sábado, 2 de abril de 2022

Um Olhar no texto de João 8,1-11, 5º Domingo da Quaresma

 

Nossa solidariedade  ao Povo da Baixada e de todo Rio de Janeiro  que sofreu as consequências das chuvas que caíu na sextas-feira  e devido a falta de Políticas públicas no combate às calamidades e o abandono do poder público o povo sofre o dobro.

Quando falamos em pecado, sempre nos referimos aos pecados que os outros cometeram, jamais aos nossos, porque os outros precisam ser condenados pelos seus erros e nós somos diferentes, precisamos ser compreendidos. Quando fazemos isso, geralmente escondemos dos outros a face amorosa e misericordiosa de Deus, porque esta face e só para nós, e lhes mostramos um Deus que pune e é vingativo, que quer o castigo de todos, e esta face não é para nós. Com isso, nos tornamos um obstáculo para a conversão dos outros e, em conseqüência disso, Deus não agirá com misericórdia e amor conosco.  Chegamos ao 5º Domingo do tempo quaresmal e hoje a liturgia nos  apresenta os  textos:  Isaías  43,16-21, Salmo 125(126) com a resposta Grandes maravilhas fez por nós o Senhor,  Filipenses  3,8-14 e o evangelho  João 8,1-11. O texto do evangelho  um dos textos mais citados e invocados por todos, pois  em algum momento precisamos do perdão, da acolhida e da solidariedade de alguém. A mulher que foi pega em adultério na lógica daquele contexto de acordo com Lv 20,10 e Dt 22,22-24, a mulher devia ser morta.  Esse é o quadro,   uma mulher que, de acordo com a Lei, tinha cometido um pecado grave que  a morte era a justa punição. Na sociedade patriarcal onde somente a mulher comete o adultério, ainda  hoje tal atitude acontece.  O homem é o cara, a mulher recebe todo xingamento. Aqui vale a história de uma jovem jovem que se separou e depois de um tempo foi a Igreja,  e lá encontrou uma senhora  que frequenta aquela Paróquia à anos, que logo interrogou  a jovem com autoridade de um fariseu legítimos, lhe passou um sabão e lhe explicou o valor do matrimônio.  Um dos detalhes que a jovem não sabia é que aquela pessoa de moral  rígida, cheia de si,  nunca casou,, mesmo assim teve 6 filhos quando jovem e com homens diferentes, Naquela paróquia ela sempre  foi a reserva moral e da honra  e no mesmo contexto ainda temos alguns homens que falam, eu amo minha, esposa, posta em rede social,  usam a frase  sou um homem bem casado e no fim da história é apenas um hipócrita, se escondendo atrás de religião ou  da família faz tudo ao contrário. Como alguns religiosos que se dizem representantes de Cristo e que estão ligados com o Papa mas são verdadeiros papagaios que falam muito e sujam onde estão, pois o Papa aponta para  um lado e eles  seguem para outro, usando  o direito canônico, o catecismo e toda normativa eclesial para cometer injustiça e são esses que  irão apresentar a pecadora pública  para Jesus.

Jesus ao falar com a pecadora não lhe passou um sabão ou  se  fez  de  tolo e diz  tudo pode. Ele não  relativisou a situação e  no fim do diálogo ele diz, vá e não peque mais.  A  exemplo do filho pródigo, aquela mulher  também está passando por um processo de retorno a casa do Pai, na verdade todos nós estamos no processo de retorno. A lei era dura, o povo tinha razão no seu legalismo hipócrita, mas nem tudo que legal e moral ou ainda entre o legal e a justiça algumas  vezes  passa pela omissão e covardia do sistema social.  Onde fora parar  o homem que estava  com a mulher, o adúltero?  Afinal,   a regra do adultério  é  cometido por duas pessoas. Aqueles religiosos  sabiam o que deveriam  fazer e só queriam a legitimidade de Jesus pra aplicar a pena, a exemplo de alguns  religiosos que usam Deus pra punir e perseguir quem discorda de seu ponto de vista.

