terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Pai começa o começo?"

Quando eu era criança aos domingos  lá em casa era uma festa tinha a famosa galinha com batata de minha mãe a Dona Iracilda e no fim pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai o seu Francisco (um pedreiro que tinha dificuldade de entender o amor de Pai, afinal a sua relação com seu Pai não fora a melhor) e eu  pedia:

“- Pai, começa o começo!”.

Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim.  Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.  Meu pai se separou da minha mãe e agente não conviveu por mais de 12 anos, tivemos momentos que tive de dizer as verdade que  estava presa no meu peito para ele, momentos que ele precisou que fosse o seu filho da emergência e eu fui, ate que em abril de 2015 ele voltou para o nosso Pai comum.   Há muito tempo e há anos (muitos, aliás) não sou mais criança.   Mesmo assim, nas dificuldades, quando tenho grandes tangerinas (para não  dizer abacaxi),  sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que encontrei e ainda encontro pelo caminho da vida.        

     Hoje, minhas “tangerinas” são outras.  Eu   preciso “descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção da relação comunitária eclesial, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas dos amigos, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.     Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis verdes......  

Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo Papai quando lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta.  O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me leva a pedir ajuda a Deus, meu Pai do o nosso Papai do  Céu, que nunca morre e sempre está ao nosso lado.   Tive um pai terreno me ensinou do seu jeito  a amar e respeitar a vida e hoje eu sei que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.  Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus que é nosso Abba (Romanos 8,15):

“Pai, começa o começo!”.

Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos pela frente.  Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno do Pai do Céu para pedir, sempre que for preciso: “Pai, começa o começo!”.

Na eternidade onde meu  pai terreno foi morar em 2015  sabe que ele  é o começo de tudo que SOU E MINHAS MENINAS  TAMBÉM IRÃO  SABER QUE SOU O COMEÇO DE TUDO QUE ELAS SÃO,  QUE SÓ POSSO CONTINUAR,  POR QUE ELAS ME FORAM CONFIADAS PELO GRANDE ABBA NA MISSÃO DE SER  O PAI IMPERFEITO, com a missão refletir a perfeição do Pai do Céu.

DNonato






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