domingo, 27 de março de 2022

Um Olhar no texto de Lucas 15,1-3.11-32 - 4º Domingo da Quaresma

  A temática do evangelho de hoje  que fala do perdão e reconciliação  é cantada por vario artistas e tem canções que nos emociona como por exemplo:  Este pranto em minhas mãos que cantamos Muito alegre eu te pedi o que era meu partir / Um sonho tão normal / Dissipei meus bens e o coração também / No fim meu mundo era irreal…

Ainda temos uma bela oração muitos fazem sem  perceber o  quanto nos compromete  reze conoso depois de ler o artigo abaixo: Oração do Filho Prodigo 

A parábola dos filhos, do Filho ingrato, dos filhos egoístas ou o nome mais bonito que ela carrega que é: O Pai Rico em Misericórdia. Uma parábola que parece uma novela, na semana passada quando lemos o texto de Lucas 13,1-9 ou ainda quando lemos o texto do 3º sábado da quaresma Lucas 18,9-14,  que serve para nos ajudar a entender essa Parábola.  Somos convidados com as leituras de hoje: Josué 5,9a.10-12; Salmo 33 (34); 2 Coríntios 5,17-21 e Lucas 15,1-3.11-32 à descoberta de Deus que nos ama como um Pai amoroso,  como diz o Professor: Carlos Henrique Meditti com um coração de mãe ou ainda como uma galinha com seus pintinhos citado por Jesus[i].  Deus não segue a lógica do revanchismo ou da magoa, Deus tem um jeito todo especial de lidar com cada pessoa. Ele esta longe da religião excludente e legalista que muitos ainda praticam nos dias de hoje.

Desde primeiro domingo da quaresma estamos seguindo um ciclo. O deserto, a montanha e inicio da viagem para Jerusalém e durante essa viagem ele vai sendo questionado, na semana passada a parábola de Figueira que precisava de mais um ano e hoje sendo o domingo da alegria, Jesus vem nos dizer que todos podemos volta ao convívio do Pai, que É Deus, que Ele  nos aguarda de forma amorosa e não tem uma prática  condenatória como o filho mais velho.   Todo o capitulo 15 de Lucas vai apresentar Parábolas que nos convida ao retorno e vai nos alerta a pratica excludente em nossas Igrejas.  Os religiosos daquele contexto traziam consigo uma opinião que Deus não ouvia o pecador e por isso que o autor sagrado apresenta o fato. Lucas sendo grego faz questão ressaltar a oportunidade de retorna comunhão, dos evangelhos sinóticos, ele faz questão de ressaltar essa possibilidade de retorno.

A parábola conta com alguns personagens, sendo três centrais.

O Pai

Lucas: 15, 11

O Filho mais velho

Lucas 15,25

O Filho mais novo

Lucas 15,12

Os amigos da gastança

Lucas 15,13-14

O dono dos porcos

Lucas 15,15

O funcionário fofoqueiro

Lucas 15,26-27

 

No Contexto bíblico o Pai tinha toda autoridade sobre os filhos, os filhos eram quase que  uma propriedade, mas esse Pai é diferente, ela permite toda liberdade, ofertando um amor sem igual.  No domingo da transfiguração o Pai diz que Aquele é seu Filho amado, aqui neste contexto, cuidando dos porcos  esse filho da parábola  se torna um invisível, pois o seu patrão não se preocupa se ele tem fome ou esta doente. O filho faz uma reflexão, de toda miserabilidade que estava vivendo, uma reflexão  que devemos fazer, ser ver na  sua condição e ser servo e  na casa paterna era diferente. Esse momento nos faz refletir sobre os donos das Comunidades, os irmãos que não percebem o quanto devemos nos colocar como bons servos. 

O filho mais velho sempre foi o primeiro herdeiro e ele teria a disponibilidade de toda herança, quando o filho mais novo solicita a sua parte, para muitos é um escândalo, se percebe que  naquele núcleo podemos ter um conflito, pedir a parte da herança para muitos é declara o óbito do Pai, contudo nesse contexto patriarcal ninguém comenta sobre a mãe, se ela esta viva etc. Os Filhos querem ser independente, a famosa frase dos adolescentes quando: “Eu fizer 18 anos vou fazer isso ou aquilo e ninguém vai mandar em mim”.

Chamar o filho mais novo de ingrato ou de outra coisa poderá ser uma Injustiça de nossa parte. Lemos esse evangelho com tanta piedade e nos colocamos sempre como o filho que voltou que pediu perdão e que o Pai de amor acolheu.  Quantas vezes somos o filho mais velho que fecha a porta da Comunidade, colocamos todo direito Canônico, os versículos bíblicos diversos, os catecismos e vamos perguntar o Bispo, o Papa se concordam com a volta daquele filho. Quando não somos o empregado fofoqueiro que conta o fato com lasciva de veneno, os amigos pra hora da coisa boa ou ainda nas relações profissionais tratamos os nossos semelhantes como escravos ou inferiores, pois aqui se fala em comer lavagem dos porcos, nem a isso ele tinha direito.
Mas não podemos olhar para o filho mais novo como o modelo de arrependimento e não nos arrependermos de verdade.