O texto de João 8,1-11 foi inserido no  meio do evangelho de João, nos faz compreender o quanto somos fariseus, o quanto somos pecadores e pior;  o quanto de Jesus ainda nos falta.  Tacar pedra, criticar, apontar o dedo na cara e querer ter razão é muito  bom. Seguir a lógica  de Jesus de olhar pra si, quantas vezes nós deveríamos tomar pedradas  e Deus nos acolheu e nos sustentou é algo que precisamos reconhecer. Nesse tempo onde a  tolerância e o perdão está escasso, onde todos devemos nos colocar no lugar  do  outro, a exemplo de Jesus que se colocou  no meio da humanidade para nos remir. O  Deus que seguimos não pode ser o deus da  morte ou da condenação, é  isso que Jesus interroga ao povo,  sobre as suas escolhas e certamente, entres  os apedrejadores estava o dito cujo que  estava cometendo o adultério, não  tenhamos  dúvida. A exemplo de alguns cidadãos de bens que contratam e fazem uso de certos serviços que não vamos explicitar,  defendem a moral e falam do respeito e são  capazes de tacar pedra em tudo que na sua limitações  não  representa a modelo  moral da família  tradicional.

O episódio deste evangelho põe em evidência a nossa intransigência e a hipocrisia. Sempre estamos  dispostos a julgar e a condenar os outros. Jesus vai na contramão e   questiona  os perfeitos e auto-suficientes, os que leem a  bíblia, que rezam o terço,  frequentam a confissão,  não faltam a fila da comunhão e sempre estão com a bolsa e as mãos cheia de pedra. Jesus ao acolher a mulher fez uma pergunta e deu um conselho. Ele não pediu pra ela rezar, ir a tal lugar ou tão pouco  disse que ela tinha frequentar o grupo dos 12 etc. Acolheu e a deixou livre pra ir. Jesus neste  domingo parte para prática. A proposta de Deus é uma proposta  da misericórdia, que nos transforma em pessoas melhores. 

Todos temos  dentro dos nossos corações uma culpa ou falha que não esquecemos,   carregamos  um  pesado fardo da culpa  e certamente vivermos nos auto-apedrejando, Somos bons em nos culpamos   e na radicalidade, passamos  a culpa para o outro. Nós as vezes  abrimos mão de um Deus todo Amor e ficamos com o Deus que só condena e pune.  Em nome da  religião se travou guerras, querendo provar sua  razão a Rússia invadiu a  Ucrânia e acontece  tantas outras guerras pra  ser provar a sua posição ou ponto de vista.  

Quantas vezes nas nossas Igrejas  marginalizados    e causamos sofrimento às mulheres e homens que não se enquadram no catecismo, no direito canônico ou no ego Bispo, do Padre etc…  Condenamos ao exilio e ao contrário  do tempo de Jesus agora o apedrejamento é diário e a morte é  social e a pessoa ficará fora do grupo por falar a verdade, recordemos o texto de  segunda-feira passada João 4, 43-54. 

A quaresma  nos convida à superação  de nossas fraquezas que  escravizam, entre elas está o preconceito e segundo desafio é aplicar o  amor e a misericórdia de Deus em nossas práticas e devemos  nos  despir das roupagens da hipocrisia religiosa e moralista. Como Igreja devemos ser presença misericordiosa de uns para com os outros, não como "os  justos" e "donos da vontade de Deus"

A mulher adúltera não tem nome, a mulher do poço de Jacó que tivera 5 maridos em João  4,15  também não tem nome, duas mulheres que encontram Jesus em situação adversa. A mulher do poço tem sede de água o   líquido, descobre a água da vida e mulher adúltera encontra o Perdão. e aqui vale a máxima de  

Jesus no fim desse Evangelho: Vá e não peque mais.




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