terça-feira, 29 de abril de 2025

De Francisco de Assis ao Francisco de Roma: Dois Homens, Um Só Evangelho


Na história da Igreja, poucos nomes carregam tanto peso simbólico quanto o de Francisco. Um nasceu em Assis, no século XIII. O outro veio de Buenos Aires e chegou ao mundo como Papa em 2013. Apesar de distantes no tempo e no espaço, São Francisco de Assis e o Papa Francisco compartilham mais do que um nome: compartilham uma missão.

Francisco de Assis um jovem,  filho de um rico comerciante italiano, scolheu um caminho radical. Ao escutar o chamado de Deus para "reconstruir a Igreja", deixou para trás riqueza, status e conforto. Passou a viver entre os pobres, pregando a simplicidade, a fraternidade e o cuidado com a criação. Sua espiritualidade era profundamente encarnada: ele via em cada criatura um reflexo do amor divino.

Oito séculos depois, Jorge Mario Bergoglio um ancião  foi eleito Papa e surpreendeu o mundo  ao escolher o nome "Francisco" — nunca antes usado por um pontífice. Seu gesto foi um sinal claro de que pretendia conduzir a Igreja por caminhos de humildade e reforma. Ao iniciar seu ministério, recusou ornamentos tradicionais, como a cruz de ouro e os sapatos vermelhos, e optou por morar em uma residência simples. Seu primeiro gesto público foi pedir ao povo que rezasse por ele.

Ambos os Franciscos voltaram seu olhar para os mais vulneráveis. Francisco de Assis viveu entre os pobres, identificando-se com eles. O Papa Francisco se autodeclara "pastor de um rebanho ferido" e tem denunciava  constantemente a desigualdade, a exclusão e os abusos de poder dentro e fora da Igreja.

Mas há outro ponto em comum os dois Franciscos tinham: o cuidado com a criação. Francisco de Assis é o patrono da ecologia e via a natureza como irmã. O Papa Francisco, inspirado por essa visão, publicou a encíclica Laudato Si’, propondo uma “ecologia integral” que une o cuidado com o meio ambiente e a justiça social.

Francisco de Assis foi chamado a reconstruir a Igreja de seu tempo, marcada por escândalos e distanciamento do povo. O Papa Francisco, em nossos dias, busca reformar uma Igreja que também enfrentou desafios semelhantes, promovendo uma cultura de escuta, participação e inclusão por meio de sínodos e propostas pastorais ousadas.

Ambos enfrentaram críticas. Ambos foram questionados por sua coragem. E ambos seguiram fiéis ao Evangelho.

E nós, o que fazemos com esse legado?

Os dois Franciscos cumpriram sua missão com coragem e entrega. Agora, a continuidade dessa história está em nossas mãos. Cabe a nós praticar a misericórdia, defender a vida em todas as suas formas e assumir uma consciência ecológica e social mais profunda.

Que o exemplo desses dois homens continue a nos inspirar, para que a Igreja seja, verdadeiramente, sinal do amor de Cristo no mundo.


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