contra a pessoa do Sr. Bispo de Nova Iguaçu, dom Adriano Mandarino Hipólito e a
CNBB, bem como contra a residência do jornalista Roberto Marinho.
Entidade
cívica inspirada em seu pensamento e sua ação pela doutrina católica, a TFP
repudia com especial energia a violência – merecidamente qualificada como
sacrílega pelo Direito Canônico – contra a pessoa sagrada de um bispo da Santa
Igreja. E verbera igualmente as ações delituosas de que foram vítimas um
parente de S. Ema. e um empregado doméstico do Sr. Roberto Marinho...
Assim
também o fez a União Cívica Feminina:
ABI, OAB, CEBRAP, CNBB, dom Adriano
Mandarino Hipólito,Roberto Marinho... a marcha ascensional da violência faz crescerem a cada dia as nossas
apreensões e insegurança.
A
União Cívica Feminina, acreditando interpretar os sentimentos da família
brasileira, manifesta de público sua
inconformidade e seu repúdio a estes atentados terroristas.
Dirigimo-nos às autoridades incumbidas de
prevenir e punir a violência, na certeza de que à sua atuação deveremos somar a
nossa, a dos cidadãos consciente, visando evitar a anarquia.
A
violência, seja ela praticada com
finalidade ideológica, política ou simplesmente propagandística,
constitui uma forma de criminalidade.
A
violência, seja moral ou material , consiste em agressão da hora ou efusão de
sangue; proceda de qualquer setor da opinião pública, direita, centro ou
esquerda , é sempre condenável12.
“O
estado de S. Paulo”, em editorial do dia 24, em busca a significação profunda
dos atos de terrorismo que se vêm sucedendo desde o mês de agosto. Vale a pena
transcreve-lo na íntegra: O traço mais profundo dos processos terroristas é a
vileza de quem os emprega, a sordidez das armas que empunha. Na escala
invertida de valores de um terrorista, a felonia ocupa um dos primeiros
lugares: a felonia de fazer a guerra sem decreta-la, de arremeter contra a
vítima sem pronunciar-se antes como adversário. A guerra não lhe interessa,
aliás, na medida em que mesmo esta se constitua num jogo de regras
estabelecidas e em que se assemelhe a uma competição. Interessa-lhe mais o clima
de guerra que a própria guerra; o desespero, mais do que o desafio; o atentado,
mais do que os próprios danos materiais ou pessoais. Esse traço, evidente nos
atos criminosos ocorridos a partir do mês passado, se reproduz agora no
seqüestro do bispo da diocese de Nova Iguaçu, dom Adriano Hipólito, e do
sobrinho que o acompanhava, e no atentado contra a residência do jornalista
Roberto Marinho. Perpetrados no mesmo dia, quase simultaneamente e escolhendo
vítimas em setores díspares de atividade, os atentados mostram que visam a um
círculo muito mais amplo e a setores mais altos: eles visam à própria nação, no
momento em que se prepara para uma das práticas da normalidade democrática,a
realização de eleições. É inútil, pois, o anonimato que essa autodenominada
Aliança Anticomunista Brasileira propicia. Assim como é pernicioso, faccioso e
conivente o despistamento de alguns que pretextam a inexistência de tal
entidade, a fim de minimizar os fatos.
Os
atentados levam a assinatura da inconformidade, do horror do radicalismo à
normalização. Não se tolera nem mesmo um processo de lenta e gradual distensão,
não se tolera o advento de uma disputa, embora cercada de limitações,
rigidamente enquadrada em suas manifestações e embotada no interesse que
deveria despertar.A incompatibilidade e ojeriza às liberdades é o primeiro
aspecto a se deixar bem claro nesses atentados todos: atentou-se contra a
imprensa, contra as regras de administração da justiça, contra uma instituição
de pesquisa e contra um representante de uma confissão religiosa.
O
nexo entre uma liberdade e outra, da liberdade de expressão à de defesa, da
liberdade no acesso à informação à liberdade de crença e profissão religiosa, é
que incomoda: o radical não sabe conviver com liberdade alguma e se desespera com
a solidariedade existente entre as liberdades. É preciso, portanto, ferir e
intimidar ora uma, ora outra, para afinal se lesar a liberdade como um todo.
