domingo, 5 de março de 2023

Um Olhar no texto de Mateus 17,1-9; 2º domingo da quaresma

 


Nestes dias que  lemos nos  sites e vimos nos jornais que mais 200 pessoas viveram a situação de trabalho escravo em vinícola  em Bento Gonçalves – RS e teve certo vereador em uma cidade do Rio Grande do Sul  que não vamos divulgar o nome, para que o mesmo entre para  grupos daqueles que nome não deve ser lembrado  fez um discurso  explicando e tentando normalizar tal situação, ainda tivemos um culto em certa casa  legislativa do Ceará atacando os grupos religiosos de Matriz africana,  essa realidade que devemos  viver em nosso cotidiano e nesse contexto que vamos refletir na  liturgia desse 2º domingo da quaresma  que trás o evangelho  Mateus 17,1-9, hoje o domingo da transfiguração do Senhor e as demais leituras são: Genesis  12,1-4,  SALMO 32 (33) com a resposta : Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia e segunda leitura 2º Timóteo 1,8b-10.

Como todo domingo vamos olhar para o evangelho e essa semana  foi um pouco diferente, corremos para um lado e para outro,  nosso tempo foi curto, mas vivemos dias de emoção e comunhão.  Nesta realidade hoje a ordem do dia é,  ouvir aquilo que Jesus  tem a nos falar, ontem no Hospital que estamos prestando serviço conversando com  2 seminaristas e um Diácono falávamos  do evangelho de Mateus 5,43-48 que   Jesus nos  fala de algumas situações que ainda  é complicado, para colocar em prática  a  reflexão que já fizemos  a um tempo atrás e até fizemos uma comparação com o texto do  7º Domingo do tempo comum , mas o imperativo de hoje é: ouvir a voz do Filho de Deus.
O autor sagrado trás um olhar sobre a Divindade de Jesus,  esse fato acontece logo depois do processo que Jesus interroga a comunidade quem dizem que Ele É,  todo os Judeus queriam a graça de ver Moisés e Elias,   por tudo que eles  fizeram  na caminhada do Povo de Deus.  Seria hoje   um cristão ver os Apóstolos Pedro e Paulo ou Jesus e Nossa Senhora, imagina como estaríamos extasiados em nesse contexto, pois para Pedro tudo aquilo fez ele pensar  somente que Eles  deviam permanecer ali nas tendas, (fixar  raizes) que eles fariam. Todos nós queremos que tempo  passe de devagar quando vivemos algum momento de alegria, satisfação e prazer, imaginemos a situação de Pedro e dos outros 2  apóstolos,

Certamente foi uma experiência sem igual.  Os três entram para historia da Igreja um como o primeiro  a sofrer o martírio, o outro como ultimo a morrer no exílio e terceiro  como líder do colegiado dos Apóstolos e no contexto dessa experiência catequética, se percebe que Jesus os leva consigo, pois os três tinham noção de quem era Jesus, nestes tempo onde cada um  vê Jesus  do jeito que tem necessidade, se fala de um Jesus do gozo emocional, um Jesus que se resume ao altar, a um momento de choro ou mesmo da missa solenes com muito incensos e vestes suntuosas. Somos chamados a viver e ajudar a transfigurar a nossa realidade,  Jesus  vai até a montanha como seus amigos e lá nesse contexto  tem o encontro que vai assim alimentar a fé o desejo da comunidade  hoje  mais de 2 milênios depois. Ainda devemos viver  esse  momento, mas não podemos ficar no monte, nesse momento.

 Diante de alguns ataques a Campanha da Fraternidade que tem como tema a fome, ataque   por parte de um grupo que se diz mais católico que o Papa, falando que isso é comunismo etc.,  querendo apenas o Jesus da transubstanciação, o Jesus da hóstia  consagrada esquecendo toda a vivencia de Mateus 25,35-45,  e  de fato é  mais fácil seguir aquele Jesus que fica lá no seu trono, no altar  que o Jesus que se transfigura nos diversos seres humanos e a musica de 1989 Another Day In Paradise / Mais Um Dia No Paraíso revela muito daquilo que temos como pratica de fé, com “f” minúsculo.  Jesus se transfigura para revelar quem de fato Ele é, o Pai se manifesta com a voz   confirmando a sua missão, Moises que não tem um livro com seu nome, Elias que também não tem livro com seu nome nos revela toda a grandeza do 1ª  Testamento, confirmando a condição Divina de Jesus. Para encerrar recordamos um trecho da mensagem[1] do   Papa Francisco para esse período quaresmal:

·        “A ascese quaresmal é um empenho, sempre animado pela graça, no sentido de superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho da cruz. Aquilo precisamente de que Pedro e os outros discípulos tinham necessidade. Para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e acolher profundamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total de si mesmo por amor, é preciso deixar-se conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades. É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha. Estes requisitos são importantes também para o caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar. Far-nos-á bem refletir sobre esta relação que existe entre a ascese quaresmal e a experiência sinodal.”

Para chegar até topo da montanha, se faz necessário a escalada, do alto da montanha temos a visão plena, ser cristão é subir a montanha, fazer a experiência da visão do todo.  No nosso trabalho diante das pessoas chegando  que não tem nome logo  pedimos o documento de identidade para com esse   papel oficial essa pessoa possa ter um nome e  assim  permitir o acesso  ao Interior da unidade, ela passará  pelo  do controlador de acesso que ao fim da visita  vai tira a etiqueta  e de todos cada um na sua função técnica, o texto de hoje deve nos ajudar a refletir se estamos transfigurados no amor, por amor mesmo diante de toda dor ou  nossa transfiguração esta presa a rito do direito  canônico, do tá na bíblia ou mesmo se esta de acordo com o catecismo, com a direção/chefia, com aqueles que estão no exercício da autoridade, ignorando a transfiguração que outro sofre:  da falta de emprego, do sistema de saúde falido, da cegueira ideológica da esquerda e da direita, da dependência do álcool e outras drogas, do fanatismos  religioso e por fim a fome que muitos dizem não existir.

 A transfiguração de Jesus é narrada nos três evangelhos sinóticos[2] sempre depois que a comunidade sabe quem de fato é Jesus, Mateus e Marcos narram que a transfiguração ocorreu seis dias depois que Pedro fez a profissão de Fé e Lucas 8 dias depois, de fato a forma contar o inicio e fim dos dias já não é a mesma,  o dia começava e encerrava  com o anoitecer, a Igreja proclama que Cristo ressuscitou ao terceiro dia, contudo se formos contar em horas o fato ocorre em entre 36 e 48 horas,  mais isso é um outro assunto que podemos falar em outro momento, mas nesse contexto queremos trazer que para chegar até o alto da montanha prar viver aquela experiência se faz necessário  escalar a montanha, que possamos escalar a nossas montanhas de preconceitos e desamor para vê Jesus se transfigurar em comunhão com a Lei e com a Profecia. 

    




[1] Leia toda mensagem acessando: Mensagem papa Francisco para o tempo Quaresmal
[2]  Mateus 17, 1 Marcos 9,2  e Lucas 9,28

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