Na Igreja de Jesus somos todos irmãos uns dos outros, sempre estamos como o filho ingrato tomando a herança que é nossa vida e gastando com coisas inúteis e muitos daqueles que deveriam se inspirar no modelo do agricultor do domingo anterior, do pai de misericórdia do evangelho de hoje, mira no modelo farisaico onde a lei é todo preceito é o único sentido.

A parábola nos convida a sermos firmes em nosso propósito de permanecer com o Pai, pelo seu amor e não sair por ai seguindo qualquer vento ou modismo, se alguém se afasta da Comunidade devemos manter a porta aberta se deixando guiar pela Justiça sem abandonar a Misericórdia de Deus que nos ama.

O Pai que acolhe o filho como seu coração feliz pelo retorno deveria ser o coração das nossas Igrejas quando alguém retorna, deveríamos fazer festa por todos que estão conosco, mas uma festa maior pelo retorno dos arrependidos. A quaresma na origem da Igreja era o momento de acolher os novos cristãos e nesse domingo os neófitos ouviam que eles eram esse filho que volta e por isso a comunidade esta feliz, no Movimento de Cursilhos de Cristandade o Pai Rico de Misericórdia é uma das meditações mais importante, pois diz para os cursilhistas que o Pai esta nos esperando com coração cheio de saudade. O filho mais velho até tem sua razão pela situação pelo sofrimento que o Pai vivenciou, imaginamos quantas vezes o Pai chorou pela saudade do filho ingrato.  Mas, ele se perdeu quando foi dá ouvido ao servo que  pintou  o quadro da sua maneira, a Alegria do Pai deveria ser  a Alegria do filho mais velho. O Pai recorda de tudo que eles passaram juntos e de  tudo que ele tem,  sempre lhe pertenceu.

Em Lucas 15 Jesus apresenta três relatos e todos falam da alegria do encontro:

A ovelha perdida

Lucas 15,4-7

A Moeda Perdida

Lucas 15,8-10

O Pai de Misericórdia

Lucas 15,11-32

 Tanto a ovelha, a moeda é o proprietário que a procura, mas no caso do filho,  o pai espera que ele  caia em si e decida retorna. O filho se recorda do profundo amor que o Pai lhe transmitia.

Aqui vale a pena contar a História de Jovem padre que no meio do processo vocacional no seminário resolveu sair por suas crises etc., arrumou um trabalho e sempre passava na frente de uma Igreja. Quando passava via aquele povo feliz, ele se encantava por ver o povo feliz, se interrogava como ele não via aquela alegria quando era seminarista. Ele sentiu saudade daquele convívio e voltou para o seminário e já vai completar 10 anos de Padre. 

A moeda, a ovelha tem que ser buscada e filho tem que ser acolhido. Qual filho não discordou do Pai, qual cristão que no meio da caminhada não pensou em pegar tudo que é seu e meter o pé?

Quem de nós, não teve o comportamento do filho mais velho que exclui e se faz dono da vontade de Deus ou como o empregado fofoqueiro?

Somos convidados para uma festa, o Pai fala que filho estava morto, mas a ressurreição maior foi a do Pai, pois todos sabem como um pai sofre sem noticia de um filho.

Vivemos a lógica do humano, o Pai por amor espera o filho cair em si, por amor não se contenta em esperar e vendo filho vir ainda distante parte ao encontro e lhe restitui a dignidade. Ele recebe uma roupa nova sinal da veste batismal, um anel sinal de aliança e compromisso e a sandália sinalizando  que ele voltou à condição de filho.

O cordeiro (que representa  Jesus neste contexto) que o Pai sacrifica estava reservado para aquele momento de reencontro e do resgate desse filho do inicio da nova vida, agora sim ao lado do Pai e devido reconhecimento.

O Pai nos conhece e sabe muito bem o quanto somos falhos em nossas escolhas e o quanto precisamos dele para não perde a dignidade de filhos amados e aqui parafraseando o Apostolo Paulo:[ii]

 

E, porque sois filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho para habitar em vossos corações, e ele clama: “Abba, Pai!” Portanto, tu não és mais escravo, mas filho; e sendo filho, és igualmente pleno herdeiro por decreto de Deus. Zelo por uma doutrina sadia




[i]  Mateus 23,27

[ii] Gálatas 4,6-7


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