Eis o aspecto fundamental a se levantar, antes mesmo de querer emprestar aos
atentados esta ou aquela cor ideológica. No momento, trata-se menos de uma
ideologia que de uma contra-ideologia, a contra-ideologia liberticida, venha
ela de onde vier. Insinuando que mais vale o ardil, a emboscada e a
intimidação, tais gestos pretendem evidentemente desmoralizar todo e qualquer
processo político, seus responsáveis maiores e advogados. Compreende-se,
portanto, a mobilização ordenada pelo próprio presidente da República, para que
os fatos sejam prontamente apurados e seus autores, descobertos: eles são um
desafio à palavra empenhada nas eleições. Compreende-se que ambos os partidos
se juntem no repúdio e na denúncia, junto com o escárnio feito ao processo
eleitoral vai o escárnio ao sistema partidário, o nosso, ou qualquer outro., Protelar
a investigação ou impor tibieza à liberdade de debates que nem bem se travaram
é açular a ousadia. É inaceitável compor-se, por uma ou outra forma, com a
provocação que aí está. O mal foi que se tivesse dado azo à provocação,
sustentando-se a necessidade de radicalização. O mal foi proclamar a
inexorabilidade de uma vitória, com reticências sobre os processos de luta-se a
vitória era para ser conquistada, ou simplesmente garantida de antemão. Esse
mal foi feito; e durante bastante tempo, até mesmo para a habitual paciência e
fair-play de democratas. Urge agora
repara-lo. Se a pronta e exemplar
punição dos culpados faz parte das
regras do jogo, igual eficiência,
presteza e seriedade se hão de exigir nos caminhos que levam até lá. Se a lei
feita para todos não for sobre todos igualmente
aplicada, deixará de ser lei para ser uma irrisão. A irrisão dos criminosos é opróbrio dos que, pôr amor à
liberdade, se submetem à lei13.
Meia hora depois de dom Adriano
ter deixado a cúria e ter conversado com Pe. Henrique, vigário da catedral
de Nova Iguaçu, este último voltaria a
ter notícias do bispo por Maria Del Pilar, noiva de Fernando, e que havia
presenciado o seqüestro. Ela entrou chorando em sua casa. A partir desse
momento, eram 22 horas do dia 22 de setembro, “a catedral de Nova Iguaçu esteve
cheia entre 22 horas de quarta-feira e 2 horas de ontem: eram fiéis
interessados em saber sobre o destino do bispo da diocese, cujo seqüestro fora
rapidamente noticiado.... Enquanto a multidão de fiéis permanecia na igreja,
uma comissão de homens escolhidos entre os participantes de vários grupos que
se reúnem na sede... cada semana, partiu para o Rio, logo que foi noticiado o
aparecimento do bispo... Durante todo o dia de ontem, a secretaria da catedral
recebeu telefonemas de todo o Brasil”14.
Nesse
mesmo dia, a presidência e a CEP da CNBB distribuíam a seguinte nota oficial,
que damos na íntegra:
A
opinião publica de todo o Brasil foi informada do ato de terrorismo ocorrido
ontem à noite, do qual foram vitimas dom Adriano Hipólito e seu sobrinho,
Fernando Leal Webering, cujo carro foi feito explodir posteriormente diante da
sede da CNBB. A presidência da CNBB, reunida com a Comissão Episcopal de
Pastoral, em sua sessão ordinária, julga de seu dever pronunciar-se a respeito:
1. Manifestando
de público sua mais incondicional solidariedade com seu irmão no episcopado,
dom Adriano, que na Igreja de Nova Iguaçu vem dando admirável exemplo de
testemunho cristão em favor dos desvalidos, incluindo na mesma solidariedade o
seu sobrinho Fernando;
2. Reafirmando
que considera uma gloria para a Igreja no Brasil o fato de seus filhos serem
objeto da sanha daqueles que, no seu fanatismo primário, são incapazes de
compreender o profundo sentido cristão do compromisso com os oprimidos,
confundindo-o com inspirações ideológicas que radicalmente repudiamos. A Igreja
conhece a sordidez das armas empregadas contra seus filhos, e num fato como
esse, na seqüência de outros fatos sangrentos, longe de se atemorizar, ela se enche de júbilo, na
certeza de ser julgada digna da milenar tradição daqueles que selaram com o
sangue o seu testemunho cristão.
3. Agradecendo,
em nome das vítimas, as inúmeras provas de solidariedade que vem recebendo de
todos os recantos da Brasil;
4. Renovando,
nesta circunstância, o seu repudio a todas as formas de terrorismo e violência,
de onde quer que venham e a quem quer que atinjam.
