sábado, 16 de julho de 2022

Um olhar no texto de São Lucas 10,38-42 - 16ª Domingo do Tempo Comum

Neste domingo nossa solidariedade aos familiares e amigos de Marcelo Arruda que na sua festa de 50 anos foi alvejado e veio óbito por causa de sua opção política partidária, nosso olha para realidade deve ser um pedido pela paz e direito legitimo de se manifesta seja de direita ou esquerda e talvez nesse momento se faça necessário reler a mensagem da CNBB de 22 de abril de 2022.


Ø 
“Nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós. A desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural visibilizada nos tempos de hoje. Urge não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs), aumentou 325% de 2018 a 2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade” (Papa Francisco, 21 de março de 2022), particularmente quando alimentado por discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a fraternidade. A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser. A vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social e o bem comum, sempre no respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade religiosa e a verdade, dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição para a verdadeira paz.”.

 Dito isto vamos juntos ver as leituras deste domingo: 1ª leitura Genesis 18,1-10; Salmo de resposta 14 (15) com Refrão Quem habitará Senhor, no vosso santuário? 2ª Leitura Colossenses 1,24-28 e o Evangelho Lucas 10,38-42 que nos convidam hospitalidade e ao acolhimento neste 16º domingo do tempo comum.  As leituras nos sugerem uma acolhida e o reconhecimento da vontade e Deus em nossas vidas, fazendo uma experiência do discipulado e da escuta do projeto de Deus.

Aqui vale pena lembra-se de uma entrevista do Papa Francisco que diz: “... quem pensa em ser protagonista ou empresário da missão, com todos os seus bons propósitos e as suas declarações de intenção muitas vezes termina por não atrair ninguém” [1]. Nesse campo queremos lembra que todo mover da Igreja deve ser por causa do Cristo e aqui anda recordamos outra frase de Francisco no Brasil com os jovens da Argentina; "As paróquias, as instituições foram feitas para sair. Se não saem, viram uma ONG, e a Igreja não deve ser uma ONG” [2] e nesse mesmo encontro o Papa Francisco nos recordou que e a Igreja não é uma organização assistencial, uma empresa ou uma ONG, tudo haver hoje com uma espiritualidade do fazer ou do produzir para sermos vistos.

 O episodio de hoje acontece na casa dos amigos de Jesus, ou seja, eram pessoas muito próximas do Mestre (era casa de Marta e Maria) irmãs do amigo Lázaro de Betânia referidas em Jo 11,1-40 e Jo 12,1-3 foi um ponto de apoio para o Mestre no seu caminho rumo a Jerusalém.  Jesus viaja com uma comitiva e para acolher toda essa gente Marta devia estar desesperada para servi o melhor para esse grupo e Maria se senta aos pés do Mestre[3] para ouvi-lo e aqui vale a pena refletir que as mulheres não tinham o direito de aprender (não podiam ser discípulas), por questão cultural até Marta se dirige a Jesus para que Ele tome uma posição e obrigue que a sua irmã vá ajuda-la. Aqui temos dois modelos de espiritualidade, que muitas das vezes são colocados em conflitos. Pedimos um espaço para trazer um fato que vivemos a um tempo atrás que  podemos contar.  Fomos até uma Igreja   para conhecer e  no primeiro dia na paroquia  o Padre nos perguntou na porta da Igreja   quando iriamos se torna dizimista dele, (não da Igreja) e na segunda vez que lá estivemos  foi feita a mesma pergunta e não voltamos para não ter o desprazer de responde-lo de forma deselegante, talvez o nosso problema seja os excessos no fazer  ou rezar e se encontramos o equilíbrios e com testemunho coerente seremos cristãos de verdade.      Um grupo só reza e vai a Igreja outro só faz e esquece-se de acolher o ensinamento e a vontade de Deus.  Podemos pedir apoio ao texto da ressurreição de Lazaro[4] quando as irmãs sabem que o Mestre se aproxima, Maria fica em casa e Marta vai ao encontro e faz uma profissão de fé similar a de Pedro reconhecendo a Filiação divina de Jesus.  

Uma das criticas de Jesus é a necessidade do fazer, fazer, e fazer e se esquece de parar e refletir e ouvir a voz de Deus e aqui vale para todos os lideres religiosos que vivem e se preocupa com resultado final e ainda citando o Papa Francisco: [5] A Igreja cresce por atração, atração. E a transmissão da fé se dá com o testemunho, até o martírio.  Marta e Maria são exemplos de mulheres que fieis a Jesus por mais que muitos tentam transforma uma em vilã aqui não há espaço para isso. 

Outro dia íamos para o trabalho dentro de um trem cheio lia uns artigos preparando essa reflexão e olhando somente para o celular a nossa frente tinha um homem com um terço na mão rezando em silêncio e só pudemos nota-lo quando íamos descer na estação do nosso destino e talvez que nos falte como participantes da Igreja seja o respeito e ser gratos por aqueles que estão na ação pastoral, por aqueles que rezam que fazem a intercessão e ainda mais juntar esses dois lados.  Não podemos transforma toda missa em missa com benção do santíssimo ou toda missa um espaço para falar dos problemas sociais que cercam nossas Igrejas, se faz necessário juntar forças o agir de Marta e Maria, aqui não existe mais ou menos.  Problema de Marta foi querer impor a irmã seu ritmo o seu jeito de agir e aqui vale a pena lembrar citar[6] 

  • Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitarem. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus. Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele

1 - Papa Francisco na entrevista  ao livro-entrevista intitulado "Sem Ele não podemos fazer nada" do jornalista Gianni Valente
2 - Discurso aos Jovens argentinos na JMJ 2013
3 -  Atitude de Discipula  Lucas 8,35; Atos 22,3
4 - João 11
5 - Em 3 de maio de 2018  
6 - Eclesiastes 3,1-14


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