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Catedral de Sto Antonio. |
Tal
atentado teve duas características:
I
- Desacreditar o trabalho da Diocese que
caminhava a passos longos para construção da comissão de Justiça e paz.
II - Semear a divisão entre os membros
da Diocese.
Esse atentado foi de caráter intelectual, haja visto que as ameaças até mesmo o sequestro
que o bispo sofreu não pararam o plano da Diocese de apoiar perseguidos e os
movimentos populares e as pastorais sociais.(Veja na publicação atentado ao Bispo de Nova Iguaçu)
Presbitério da Catedral de stº Antonio |
Mensagens
como essas foram pichadas na Catedral de Nova Iguaçu e nas outras Igrejas da Diocese de Nova Iguaçu. No bairro da Prata, mataram um filhote de pastor alemão que
incomodava os pichadores quando executavam a pichação, na referida Igreja,
deflagrando um cartucho de munição, usado pelas forças armadas na Catedral de
Santo Antônio, foi testemunhada pelo vigia de uma construção que disse ter
visto tal cena e que os indivíduos chegaram em carro preto e iniciaram a
pichação, sendo que enquanto um praticava a ação, outro vigiava para não serem
surpreendidos por ninguém.
Tal
ação foi respondida pelo Bispo Diocesano, dizendo que tais pessoas eram
incapazes de entender que a doutrina social da Igreja não tem nada a ver, com o
marxismo, e não representava uma ameaça para a segurança nacional e sim uma
necessidade de se estar no meio do povo para experimentar o sofrimento do
pequeno excluído do sistema.
As
pichações foram logo removidas pelos zeladores, da catedral e demais paróquias,
despertando no povo e no clero como no Bispo uma necessidade de se dá uma
resposta à altura, marcando uma missa como resposta iniciada com execução do
hino nacional brasileiro e foi enviada uma carta ao ministro da Justiça, Senhor
Petrônio Portela, solicitando providências, o povo começa a pinchar as ruas,
apoiando Dom Adriano e a sua luta contra a ditadura, e Dom Adriano recebe o
apoio dos Bispos, que compõem o Regional Leste I3, pelo menos de quatro
Bispos de forma direta: Dom Waldir, Bispo
de Volta Redonda, que respondia a IPM, por incentivar greves e questionar o
uso da força para os operários na CSN em Volta Redonda.
- "Se a luta é do povo devemos apoiar...”4.
Esse
lema trouxe Dom Waldir para o apoio a Dom Adriano, enquanto o Cardeal do Rio de
Janeiro se via em uma situação complexa, dizendo aos jornais que os problemas
de Nova Iguaçu deveriam ser resolvidos pelo Bispo de Nova Iguaçu5.
Na missa de segunda feira, 19 de novembro de 1979, a Igreja Mãe da Baixada recebe centenas de pessoas, quatro Bispos e quinze padres na missa que era a maior resposta ao ato das pichações, onde Dom Adriano destacava:
Na missa de segunda feira, 19 de novembro de 1979, a Igreja Mãe da Baixada recebe centenas de pessoas, quatro Bispos e quinze padres na missa que era a maior resposta ao ato das pichações, onde Dom Adriano destacava:
- "Sempre que a Igreja se coloca ao lado do pobre e oprimido é atacada por um pequeno grupo de burgueses radicais”. 6
Relíquias do atentado exposta na Catedral de Stº antonio |
Um
mês depois nas ruas de Nova Iguaçu eram
distribuído panfletos e cartazes em oposição aos Bispos que comungasse e
pregasse a Teologia da Libertação e ainda dizia que a Igreja estava resgatando
a bandeira de Prestes, a crítica maior era aos Bispos: Hélder Câmara, Evaristo
Arns e Ivo Lorscheiter.
Quando
zelador, senhor Ronaldo se aproximava do altar na Catedral, no dia 20 de
dezembro
de 1979, às onze horas, uma explosão foi acionada próxima ao tabernáculo
sagrado, destruindo
por inteiro e danificando as paredes da Igreja Mãe da Baixada. A bomba encheu a
catedral de fumaça e logo depois de gente e foi encontrada uma carta datilografada:
·
“Use
a casa de Deus para os fins a que ela se destina, talvez seja essa palavra que
a sua santidade o Papa lhe dirija em solidariedade. Morte PCB. Ass.: VCC”7.
A
carta já fazia menção da visita do Papa João Paulo II no ano de 1980. O
professor Silvio, que na época trabalhava próximo, correu como um dos curiosos
para o local, porém, antes ligou para o Jornal do Brasil, que segundo o
professor dava mais atenção para a esquerda no Brasil, Dom Adriano, chega ao
local e convoca uma reunião para se decidir sobre o que fazer e se decidi
fechar as Igrejas da Baixada no domingo, 23 de dezembro de 1979, em protesto
contra tal ato de violência. O povo vinha rezar e a Igreja estava fechada e
estava convocado para uma vigília na Catedral no dia 24 de dezembro, a partir
das dezoito horas e o povo respondeu lotando a Igreja Mãe e reza pelos que
executaram o atentado, pedindo que tal crime seja apurado pelas autoridades. Novamente,
Dom Adriano recebe o apoio do povo, de padres, de Bispos, de associações de
moradores e sindicalistas, sem mencionar as diversas Igrejas Evangélicas que lhe
enviaram cartas de apoio.