Rio
de Janeiro, 23 de setembro de 197615
Por
sua vez, o vigário geral de Nova Iguaçu, Mons. Arthur Hartmann, divulgava um
“Comunicado ao povo de nossa diocese de Nova Iguaçu”: Dom Adriano Hipólito, nosso irmão e pastor,
foi selvagemente seqüestrado, encapuzado, torturado e algemado, em companhia de
Fernando, seu sobrinho, na noite do dia 22 de setembro. Os autores do
monstruoso crime nós os conhecemos muito bem: são aqueles que querem fazer
calar a voz da Igreja em defesa dos direitos humanos. A cegueira desses
assassinos impede-os de ver que o martírio não é um acidente na vida da Igreja;
ao contrário, dar a vida pela libertação dos que são vítimas da injustiça faz
parte da essência mesma da vocação cristã:
“Felizes sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disseram
falsamente todo o mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exaltai,
porque será grande vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os
profetas que vieram antes de vós”(MT 5, 11-12).
O
próprio Filho de Deus foi preso, torturado e morto na cruz por amar os mais
humildes. Os altares da Igreja estão repletos de santos mártires que foram
vítimas dos “filhos das trevas”, os quais, em todas as épocas de opressão,
tentaram abafar os “clamores do povo” (Ex 3,7). Ninguém ignora que, nesses
últimos anos, nos países da América Latina, inúmeros cristãos _ leigos,
religiosos, padres e bispos _ foram perseguidos por causa da justiça.
Recentemente, vários bispos de nosso continente foram presos na cidade de
Riobamba, no Equador. Tais fatos mostram que o seqüestro e a tortura de dom
Adriano não são um ato isolado.
O
fato é mais uma tentativa de fazer a Igreja trair a própria missão que o senhor
lhe confia. Não é um ato que atinge apenas dom Adriano. Todo o povo foi
atingido: as bofetadas e pontapés no bispo são bofetadas e pontapés no povo de
Deus. Mas não devemos temer tais ameaças: “Sereis odiados por todos por causa
do meu nome. Entretanto, não se perderá um só cabelo de vossa cabeça. É pela
vossa constância que alcançareis a vossa salvação” (Lc 21,17-19). Fazemos um
apelo a todos os cristãos, para que se unam a nós em oração, a fim de que o
Senhor nos conserve sempre firmes em nossos compromissos de anunciar a verdade,
na consciência de que a cruz é o caminho da ressurreição.
Sacerdotes,
religiosos e leigos da diocese de Nova Iguaçu, reunidos com o vigário
geral.
23 de setembro de 1976 16
Dom
Geraldo Fernandes, arcebispo de Londrina, vice-presidente da CNBB em exercício
da presidência, a principio não queria falar. “Depois acabou dizendo que o fato
de os recentes atentados visarem à Igreja, à imprensa e à OAB deve ser ‘porque
estas entidades são as que costumam falar. Nós é que emitimos opinião. E
falamos claro. É claro que”, colocando o
carro estraçalhado em frente a CNBB, os terroristas pretendem nos fazer uma advertência.
Há aí um grupo que quer nos intimidar para que não defendamos os injustiçados.”
17
Dom
Eugênio Sales, cardeal arcebispo do Rio, esteve fora do Palácio São Joaquim por
quase todo o dia 22. Ele regressou por volta das 21h 30min.
Alguns instantes após sua chegada, dom
Eugenio recebeu um telefonema avisando do seqüestro de dom Adriano Hipólito.
Ele quis se deslocar para Nova Iguaçu, mas os padres que falavam ao telefone
acharam mais conveniente que ficasse fazendo contato com as autoridades.
Imediatamente,
o cardeal ligou para o governador Faria Lima, o prefeito Marcos Tamoyo e o
comandante do I Exército, com quem disse ter mantido “contatos constantes”
durante toda à noite. Dom Eugenio disse que a reação das autoridades com quem
esteve em contato “foi de perplexidade e cooperação total na elucidação deste
crime”.
Ele
disse que era difícil fazer qualquer tipo de prognóstico quanto à autoria da
atentado. “Tanto pode ser uma organização, quanto pessoas interessadas em fazer
tumulto. Serão difícil tanto os trabalhos de apuração quanto à disposição em punir.”
