Nessa semana que tivemos uma
carta onde se fala do Estado Democrático, onde o atual presidente confirmou sua
pretensão de continuar presidindo o país somos chamados a refletir sobre a
ganância e ambição. Todos os possíveis candidatos tem a solução para
todas as crises, todos culpam outros pelas mesmas crises, aqui citando Maquiavel:
“Quanto mais próximo o homem estiver de um desejo, mais o deseja; e se não
consegue realizá-lo, maior dor sente” e diante da derrota vai agir como um
louco e ainda citando o mesmo autor para o contexto evangélico de hoje: “Mas a
ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não
pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.”
Os textos de hoje da
liturgia são os seguintes: Eclesiastes 1,2; 2,21-23; Salmo 89 (90) Refrão:
Senhor tendes sido o nosso refúgio através das gerações; Colossenses 3,1-5.9-11
e o evangelho que vamos meditar é o texto de Lucas 12,13-21.
Jesus não é socialista
ou comunista, mas temos plena certeza que Ele passa longe do modelo neoliberal
capitalista que até mesmo é defendido por certas lideranças
religiosas. O texto desse domingo é uma dura critica aos ambiciosos
que visam o aumento de fortuna e fazem dela sua motivação para viver. No
contexto patriarcal judaico o filho mais velho recebia toda benção do pai
vejamos no contexto de Esaú e Jacó[1] onde Jacó
rouba a benção de Esaú e nesse contexto que Jesus é chamando e legislar, para
houvesse uma divisão da herança entre os irmãos. Ainda hoje há
que acredite que pela primogenitura tem direito ao patrimônio da família de
forma integral, mas Jesus quando responde demonstrando que ambição, ganância e
o acumulo não são aprovados por Deus e que a morte é prêmio final.
Olhando para o Brasil: com 33 milhões de famintos, para as filas dos
hospitais e outras mazelas que são consequências de políticas gananciosas e
cruéis de uma classe política que nesse tempo de eleição tem respostas prontas
para todas dores e sofrimentos do povo. Jesus de
Nazaré, o filho da Dona Maria e Seu José não esta fora dessa realidade. Ele
percebe certa cobiça, quando o homem pede que determine que irmão faça a
partilha da herança, que determine que coisa seja feita de forma fraterna,
Jesus busca demonstrar que a posse não nos livrará da morte, o desejo do ter é
algo que motiva o humano, quando a maior motivação deveria ser viver, pois os
ambiciosos e gananciosos passam pelo campo da avareza e sempre é uma ser
possessivo.
Neste tempo que certo
Bispo diz que a pessoa deve colocar em testamento a doação do patrimônio para
Igreja ou ainda lideres religioso como o homem do evangelho de hoje, que usam a
frase que deve fazer o dinheiro trabalhar por ele, Igrejas que se tornam
verdadeiras empresas burocráticas e dependentes do modelo onde o acumulo dos
valores monetário é sua meta, deixando a obra de evangelização em segundo, para
não dizer em último plano, fugindo totalmente da essência da proposta de
Jesus. Esses mesmo religiosos com toda nomeação ou consagração não
passam de empresário do sagrado e nada de sagrado podem ter, mesmo com toda
honra dada pelos homens. Não podemos permitir a desumanização do
humano e fuga constante da nossa vocação de cristãos compromissados com a
construção de projeto de um Reino e aqui olhamos para o evangelho do domingo
passado quando Jesus nos ensinou a dizer Pai Nosso e o pão nosso[2] não
podemos aceitar essa cultura do produzir e fazer como no caso do evangelho lido
há uns dias atrás que Jesus questiona o ativismo de Marta[3] se
deixando escravizar pelo desejo do possuir mais e muito mais e ainda citando
Maquiavel que dizia que os fins justifica os meios devemos nos questionar qual
dos irmãos que devemos ser ou se somos o homem da parábola que esta preocupado
em acumular, fechando nosso coração ao projeto de Deus que é Pai de todos, se
desejando levar pelas paixões humanas como diz São Paulo: Pois mudaram
a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o
Criador, que é bendito eternamente. Amém.[4]
Jesus não foi e não é
comunista ou tão pouco ligado ao modelo capitalista do sucesso ou da tal
meritocracia etc., a palavra de hoje nos questionar e nos leva a refletir sobre
os nossos desejos e ambições, a uberização do mercado de trabalho, a
preocupação em ter um patrimônio, o consumismo, a preocupação com o lucro, com
retorno financeiro ou quanto posso gastar no credito ou no debito e assim vamos
perdendo a noção do quanto somos humanos filhos e filhas de Deus de Amor.
Não cabe ao Senhor tomar
partido e realizar a divisão patrimonial de ninguém, de fato se acredita que
ambos os irmãos estava entre a multidão, pois quando havia qualquer conflito de
interesses era comum que as partes se apresentassem diante de uma pessoa idônea
para decidir, diante dos 14 milhões de desempregados, dos 33 milhões de
famintos e de outras misérias que o Brasil vive precisamos tomar uma posição,
fazendo a nossa parte. A ganância de uns e outros que possuem todos
os auxílios carro, moradia e outras vantagens deveria nos deixar
indignados e também nós olharmos para o nosso
próximo e aqui voltamos
lá no 15ª
Domingo do Tempo Comum, quando Jesus nos questiona quem é nosso
próximo.
Diante da morte de uma
pessoa que amamos sentimos a incapacidade de poder voltar atrás e dizer o
quanto ela é importante para nós. O evangelho de hoje é um alerta para todos
nós que pensamos só em produzir e ter ainda nos faz recorda de um jovem que com
18 anos dizia que quando ficasse bem velhinho entraria para uma Igreja e
serviria a Deus de todo coração, infelizmente ele faleceu aos 20 anos, vitima
da violência urbana ou ainda para uns e outros que dizem que não tem
tempo para ir a Igreja, para rezar, para estar com a família e só
tem o tempo para o trabalho devido a cultura do deus Capital com seu filho
Mercadoe com Espirito do Consumismo sendo a tríade que nos escraviza e nos
reduz zumbi e nos tira a vida e ainda como um zumbi ativista,
que j executa e faz a mola do mercado andar. E centro dessa mensagem
é a preocupação com a ganância e meditemos nesse contexto e aqui ficamos com o
pensamento de santo Agostinho:
“Deus não será
maior se o respeitas, mas tu serás maior se o servires.”
[1] Genesis
27
[2] Um
olhar no texto de São Lucas 11,1-13 - 17ª Domingo do Tempo Comum
[3] Um
olhar no texto de São Lucas 10,38-42 - 16ª Domingo do Tempo Comum
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