sábado, 30 de julho de 2022

Um olhar no texto de São Lucas 12,13-21 - 18º Domingo do Tempo Comum

 

Nessa semana que tivemos uma carta onde se fala do Estado Democrático, onde o atual presidente confirmou sua pretensão de continuar presidindo o país somos chamados a refletir sobre a ganância e ambição.  Todos os possíveis candidatos tem a solução para todas as crises, todos culpam outros pelas mesmas crises, aqui citando Maquiavel: “Quanto mais próximo o homem estiver de um desejo, mais o deseja; e se não consegue realizá-lo, maior dor sente” e diante da derrota vai agir como um louco e ainda citando o mesmo autor para o contexto evangélico de hoje: “Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.”

Os textos de hoje da liturgia são os seguintes: Eclesiastes 1,2; 2,21-23; Salmo 89 (90) Refrão: Senhor tendes sido o nosso refúgio através das gerações; Colossenses 3,1-5.9-11 e o evangelho que vamos meditar é o texto de Lucas 12,13-21.

 Jesus não é socialista ou comunista, mas temos plena certeza que Ele passa longe do modelo neoliberal capitalista que até mesmo é defendido por certas lideranças religiosas.  O texto desse domingo é uma dura critica aos ambiciosos que visam o aumento de fortuna e fazem dela sua motivação para viver. No contexto patriarcal judaico o filho mais velho recebia toda benção do pai vejamos no contexto de Esaú e Jacó[1] onde Jacó rouba a benção de Esaú e nesse contexto que Jesus é chamando e legislar, para houvesse uma divisão da herança entre os irmãos.   Ainda hoje há que acredite que pela primogenitura tem direito ao patrimônio da família de forma integral, mas Jesus quando responde demonstrando que ambição, ganância e o acumulo não são aprovados por Deus e que a morte é prêmio final.
Olhando para o Brasil:  com 33 milhões de famintos, para as filas dos hospitais e outras mazelas que são consequências de políticas gananciosas e cruéis de uma classe política que nesse tempo de eleição tem respostas prontas para todas dores e sofrimentos do povo.     Jesus de Nazaré, o filho da Dona Maria e Seu José não esta fora dessa realidade. Ele percebe certa cobiça, quando o homem pede que determine que irmão faça a partilha da herança, que determine que coisa seja feita de forma fraterna, Jesus busca demonstrar que a posse não nos livrará da morte, o desejo do ter é algo que motiva o humano, quando a maior motivação deveria ser viver, pois os ambiciosos e gananciosos passam pelo campo da avareza e sempre é uma ser possessivo.

 Neste tempo que certo Bispo diz que a pessoa deve colocar em testamento a doação do patrimônio para Igreja ou ainda lideres religioso como o homem do evangelho de hoje, que usam a frase que deve fazer o dinheiro trabalhar por ele, Igrejas que se tornam verdadeiras empresas burocráticas e dependentes do modelo onde o acumulo dos valores monetário é sua meta, deixando a obra de evangelização em segundo, para não dizer em último plano, fugindo totalmente da essência da proposta de Jesus. Esses mesmo religiosos  com toda nomeação ou consagração não passam de empresário do sagrado e nada de sagrado podem ter, mesmo com toda honra dada pelos homens.  Não podemos permitir a desumanização do humano e fuga constante da nossa vocação de cristãos compromissados com a construção de projeto de um Reino e aqui olhamos para o evangelho do domingo passado quando Jesus nos ensinou a dizer Pai Nosso e o pão nosso[2] não podemos aceitar essa cultura do produzir e fazer como no caso do evangelho lido há uns dias atrás que Jesus questiona o ativismo de Marta[3] se deixando escravizar pelo desejo do possuir mais e muito mais e ainda citando Maquiavel que dizia que os fins justifica os meios devemos nos questionar qual dos irmãos que devemos ser ou se somos o homem da parábola que esta preocupado em acumular, fechando nosso coração ao projeto de Deus que é Pai de todos, se desejando levar pelas paixões humanas como diz São Paulo:  Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.[4]

Jesus não foi e não é comunista ou tão pouco ligado ao modelo capitalista do sucesso ou da tal meritocracia etc., a palavra de hoje nos questionar e nos leva a refletir sobre os nossos desejos e ambições, a uberização do mercado de trabalho, a preocupação em ter um patrimônio, o consumismo, a preocupação com o lucro, com retorno financeiro ou quanto posso gastar no credito ou no debito e assim vamos perdendo a noção do quanto somos humanos filhos e filhas de Deus de Amor.

Não cabe ao Senhor tomar partido e realizar a divisão patrimonial de ninguém, de fato se acredita que ambos os irmãos estava entre a multidão, pois quando havia qualquer conflito de interesses era comum que as partes se apresentassem diante de uma pessoa idônea para decidir, diante dos 14 milhões de desempregados, dos 33 milhões de famintos e de outras misérias que o Brasil vive precisamos tomar uma posição, fazendo a nossa parte. A ganância de uns  e outros que possuem todos os auxílios carro, moradia  e outras vantagens deveria nos deixar indignados  e  também nós olharmos para  o nosso próximo e aqui  voltamos lá  no     15ª Domingo do Tempo Comum, quando Jesus nos questiona quem é nosso próximo.

Diante da morte de uma pessoa que amamos sentimos a incapacidade de poder voltar atrás e dizer o quanto ela é importante para nós. O evangelho de hoje é um alerta para todos nós que pensamos só em produzir e ter ainda nos faz recorda de um jovem que com 18 anos dizia que quando ficasse bem velhinho entraria para uma Igreja e serviria a Deus de todo coração, infelizmente ele faleceu aos 20 anos, vitima da violência urbana ou ainda para uns  e outros que dizem que não tem tempo para  ir a Igreja, para rezar, para estar com a família e só tem o tempo para o trabalho devido a cultura do deus Capital com seu filho Mercadoe com Espirito do Consumismo sendo a tríade que nos escraviza e nos reduz zumbi e nos tira a vida e ainda como  um zumbi  ativista,  que j executa e faz a mola do mercado andar.  E centro dessa mensagem é a preocupação com a ganância e meditemos nesse contexto e aqui ficamos com o pensamento de santo Agostinho:

 “Deus não será maior se o respeitas, mas tu serás maior se o servires.”

 



[1]  Genesis 27

[2]  Um olhar no texto de São Lucas 11,1-13 - 17ª Domingo do Tempo Comum

[3] Um olhar no texto de São Lucas 10,38-42 - 16ª Domingo do Tempo Comum

 [4]  Romanos 1,25

 

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