18 No
dia seguinte ao seqüestro, ele distribuiu uma nota oficial sobre o mesmo: “O
seqüestro de dom Adriano, bispo de Nova Iguaçu, fere profundamente os
sentimentos de nosso povo. Nessa oportunidade, reitero a veemente condenação
desses atos terroristas, feita há poucas semanas. Aliás, elas não atingem o
alvo desejado. Triste de um país onde a conduta dos cidadãos fica à mercê da
insanidade de alguns. Sei que as autoridades estão firmemente empenhadas na
identificação e castigo dos criminosos”19. Numerosos (arce) bispos exprimiram
sua solidariedade a dom Adriano, assim como a repulsa a esse ato “estúpido e
sem sentido”. No dia seguinte, era dom Aloísio Lorscheider, presidente da CNBB,
quem divulgava um documento de “Excomunhão para os seqüestradores do bispo”.
1. A
presidência da CNBB faz publico o teor de cânon 2343, § 3.° do Código de
Direito Canônico: “Quem praticar violência contra a pessoa de um patriarca,
arcebispo ou bispo, embora só titular, incorre em excomunhão latae setentiae
(automaticamente) reservada de modo especial à Sé Apostólica”
2. Castiga
este cânon as injurias reais, consistentes em ações contra o corpo, ou contra a
liberdade, ou contra a dignidade.
3. Recorda
a mesma presidência que este castigo canônico aponta a gravidade do delito
cometido contra dom Adriano Mandarino Hipólito, bispo de Nova Iguaçu, RJ.
4. Com
toda a comunidade católica, a presidência da CNBB pede a Deus que inspire
melhores sentimentos aos que ora incorreram na dolorosa mas necessária sanção
eclesiástica20.
Foi
na entrevista coletiva do dia 29 que dom Adriano distribuiu a nota “Nas mãos de
Deus”, em que relata o sequestro. Ela se realizou no Centro de Formação de
Líderes da diocese de Nova Iguaçu, e dom Adriano estava assistido por dom
Aloísio Lorscheider, presidente da CNBB e do CELAM; por dom Alfonso Lopez
Trujillo, secretário geral do CELAM, e por dom Ivo Lorscheider, secretário
geral da CNBB.
Dom
Aloísio disse na oportunidade que o episódio “foi bom porque pudemos constatar
a sua gravidade, justamente quando começa a ser realizada uma reunião de bispos
do continente latino-americano. A CNBB e o CELAM estão dando total apoio a dom
Adriano”. Hipólito,que realiza um trabalho digno e muito positivo na baixada
fluminense” ·...
Os
bispos da Província Eclesiástica de São Paulo: a arquidiocese, Santos, Mogi das
Cruzes, Itapeva aproveitaram a ocasião de sua reunião ordinária de 28 de
setembro e decidiram enviar uma palavra
oficial às suas Igrejas nos seguintes termos:
Os
Bispos da Província Eclesiástica de São Paulo, em reunião ordinária no dia 28
de setembro de 1976, refletiram sobre os acontecimentos terroristas que nos
últimos dias atingiram, entre outras pessoas e entidades, o Sr. Bispo de Nova
Iguaçu, dom Adriano Hipólito,e a CNBB e
julgaram conveniente uma palavra oficial às suas Igrejas.
Em
primeiro lugar, não se deve estranhar que os cristãos venham a sofrer injúrias,
perseguições e até o martírio por causa da fé e da sua adesão ao Senhor Jesus.
A história antiga e recente no-lo mostra, e o evangelho nos previne:
“Bem-aventurado sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentido, disserem
todo o gênero de calúnias contra vós por minha causa. (Mt 5, 11)”.
Acrescente-se a isto o fato de no Brasil se estarem repetindo e divulgando, por
quase toda parte, ataques – alguns violentos incitadores – na imprensa e em
livros contra a igreja, contra o Santo Padre, os bispos, o clero e alguns
fiéis, ataques estes impunemente acolhidos, sem que se possa entender como
tiveram aceitação nos meios de comunicação social. Nesta linha de procedimento
incitador contra a igreja é que se devem entender as cartas anônimas com
ameaças, as calúnias com fotografias montadas, os telefonemas com intimidações,
cuja autoria confiamos, será possível,a quem de direito, pesquisar e descobrir,
com urgência e eficácia, excluindo
sempre métodos contrários à dignidade da pessoa humana.
