Nossa solidariedade ao Povo da Baixada e de todo Rio de Janeiro que sofreu as consequências das chuvas que caíu na sextas-feira e devido a falta de Políticas públicas no combate às calamidades e o abandono do poder público o povo sofre o dobro.
Quando falamos em pecado, sempre nos referimos aos pecados que os outros cometeram, jamais aos nossos, porque os outros precisam ser condenados pelos seus erros e nós somos diferentes, precisamos ser compreendidos. Quando fazemos isso, geralmente escondemos dos outros a face amorosa e misericordiosa de Deus, porque esta face e só para nós, e lhes mostramos um Deus que pune e é vingativo, que quer o castigo de todos, e esta face não é para nós. Com isso, nos tornamos um obstáculo para a conversão dos outros e, em conseqüência disso, Deus não agirá com misericórdia e amor conosco. Chegamos ao 5º Domingo do tempo quaresmal e hoje a liturgia nos apresenta os textos: Isaías 43,16-21, Salmo 125(126) com a resposta Grandes maravilhas fez por nós o Senhor, Filipenses 3,8-14 e o evangelho João 8,1-11. O texto do evangelho um dos textos mais citados e invocados por todos, pois em algum momento precisamos do perdão, da acolhida e da solidariedade de alguém. A mulher que foi pega em adultério na lógica daquele contexto de acordo com Lv 20,10 e Dt 22,22-24, a mulher devia ser morta. Esse é o quadro, uma mulher que, de acordo com a Lei, tinha cometido um pecado grave que a morte era a justa punição. Na sociedade patriarcal onde somente a mulher comete o adultério, ainda hoje tal atitude acontece. O homem é o cara, a mulher recebe todo xingamento. Aqui vale a história de uma jovem jovem que se separou e depois de um tempo foi a Igreja, e lá encontrou uma senhora que frequenta aquela Paróquia à anos, que logo interrogou a jovem com autoridade de um fariseu legítimos, lhe passou um sabão e lhe explicou o valor do matrimônio. Um dos detalhes que a jovem não sabia é que aquela pessoa de moral rígida, cheia de si, nunca casou,, mesmo assim teve 6 filhos quando jovem e com homens diferentes, Naquela paróquia ela sempre foi a reserva moral e da honra e no mesmo contexto ainda temos alguns homens que falam, eu amo minha, esposa, posta em rede social, usam a frase sou um homem bem casado e no fim da história é apenas um hipócrita, se escondendo atrás de religião ou da família faz tudo ao contrário. Como alguns religiosos que se dizem representantes de Cristo e que estão ligados com o Papa mas são verdadeiros papagaios que falam muito e sujam onde estão, pois o Papa aponta para um lado e eles seguem para outro, usando o direito canônico, o catecismo e toda normativa eclesial para cometer injustiça e são esses que irão apresentar a pecadora pública para Jesus.
Jesus ao falar com a pecadora não lhe passou um sabão ou se fez de tolo e diz tudo pode. Ele não relativisou a situação e no fim do diálogo ele diz, vá e não peque mais. A exemplo do filho pródigo, aquela mulher também está passando por um processo de retorno a casa do Pai, na verdade todos nós estamos no processo de retorno. A lei era dura, o povo tinha razão no seu legalismo hipócrita, mas nem tudo que legal e moral ou ainda entre o legal e a justiça algumas vezes passa pela omissão e covardia do sistema social. Onde fora parar o homem que estava com a mulher, o adúltero? Afinal, a regra do adultério é cometido por duas pessoas. Aqueles religiosos sabiam o que deveriam fazer e só queriam a legitimidade de Jesus pra aplicar a pena, a exemplo de alguns religiosos que usam Deus pra punir e perseguir quem discorda de seu ponto de vista.
O texto de João 8,1-11 foi inserido no meio do evangelho de João, nos faz compreender o quanto somos fariseus, o quanto somos pecadores e pior; o quanto de Jesus ainda nos falta. Tacar pedra, criticar, apontar o dedo na cara e querer ter razão é muito bom. Seguir a lógica de Jesus de olhar pra si, quantas vezes nós deveríamos tomar pedradas e Deus nos acolheu e nos sustentou é algo que precisamos reconhecer. Nesse tempo onde a tolerância e o perdão está escasso, onde todos devemos nos colocar no lugar do outro, a exemplo de Jesus que se colocou no meio da humanidade para nos remir. O Deus que seguimos não pode ser o deus da morte ou da condenação, é isso que Jesus interroga ao povo, sobre as suas escolhas e certamente, entres os apedrejadores estava o dito cujo que estava cometendo o adultério, não tenhamos dúvida. A exemplo de alguns cidadãos de bens que contratam e fazem uso de certos serviços que não vamos explicitar, defendem a moral e falam do respeito e são capazes de tacar pedra em tudo que na sua limitações não representa a modelo moral da família tradicional.
O episódio deste evangelho põe em evidência a nossa intransigência e a hipocrisia. Sempre estamos dispostos a julgar e a condenar os outros. Jesus vai na contramão e questiona os perfeitos e auto-suficientes, os que leem a bíblia, que rezam o terço, frequentam a confissão, não faltam a fila da comunhão e sempre estão com a bolsa e as mãos cheia de pedra. Jesus ao acolher a mulher fez uma pergunta e deu um conselho. Ele não pediu pra ela rezar, ir a tal lugar ou tão pouco disse que ela tinha frequentar o grupo dos 12 etc. Acolheu e a deixou livre pra ir. Jesus neste domingo parte para prática. A proposta de Deus é uma proposta da misericórdia, que nos transforma em pessoas melhores.
Todos temos dentro dos nossos corações uma culpa ou falha que não esquecemos, carregamos um pesado fardo da culpa e certamente vivermos nos auto-apedrejando, Somos bons em nos culpamos e na radicalidade, passamos a culpa para o outro. Nós as vezes abrimos mão de um Deus todo Amor e ficamos com o Deus que só condena e pune. Em nome da religião se travou guerras, querendo provar sua razão a Rússia invadiu a Ucrânia e acontece tantas outras guerras pra ser provar a sua posição ou ponto de vista.
Quantas vezes nas nossas Igrejas marginalizados e causamos sofrimento às mulheres e homens que não se enquadram no catecismo, no direito canônico ou no ego Bispo, do Padre etc… Condenamos ao exilio e ao contrário do tempo de Jesus agora o apedrejamento é diário e a morte é social e a pessoa ficará fora do grupo por falar a verdade, recordemos o texto de segunda-feira passada João 4, 43-54.
A quaresma nos convida à superação de nossas fraquezas que escravizam, entre elas está o preconceito e segundo desafio é aplicar o amor e a misericórdia de Deus em nossas práticas e devemos nos despir das roupagens da hipocrisia religiosa e moralista. Como Igreja devemos ser presença misericordiosa de uns para com os outros, não como "os justos" e "donos da vontade de Deus"
A mulher adúltera não tem nome, a mulher do poço de Jacó que tivera 5 maridos em João 4,15 também não tem nome, duas mulheres que encontram Jesus em situação adversa. A mulher do poço tem sede de água o líquido, descobre a água da vida e mulher adúltera encontra o Perdão. e aqui vale a máxima de
Jesus no fim desse Evangelho: Vá e não peque mais.
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