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Quando
resolvemos fazer memória desta História a primeira motivação foi a
nossa participação em um encontro de Circulo Bíblico no fim do ano de 1993 na Paróquia N. Sra. conceição em Japeri, onde foi recordado sobre o atentado da Catedral de Stº Antônio de Jacutinga e na nossa caminhada rumo a conversão ao
Evangelho, nos sentimos no dever de pesquisa de forma mais profunda sobre esse momento da História Brasileira e em
particular da Baixada Fluminense e o fato
em questão e toda a pesquisa esta arquivados
na Cúria Diocesana de Nova Iguaçu[1] e aqui neste nosso blog
publicado em 6 partes conforme
apresentado acima. Destacamos
ainda as acusações de que a Diocese não estava de acordo com as diretrizes da
Igreja romana quando em sua caminhada se dedica no anuncio do evangelho de
Jesus com seu testemunho e gesto concreto, se envolvendo nas lutas do
povo que só quer ser tratado como gente e não deseja ser coisificado pelo sistema. O próprio bispo Waldir após a pregação na
catedral de Nova Iguaçu foi chamado por um coronel que se fazia presente na
liturgia para se explicar, pois aquele sermão era algo que estava mexendo com
os brilhos do poder instituído. O bispo Waldir disse:
· “O que eu falei é alguma mentira?” 2
Enfim
quando se fala do período da ditadura militar no Brasil, nos tínhamos a coragem
de maquiar e até mesmo existe aqueles que pensam, que naquele tempo não se via
tanta corrupção e desvio de verba
publica. Talvez quem pense, desta forma
não perceba que o primeiro roubo, que o povo sofreu foi a perda do direito de
dizer; sim ou não, como disse o bispo Waldir no III encontro de Fé e política
do Rio de Janeiro em 19 de abril de 2008.
Outra
questão que podemos afirmar: que o Bispo Adriano quando chegou a Nova Iguaçu
era um homem das elites da Igreja e durante o tempo que esteve na Baixada o faz
uma experiência de conversão e chega assumir:
· “Na Baixada foi que me converti ao
evangelho”3
Pe.
Dinarte, relata que na sua posse houve
toda uma cerimônia de beija-mão de Dom Adriano na Diocese de
Nova Iguaçu, que dificilmente depois de
toda perseguição ele (D. Adriano) não
aceitaria. Não recorda de Dom
Adriano neste período de mais de 50 anos seria uma falha com toda nossa História de luta. Um Bispo que de forma direta ou indireta, constrói
a Igreja da Baixada com um rosto, uma
identidade de comunhão com o povo perseguido.
No ano de 2007 o autor deste trabalho teve a honra de
participar na organização do VI Encontro Nacional de Fé e Política, onde a memória desta luta e desta História
foi celebrada por todos os homens e mulheres que vieram de todas as partes do
Brasil. Contando com a participação de Cinco mil pessoas que se reuniram na Baixada
nos dias 10 e 11 de novembro daquele ano, refletindo essa mística da
Fé e Política e novamente setores conservadores da sociedade questionaram essa
diretriz da Diocese ora setores da
direita ou setores que se dizem
apolíticos, chegaram ao ponto de acusar o atual bispo D. Luciano de não esta de
acordo com as diretrizes de Roma.
Dom Luciano Bergamin atual Bispo Diocesano. |
Por
isso, durante o período da ditadura sempre esteve ao lado dos perseguidos e
apoiando os grupos que eram sinais de que Reino Deus começa aqui. A Diocese é
grata ao Bispo Adriano que ousou colocar
em pratica as atitudes do evangelho de Jesus onde se tem clara a questão de Ele
esta naquele que sofre dos males do mundo:4
o frio, a fome, o desemprego e sobretudo a perseguição política-religiosa. Por
isso a proposta de um plano de Pastoral voltado para base para esses que
nada têm, na Igreja inculturada na realidade e é isso que vai gerar as perseguições como caso do coronel Moraes
que acusa o jornal “A Folha” de comunista e subversivo. Então dom Adriano, traz
um exemplo e fala se tivesse algo de comunista na folha ele mandaria fecha-la.
· “O que é escrito na folha é somente a
verdade do Evangelho.”5
Uma
semana depois dom Adriano foi sequestrado. Apesar de tal violência, a Diocese
não mudou o rumo de trazer a Igreja para a realidade dos povos da Baixada. Toda
tentativa de sufocar o projeto Pastoral da Igreja no Brasil foi inútil, pois a
abertura aconteceu e ainda maior, pois até hoje se têm órgãos que denunciam as
torturas do regime. Não se pode negar que a Baixada
Fluminense teve a sua vida alterada, uma região que era um palco de violência
contra os direitos humanos e a cidadania na pessoa de Dom Adriano e da Diocese de Nova Iguaçu vem reclamar pelo Direito de ser mais que um espaço para a participação popular e mesmo depois da
criação das Dioceses de Duque de Caxias e Itaguaí não perde as suas
referências de ser a Igreja Mãe da Baixada.
O
documento e Puebla em 1979 fortaleceu a opção da Diocese em
adotar uma prática, de viver o evangelho na cultura do popular. Quando conhecemos Dom
Adriano, não tínhamos a noção do
sofrimento que o mesmo experimentou, por ter colocado em prática o projeto da
Igreja do Brasil, seja os seus
documentos ou estudos que cada ano se propunha analisar a realidade política
nacional. Neste contexto nasce o centro Sociopolítico que ajuda a conscientizar
o povo sobre a questão da política, através de cursos, fóruns e palestras.
A Igreja Diocesana assume a CF (Campanha da
Fraternidade) como uma prioridade, realizando cada vez mais movimentos com a
massa, com celebrações que nos ajuda refletir sobre a nossa consciência critica. A Diocese apoia a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e outros
movimentos que defendem a dignidade da pessoa humana. Para
aqueles que conheceram Dom Adriano, nas suas lutas e na sua vida de anúncio do
evangelho que: “aqui se começa um novo céu”6
e uma terra. Não se pode parar o
projeto de transforma a Igreja da Baixada
em Igreja povo de Deus que assume
sua caminhada.
As relíquias do atentado
foram expostas durante todo ano de 1980 e até hoje se encontram expostas(FOTO) à
esquerda do altar (próximo ao sacrário), na Catedral de Santo Antônio em Nova
Iguaçu7, em um nicho construído para tal
finalidade e na Cripta do mesmo endereço onde se encontra o resto mortal de dom
Adriano, existe uma exposição sobre a sua pessoa e todo fato aqui narrado. A
Diocese se fortaleceu e o país se abriu, e hoje se tem o orgulho de ter
participado do projeto de abertura política do país e de uma Igreja fechada em Igreja do Povo de
Deus que assume caminhada.
No ano de 2010 fizemos celebramos o jubileu de ouro da Diocese de Nova onde fizemos questão de recorda as palavra de Dom Adriano.
“Temos que continuar,
o céu começa aqui;
Jesus Cristo está conosco.
Que Deus lhe pague!”
(Dom Adriano *1918-1996)
[1] Rua:
D. Adriano Hipólito nº 08 – Moquetá /
Nova Iguaçu sobre a responsabilidade do
profº Antônio Lacerda de Menezes
2 - entrevista concedida em 19 de abril de 2008
no III encontro de Fé e Política do Rio de Janeiro.
3 - frase dita por D. Adriano no II sínodo de N. Iguaçu.
6 -
Apocalipse de S. João 21,2-3.
7 Av:
Marechal Floriano centro de N. Iguaçu
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