Em
segundo lugar, desejamos que os homens de boa vontade compreendam que nossa
solicitude e ação, por serem evangélicas, estão comprometidas com a pessoa
humana e sua dignidade, com os deveres e direitos daí decorrentes, com a vida da população mais
necessitada, com os oprimidos que não têm quem por eles fale. Alguns por
ignorância, outros por má-fé procurarão ver nesta ação comprometimento com
ideologias que nunca aceitamos nem defendemos, pois nossa vinculação é somente
com o Evangelho de Jesus Cristo, que é amor e justiça.
A
catedral de nova Iguaçu foi pequena para acomoda a multidão de fiéis -
operários,trabalhadores,estudantes e dona-de-casa – que comparecerão a
primeira missa celebrada por dom Adriano
Mandarino Hipólitico da costa,depois de
seu seqüestro no útimo dia 22, reinvidicado
pela aliança anticomunista brasileira.
Mia de 5.000 pessoas lotaram a nave da
igreja e se transmissão pelo
alto-falante.no altar ,67 padres , solenes paramentados de branco e verdes
,entre os quais sete bispos de vários estados do Brasil.
Antes
de a cerimônia começar, os alto-falantes, desde as 15 horas , já transmitiam
alguma das 105 cartas de solidariedade enviadas à catedral por bispo e
religiosos com veementes protesto e
denúncia sócios. As 16h15min. Ao
deixarem a sacristia em direção ao altar, corredores de fiéis procuraram beijar
as mãos dos padres, especialmente de dom Hipólito. Muitos choravam.
Uma
banda de música da legião de Maria tocou, antes da celebração. O conteúdo
político da cerimônia marcou a escolha dos textos evangélicos. O “sentida
missa”, lido para os fiéis dizia:
“irmãos aqui estamos para manifestar nossa
solidariedade ao nosso irmão e pastor, dom Adriano. Todos sabemos como,
na noite do dia 22 de setembro, foi selvagemente sequestrado, encapuzado,
algemado e torturado juntamente com seu sobrinho Fernando. Os autores desse
atentado disseram que iriam fazer o
mesmo com os outros bispos da Igreja. O que pretendem é atingir a posição da
Igreja em favor do povo, dos pobres, dos oprimidos: Querem amedrontar e fazer
calar a voz da Igreja em defesa dos direitos humanos”.
Cada um dos bispos presentes usou da palavra
no sermão iniciado por dom Waldir Calheiros, bispo de Volta Redonda, que, na últimas semanas, tem recebido constantes
ameaças por parte de organizações terrorista21.
Na
sua habitual “Oração por um dia feliz”, publicada na edição de “O Mensageiro”
de 4 de outubro, dom Avelar Brandão
vilela, arcebispo de Salvador, assim se exprimia:
“Ainda
estamos sob a dolosa impressão do episódio sem qualificativos que
Envolveu a pessoa de dom Adriano Hipólito, bispo de Nova
Iguaçu”. O trucidamento de dom Pedro Fernandes Sardinha foi praticado
por índios antropófagos. Não cometeram
Crime.
Faltava-lhe a consciência moral necessária para que de fato praticassem um ato
de
Responsabilidade. A prisão de dom Vital e de dom Macedo Costa
foi ato de violência, embora se tivessem respeitado certos critérios no trato
da pessoa humana, como o direito de
defesa.”
Afirma dom Avelar, em seguida, que o
sequestro de dom Adriano Hipólito “significa
uma ação terrorista
planejada e executada com todos
os requintes do desrespeito à pessoa em si como cidadão, e à função e
missão que exerce, na qualidade de
pastor de uma grei diocesana. O fato, pelo ineditismo de suas características,
pela comprovada intenção de querer ferir e de ferir de fato um bispo corajoso e fiel à linha e ao estilo
pastoral que adotou para a realidade de sua diocese, atingiu também o coração
da Igreja”22.
Uns
20 dias depois, por ocasião da reunião da Comissão Representativa da CNBB, no
Rio, dom Avelar volta ao assunto:
“O
atentado cometido contra o bispo de Nova Iguaçu ofende a toda a Igreja. O que
aconteceu com dom Adriano é, de certa forma , mais grave que a morte do Pe.
João Bosco, porque, enquanto o
assassinato pode ter sido fruto de ato
impensado, e alguém responde por esse
planejamento. O seqüestro e as sevícias sofridas por ele constituem
acontecimento único, sem precedentes na história eclesiástica do Brasil. O
governo não pode deixar de se pronunciar e só pode marcar presença se apurar as
responsabilidade...”