No
dia 30 de dezembro aconteceu a grande missa de protesto e desagrado à
santíssima eucaristia8, contou com a presença de diversos
'padres, de seis Bispos do Regional Leste I da CNBB , que
tinham a função de fortalecer o desejo de um país livre do regime.
- "Envia tua Palavra I Palavra de libertação que vem -trazer a esperança e ao pobre a libertação”.9.
Esse
canto anunciava a leitura do Evangelho do dia dedicado a Sagrada Família, e
a pregação foi
um momento de
partilha realizada pelos
Bispos presentes: Continuemos
nesta luta, nesta caminhada de fidelidade ao Cristo, no irmão mais pobre,
oprimido e não podemos ter medo”, palavras de Dom Adriano no meio de sua
pregação dando força e coragem para o povo que estava presente.
E
Dom Waldir confirmava sem a luta e do povo organizado não teriamos um país
livre, precisa-se continuar para que a mudança aconteça. A proposta de uma
Igreja envolvida nas lutas sociais, nas mudanças sociais, onde o próprio Cristo
foi imolado devido ao orgulho e o egoísmo de uns poucos que desejam se manter
no poder para continuar a explorar o povão que não percebe que pelo qual motivo
tiveram a coragem de profanar o santíssimo sacramento.
Logo
após a missa foi realizada uma procissão pelas ruas de Nova Iguaçu, reunindo
uma multidão de fiéis, seis Bispos e uma centena de padres, que lamentava tal
atentado.
1 - Jornal
Luta Democrática, página 03 e Jornal do Brasil, 2º caderno de 23 de novembro de
1979 - página 05.
2 - De Acordo com Pe Monteiro(na época um dos principais colaboradores da
Diocese) e sr Ronaldo ( na época sacristão e zelador da Catedral).
3 - Bispos do estado do Rio de Janeiro na época com oito dioceses
3 - Bispos do estado do Rio de Janeiro na época com oito dioceses
4 - Frase
ainda hoje usada pelo referido Bispo, ouvida pelo autor no encontro de Leigos
Católicos do Rio de Janeiro no ano de 1998, em Valença- RJ .
5 - Jornal O
Globo, 12 de novembro de 1979.
6 -
Conforme documento arquivado na Cúria Diocesana de N. Iguaçu.
7 – Esse é o um trecho da carta que está
arquivada na Cúria Diocesana (Rua D. Adriano Hipólito n 8 Moquetá – N. Iguaçu).
8 -Para os
católicos e o próprio Deus. Jesus sendo o sacramento principal da igreja, tal
atentado foi um sacrilégio.
9 – Toda A
liturgia de 30/12/79 esta no arquivo diocesano. (
Rua: Adriano Hipólito n 8 Moquetá – N.
Iguaçu), inclusive os discursos realizados pelos Bispos.
Anexo: entrevista de Dom Adriano Hipólito em março de 1980
VII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
A Folha. Recordando a Bomba de Dezembro. Rio de Janeiro, março de 1980.
_____________. Lições Sobre o Salário. Rio de Janeiro, maio de 1982.
Caderno Fé e Política. 7ª.ed. Rio de Janeiro: Reproarte, 1992.
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Comunidades Eclesiais de Base no Brasil: experiências e perspectivas. São Paulo: Edições Paulinas, 1979.
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Dignidade Humana e Paz: Novo milênio sem exclusões. São Paulo: Salesianas Dom Bosco, 2000.
FRISOTTI, Heitor. Passos no Diálogo: igreja católica e religiões afro-brasileiras. São Paulo: Paulus, 1996.
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_____________. Primeiro Sínodo Diocesano de Nova Iguaçu 1987-1992. Nova Iguaçu: Diocese de Nova Iguaçu, 1992.
Jornal Caminhando. Da Comissão Justiça e Paz ao Centro de Direitos Humanos: 25 anos de caminhada. MENESES, Antonio. Rio de Janeiro, março de 2003.
_______________. Quem é Felipe Aquino. ANTONIO, Pe. Carlos. Rio de Janeiro,junho de 2007.
MESTES, C. A missão do povo que sofre. Petrópolis: Vozes, 1981.
Violência e Religião: cristianismo. islamismo e judaísmo: três religiões em confronto e diálogo. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2001.
WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: as religiões do mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
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SOUZA, Marcelo de Barros e outros. Curso de verão. Ano III. 2ª edição. Cesep – ed. Paulinas - 1989
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, temas de doutrina social da Igreja, caderno 1, Projeto Nacional de Evangelização queremos ver Jesus. 2ª edição. Paulinas – SP - 2006
Arns,D Paulo Evaristo prefacio. Brasil nunca mais. 13ª edição. Vozes Petrópolis - 1986
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