sábado, 19 de fevereiro de 2022

Um Olhar no texto de Lucas 6, 27-38 - 7º Domingo do Tempo Comum.

Neste dias em que vivemos de forma intensa as dores de uma  catástrofe,  em uma   cidade  considerada  uma das mais bonitas do Estado do  Rio de Janeiro,   o Evangelho de hoje no versículo 36 fala da misericórdia para com o próximo.  Jesus continua o sermão da planície e hoje apresenta o projeto de Um  Deus que é Pai de todos,   este é  o modelo,    que devemos seguir, e como cristão  prática a não violência. Nos últimos anos  ouvimos e multiplicamos o discurso de ódio e da  violência como resposta a violência.  Temos   coragem  do alto da nossa religiosidade  cristã falar  e justificar a pena de morte legal e até mesmo a pena  ilegal (o famoso CPF cancelado) praticada pelo sistema paralelo.  

O  texto de hoje é comparado com sermão da montanha,   ambos apresentam  o projeto  as multidões e de forma mais pessoal a comunidade  Apostólica.  Na Montanha de Mateus temos ali  uma discurso dentro de uma perspectiva espiritual e  na planície  de Lucas  o sermão  esta sendo colocado dentro da  realidade do dia-a-dia, onde somos tomados pelas provas de viver e conviver  na sociedade onde  temos um Deus que é Pai.  
Todos queremos a misericórdia, todos pedimos a graça do Deus  Amor   por  nossas pratica de ir na missa, celebração ou culto. Nos achamos talvez mais merecedores da compaixão, mas na hora de aplica-la para o próximo é  que perdemos a graça.  O texto  da primeira leitura de hoje  1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23 mostra como Davi agiu em relação a Rei Saul que o perseguia, o autor do texto apresenta um Davi que age por misericórdia,  pela posição de  Saul e aqui voltamos ao texto do Teólogo Leonardo Boff  na abertura da Campanha da Fraternidade de 2017  que  disse que se olharmos para outro como irmão,   haverá mudanças estruturais em toda sociedade.  

Aqui  como em Mateus, Jesus traz regra de ouro:  “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles” (v. 31). essa deve ser nossa resposta diante do mundo em todas nossas relações. Não deveríamos  apenas   cultivar  as relações  podem  nos  conceder  vantagens. Estamos  preocupados em  manter as relações com iguais  e aqui o evangelho destaca:    Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia" O  amar os inimigos é  uma proposta que nos assusta e como viver  essa realidade diante do discurso de uma sociedade que prega justa reação e ainda temos  a famosa frase  “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso”  sendo uma releitura de Levítico 19,2: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” todos queremos a tal santidade, mas esquecemos que toda santidade envolve postura de Um  Deus que é Pai como um coração inflamado  pelo amor doação.   

Diante de uma tragédia como a de Petrópolis somos todos tomados pela compaixão e somos capazes  de organizar campanhas e presta a devida solidariedade  e não nos  questionamos se entre as vitimas quem era bom ou mau. Diante da cultura de morte do CPF cancelado da violência  urbana somos capazes   de dizer  barbaridades  tipo "teve aquilo que mereceu".   

Como é difícil abraçar o projeto onde o perdão e o amor é o caminho, como rezar por uma pessoa que nos fere na  carne e na alma, pessoas que dizem conhecer o evangelho e  tem certo conhecimento teológico, com  ministério e liderança na comunidade   que fazem questão de ostentar, quando a sua  prática é farisaica da lei como a base para sua ação, agindo   em nome de Cristo com o legalismo religioso e   prega o  Cristo  como  é um Rei, longe dos excluídos. Justifica as conquistas, cometendo as maiores omissões diante da dor e sofrimento do povo. Padre Alfredinho e uma palestra  diante de 5 bispos  disse  que entre as prostitutas, cachaceiros e fora do ambiente Eclesial   há mais comunhão que dentro de muitas Igrejas suntuosas onde a misericórdia não passa na porta pelo excesso de leis e a   espiritualidade  é uma cascas. Neste espaço  que se escondem  aqueles que atacam o Padre Júlio Lancelot (embora não concorde com a fala do Padre dando os parabéns ao vereador que adentrou uma Igreja no Paraná, ao nosso ver pra causar aquilo que causou). Nesse caso o tal grupo foi   para mídia com discurso e atacando querendo que  se aplique a justa pena. Só demostramos como estão inseridos na sociedade como um todo usando de chicana,  demostrando uma espiritualidade fora do sonho de Deus.    As vezes   somos assim, reagimos   o mal com o mal, se não agir desta maneiraara atacando na visão  de uns e outros, é  não tem honra. Seguindo Jesus  com discurso, mas  a pratica é  de Barrabás.  