“Dom
Adriano Hipólito nos visitou” _ disse o primaz do Brasil _ “e nos relatou,de
viva voz, o triste e deplorável episódio
de seu seqüestro e os sofrimentos
físicos e morais de que foi vítima. Esta visita, da parte da CNBB,
representou oportunidade excepcional para demonstrar-lhe solidariedade. De
outro lado, ensejou um relato minucioso das circunstâncias especiais do
acontecimento que deixou estarrecida a
consciência nacional. A Comissão Representativa considera o atentado como se
fosse feito à Igreja”.
Segundo
o ex- vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o que
aconteceu a dom Adriano Mandarino Hipólito “trata-sede um ato que não tem
similar na história eclesiástica do Brasil”. Disse ainda que o “o atentado
moral nos parece mais grave do que o
atentado físico”...
“Não
imaginamos diz ainda em seu texto tenha sido este fato obra do governo.
Absolutamente não. Temos do General Geisel a impressão de um homem sério,
honesto e que, dentro das dificuldades do país, procura abrir caminhos para situações mais definidas.
Nas entendemos que o governo, após o necessário exame e detida
informação sobre o doloroso acontecimento, marcará sua presença neste momento
histórico,digno das grandes preocupações nacionais”. Quanto a isso, dom Avelar
Brandão Vilela _ que falou sempre com
veemência incomum _assegurou que “o governo ainda pode se manifestar”. No que
respeita
ás investigações, as informações de que dispõe o episcopado, segundo o cardeal,
são as de que elas “estão em compasso de espera. Mas todos aguardamos
_acrescentou _que o governo marque sua presença”.Para o primaz do Brasil, “os
órgãos de segurança estão mais habituados a lidar com a subversão de esquerda”23.
Em
dezembro desse mesmo ano, dom Adriano completava dez anos como bispo da diocese
de Nova Iguaçu.Ele concelebrou a missa com 68 padres. No inicio da celebração
mesma, os leigos leram uma mensagem explicando o sentido da celebração que ia
se iniciada:
Nesses
dez anos de pastor, dom Adriano não se
cansou de falar e agir para abrir os olhos de todos em face da grave situação
de insegurança de tantos de nossos irmãos subnutridos, sem recursos para a
saúde e para a educação e instrução, expostos à violência e à exploração. Por
causa de sua pregação foi torturado, injuriado, abandonado nu e algemado na via
pública, mas seu martírio deu mais vigor a sua palavra e apelos à luta e união
contra as injustiças. Estreitou nossa união, aumentou nossa fé, encorajou a
todos na defesa dos que, na Baixa
Fluminense, não tem vez nem voz. Esta nossa celebração de ação de graça ´é
também um sinal, uma prova de testemunho público de que estamos de acordo com nosso
bispo24.
“O
Globo” , em sua edição de 24 de setembro, informa que Todas as investigações em
torno do seqüestro e agressão sofridos pelo bispo de Nova Iguaçu,dom Adriano
Hipólito e seu sobrinho Fernando Webering, serão conduzidas pelo Departamento
de Polícia Política e Social e pela Divisão de Órgãos e sistemas, ambos
subordinados ao Departamento Geral de Investigações
Especiais
_ DGIE, da secretaria de segurança...
...
Todas as investigações estão sendo comandadas pelo delegado Borges
Fontes,titular da Delegacia Política e Social... Ontem pela manhã, após se
reunir com o delegado Borges Fontes, o diretor do DGIE deu informações ao
general Oswaldo Ignácio Domingues, sobre as investigações...
...Informou-se
ainda que os agentes do DPPS, apesar da demora nos trabalhos do instituto de
criminalística, trabalham dia e noite na elucidação dos atentados e que os
primeiros frutos desse trabalho já iriam aparecer25.
Dia
25, o “Jornal do Brasil” fazia referência a uma ordem, emitida no dia
anterior, pelo secretário de segurança
Oswaldo Ignácio Domingues
. ... para que os fatos sejam apurados com rigor
e urgência (o que) mobilizou, além dos agentes da Delegacia de Polícia Política
e Social, todo o efetivo das29ª e 33ª
DPs (Madureira e realengo) e alguns soldados da PM que participaram da ocorrência...