Olhando o modelo de São Francisco, de Gandhi, de Luther King e tantos outros  que   agiram pela paz,  sem o uso das armas ou da violência é uma  contradição  diante uma politica  que defende que  cada casa tenha uma arma de fogo. Sabemos claramente que  na realidade uma  arma em casa, poderá cair nas  mãos de  uma criança e o acidente certo, ainda temos  uma  juventude  marcada  por suas lutas e sonhos e diante  do acesso a tal ferramenta pode ter seu  futuro  comprometido  e ainda  temos adultos/idosos  diante da luta diária pode fazer o uso do jeito errado. Que dizer do jovem que chegando  em casa foi alvejado pelo vizinho  ou mesmo do vendedor  de balas  ambos  vítimas de uma  circunstâncias  e aí temos 4 famílias com seu projeto destruído em seus sonhos. Sem esquecer a cultura do CPF cancelado que a sociedade que reza aos domingos que ler essa passagem  bíblica,  justificar com frases de efeito  prontas e acha que a violência é  a solução.

Como é difícil dizer me desculpa, eu errei, foi mal e não queria te ofender e também não é fácil baixar a guarda,  se render  e perdoar. O mais barato nesse modelo pseudo cristã  atribuir o perdão a Deus, "Quem perdoa é Deus". Perdoar não significa ser omisso ou ter amnésia da dor sentida  e colaborar com a injustiça,  permitindo que os ciclos da violência se perpetue. Não podemos agir  com legalismo mas também  não devemos agir como jurisconsulto. A passividade  dita no evangelho não pode ser uma passividade alienadora ou ainda pura covardia.  Uma mulher que sofre a violência doméstica  do companheiro,  ela  tem dever e o direito de  levar ao conhecimento das autoridadese deve ter  total apoio  da Comunidade  de Fé, para superar o ciclo de violência.  Tal medida  visa garantir a integridade de ambos derrotar o ciclo da violência. São Paulo VI quando  lançou Populorum Progressio  visava  iluminar e questionar toda  a Igreja sobre o direito dos trabalhadores e até  mesmo quando  o Papa Francisco  determinou  que os clérigos  acusados  de pedofilia  sejam suspensos e submetidos ao julgamento  do tribunal civi,  se o Prelado que  tem o dever aplicar tal punição  não  o fizer,  ele  será considerado culpado do mesmos  erro.   A nossa  resposta  com a não violência não pode ser uma desculpa pra compactuar com  os erros e com a injustiça que podemos cometer como sociedade.

  O compromisso do cristão é a prática evangélica,  não pode ser  uma espiritualidade  descomprometida com a verdade ou desasociada do projeto de Jesus e que o nosso sim, seja sim  e o não  seja não,  dentro da proposta  de Mateus  5,37. O texto de 1 coríntios 15, 45-49 traz a comunidade uma analise da  natureza  do primeiro homem que veio da terra, do barro e natureza de Jesus que vem do alto e aqui  vale a máxima de   um evangelho que bebe na realidade da nova humanidade  onde  somos todos irmãos filhos do mesmo Deus que nos ama e nos quer feliz aqui a resposta do Salmo 102 nos sustenta; O Senhor é Clemente  e cheio de compaixão 


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