...
com relação aos laudos sobre os exames de fragmentos do pertado escolhido na
ABI, da bomba apanhada intacta na OAB e do material arrecadado no carro do bispo dom Hipólito e
residência de Roberto Marinho, informaram seus assessores que estes deveram
demorar, em face de atual deficiência do Instituto de criminalística26.
Também
o “Jornal do Brasil”, agora em suas edições de 30 de setembro, confirma a
demora nas investigações, com a notícia intitulada “DOPS não tem pista do
seqüestro”:
Os policiais do DOPS ainda não têm pistas para
esclarecer o seqüestro do bispo de Nova Iguaçu, dom Adriano Hipólito, nem as Explosões de bombas que destruíram seu carro e
atingiram a casa do jornalista Roberto Marinho.
As
investigações ainda se restringem aos depoimentos.
O inquérito que apura a explosão na
ABI e a colocação da bomba na sede da OAB/RJ também continua em andamento no
DOPS, e ontem várias pessoas foram ouvidas.
Os autos devem ser remetidos à
justiça nas próximas semanas, sem apontar os autores ou autor dos atentados27.
Dois meses depois do atentado, dom
Eugênio Sales, arcebispo do Rio, dava a entender que já sabia “o nome dos
seqüestradores do bispo dom Adriano Hipólito, pois ‘fui informado por uma
determinada autoridade da procedência das pessoas responsáveis pelo
atentado’.como alguém insistisse em relação aos nomes,dom Eugênio comentou,
‘soube por telefone,e por telefone não se diz tudo”28.
No
começo de dezembro, foi entregue a dom Adriano, para ser encaminhado ao ministro da Justiça, um manifesto da
população de Nova Iguaçu, com o pedido de informações sobre o andamento das
diligências que apuram o seqüestro, espancamento e tortura do bispo, ocorrido
em setembro29.
Poucos
dias depois, a 10 do mês de dezembro de 1976, a SSp distribuía a seguinte nota:
A
SSP prossegue, através do Departamento de Polícia Política e Social do DGIE,
nas investigações para apurar os atentados a bomba, praticados na cidade , a
partir de 19 de agosto deste ano, o seqüestro de dom Adriano Hipólito e de seu
motorista. Apesar das dificuldades da apuração de fatos dessa natureza,
lograram as autoridades... elaborar três ”retratos falados” de participantes do referido seqüestro. Estão
sendo realizadas diligências para o levantamento da identidade dos retratos30.
Essa
nota não impediu que o “Jornal da Tarde”, no dia seguinte , titulasse uma
notícia sobre o seqüestro: “Três retratos falados, mas nenhuma pista dos
seqüestradores” e explicasse: “Os retratos falados são apenas uma tentativa do
delegado Borges Fontes para diminuir as pressões que vem sofrendo, e que
aumentaram na semana passada, depois da explosão da bomba na porta da Editora Civilização Brasileira”31.
Dia 11 de março de 1977
O promotor Walter Vgderowitz, da Primeira
Auditoria da Marinha, requereu ontem ao juiz Carlos Augusto Sussekind de Morais
Rego o arquivamento dos inquéritos instaurados na Delegacia de Polícia,
Política e Social, para apurar o seqüestro do bispo de Nova Iguaçu, dom Adriano Hipólito, e o atentado a
bomba à residência do jornalista Roberto Marinho, praticado no dia 23 de
setembro do ano passado, tendo magistrado concedido a medida.
Os
autos foram remetidos à Corregedoria da Justiça Militar. O promotor pediu o
arquivamento porque as autoridades policiais, apesar da prorrogação dos prazos
para a realização de novas diligências, não
encontraram elementos para apontar os responsáveis, tanto pelo
seqüestro, quanto pelo atentado32...
Após
tal atentado o bispo se manteve sereno e tranqüilo naquilo que pregava e anunciava
o povo. Pe. Monteiro recentemente relatou ao autor deste trabalho.Que foi desta
forma que encontrou o bispo Adriano, e após uma série de conversas na
delegacia, perguntaram ao Pe. Monteiro
quem poderia ser o autor do tal crime ele responde. “Passava dentro da vila militar, não o
demonstrava medo em momento algum durante de tal caminho, então que vocês acham
que cometeu tal crime?.”33
1 - Revista de
Cultura Vozes – Janeiro /Fevereiro de 1981 e (Telefonema idêntico foi dado, à mesma hora, para a agência France Presse.)
2 - Jornal do
Brasil”, 23 de setembro de 1976
3 - idem- “O estado de
S. Paulo”, 24 de Setembro de 1976.
anterior
4 - “O estado de S. Paulo”, 24 de Setembro de 1976.
5 - Comunicado mensal, 288 (1976): 919-924.
6 –“Jornal da Tarde” , 23 de setembro de 1976.
7 - “O Globo”, 24 de setembro de 1976.
8 – “O Globo” , 24 de setembro de 1976.
9 - “Jornal da
Tarde”, 24 de setembro de 1976.
10 -
“Jornal da Tarde” , 24 de setembro de 1976.
11 - cf
“O Globo’’, 24 de setembro de 1976.
12 -Ibidem.
13
- “O estado de S. Paulo”, 24 de setembro de 1976
14 - “O Globo”, 24 de
setembro de 1976.
15 -
Comunicado mensal, 288 (1976): 924-925.
16 – Ibidem, pp. 925-926
17 - “Diário Popular”,
24 de setembro de 1976.
18 - “O Globo”, 24 de
setembro de 1976.
19 - Ibidem, 24 de
setembro de 1976.
29 - Ibidem,
pp. 927-928.
20 - Ibidem,
pp. 927-928.
21 - “Folha de S.
Paulo”, 4 de outubro de 1976.
22 - “Jornal do Brasil”,
5 de outubro de 1976.
23
- “Folha de S. Paulo”, 22 de outubro de 1976.
24 - “Jornal do Brasil”,
6 de dezembro de 1976.
25 - “O Globo”, 24 de
setembro de 1976.
26 - “Jornal do Brasil”,
25 de setembro de 1976
27 - Ibidem, 30 de
setembro de 1976.
28 - Ibidem, 28 de novembro
de 1976.
29 - Cf. ibidem, 7 de
dezembro de 1976.
30 - “Jornal do Brasil”,
11 de dezembro de 1976.
31 - “Jornal da tarde”,
13 de dezembro de 1976.
32 - “Folha de S.
Paulo”, 12 de março de 1977.
33 - Entrevista concedida pelo Pe Moteiro, em
06/06/2008 na residência de D. Luciano em N. Iguaçu.
Anexo: entrevista de Dom Adriano Hipólito em março de 1980
VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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_____________. Lições Sobre o Salário. Rio de Janeiro, maio de 1982.
Caderno Fé e Política. 7ª.ed. Rio de Janeiro: Reproarte, 1992.
Camurça, M. Cristãos e comunistas: uma experiência de martírio. In Bingme, M. C. e Bartholo, R. (org). Exemplanidade ética e Santidade. São Paulo: Loyola, 1994.
Comunidades Eclesiais de Base no Brasil: experiências e perspectivas. São Paulo: Edições Paulinas, 1979.
Com Causa: alternativo 19. A Cultura do Extermínio na Baixada. DIAS, Adriano. Rio de Janeiro, janeiro de 2007.
Dignidade Humana e Paz: Novo milênio sem exclusões. São Paulo: Salesianas Dom Bosco, 2000.
FRISOTTI, Heitor. Passos no Diálogo: igreja católica e religiões afro-brasileiras. São Paulo: Paulus, 1996.
HIPÓLITO, Adriano Dom. O povo de Deus assume a caminhada. Petrópolis: Vozes, 1983.
_____________. Primeiro Sínodo Diocesano de Nova Iguaçu 1987-1992. Nova Iguaçu: Diocese de Nova Iguaçu, 1992.
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_______________. Quem é Felipe Aquino. ANTONIO, Pe. Carlos. Rio de Janeiro,junho de 2007.
MESTES, C. A missão do povo que sofre. Petrópolis: Vozes, 1981.
Violência e Religião: cristianismo. islamismo e judaísmo: três religiões em confronto e diálogo. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2001.
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SOUZA, Marcelo de Barros e outros. Curso de verão. Ano III. 2ª edição. Cesep – ed. Paulinas - 1989
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, temas de doutrina social da Igreja, caderno 1, Projeto Nacional de Evangelização queremos ver Jesus. 2ª edição. Paulinas – SP - 2006
Arns,D Paulo Evaristo prefacio. Brasil nunca mais. 13ª edição. Vozes Petrópolis - 1986
Seminário,UFRJ,UFF,OUTRAS. 1964-2004 40 anos do Golpe. Ditadura Militar e Resistência no Brasil. Niterói/Rio de Janeiro –2004.
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