No terceiro domingo de agosto celebramos o dia dos consagrados e consagradas (Irmãos e Irmãs – Freis e Freiras) e no Brasil temos a tradição de celebrar Nossa Senhora da Assunção ou da Glória. Tem alguns personagens da história da Salvação que temos dificuldades de dissertar, pois o exercício de escrever pede que nos esvaziarmos do nosso olhar, talvez por causa de N. Senhora que ainda continuamos na Fé da Igreja, pois ter mãe é bom demais e ate já fizemos algum artigo para publicarmos e logo apagamos, no inicio desse ano começamos um artigo sobre o Rosário e logo abandonamos, por motivo que desconhecemos e hoje por ser o domingo da assunção vamos deixar um pouco a nossa visão critica de lado e refletir o texto da nossa liturgia dominical que são: Apocalipse 11,19a;12,1-6a.10ab; Salmo 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b); 1Corintios 15,20-27 e Lucas 1,39-56 (Cântico de Maria)
Para muitos Cristãos protestantes (aqueles que pregam meritocracia, prosperidade e facilidade como cristão) a presença de Maria é algo assustador e talvez seja devido suas falas e o seu silêncio. Ela é o modelo de aceitação do Plano de Deus quando diz: “Eis a serva[2]”, modelo de orientação para os cristãos quando diz: “ Faça tudo Ele vos disser”[3] e quando abriu a boca no dia de hoje traz um cântico que escandaliza muitos cristão que querem menosprezar a presença feminina. Para aqueles que conseguem enxergar Jesus na hóstia consagrada não podem esquecer que Ele antes de mais nada foi um embrião, uma criança, um adolescente, um jovem e um homem que sofreu a violência estatal, com uma combinação do poder religioso e civil e a bíblia sendo um livro extremamente patriarcal que sempre da ênfase a presença dos homens. O autor sagrado dá destaque para uma mulher é algo que poderia chocar muitos se não tivessem trabalhado uma imagem de Maria submissa, uma mulher que não poderia opinar e esse encontro de duas mulheres dando destaque para o gesto de Maria e acolhida de Isabel é o inicio de um novo tempo.
Muitos
tentam desmerecer a presença de Maria, conhecemos protestantes que miram nos
modelos de Pedro, de Paulo, de João e até de personagem do antigo testamento,
mas se recusam a olhar para Maria como a primeira a aceitar Jesus e quando O aceita se coloca a serviço, parte em missão, ficam preocupados com fundamentalismos
bíblicos e aquilo que letra diz e não consegue olhar a totalidade. A festa da assunção que celebramos neste
domingo nos faz ter certeza que Deus nos reserva uma graça e Maria na sua
plenitude a carrega em seu ventre passando ser Theotókos[4]
e até mesmo o fundador do protestantismo era devoto e defensor do Dogma Mariano,
por isso seja tão dificultoso para falarmos de escrever sobre uma pessoa tão
importante no projeto de salvação.
Nossa Senhora diz sim a vida e não a morte, e neste evangelho temos a alegria de Isabel que viveu uma vida toda se achando inferior por não poder gerar um filho. Lucas narra a concepção de Jesus falando do encontro de Maria com Arcanjo Gabriel no seu cotidiano e concepção de João para Zacarias, a diferença entre ambos é que Maria logo professa a fé e Zacarias duvida, precisando ser silenciado através de uma ação divina e autor sagrado dá ênfase ao encontro de Maria com sua prima que ambas geram a esperança e a promessa de novos tempos, onde os excluídos terão voz e vez e dá destaque para o momento de jubilo de Isabel sendo um momento de extrema alegria das duas. Talvez para muitos que falam de um Deus Dinheiro não leiam o versículo 53[5].
O Encontro das mulheres é um momento celebrativo onde o louvor de Maria ao Deus de Israel que é solidário com as dores do povo e geralmente nós olhamos para a ação de Maria ir ao encontro de Isabel, mas somos chamados a olhar nossas práticas de acolhidas como seguidores desse mesmo Deus, como acolhemos o próximo em nossas igrejas, celebrações, cultos e até mesmo em nossa casa, ainda somos chamados a refletir sobre o nosso sim ao projeto de Deus e devemos ainda nos questionar sobre aquilo que temos feito com a graça que Deus nos confia, Maria não ficou isolada fora da realidade em uma adoração individual e egoísta, ela se coloca a serviço. Na Festa da Assunção pintamos uma imagem de Maria lá no céu cercada de anjos, que deve ser superada, Ela foi e é o ser que mais amou e pode ter a maior intimidade com Salvador mas precisamos ter em mente nesta festa como a Nossa Senhora do Encontro e aqui recordamos o texto da na Fratelli Tutti numero 215
ü “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na
vida». Já várias vezes convidei a fazer crescer uma cultura do encontro
que supere as dialéticas que colocam um contra o outro. É um estilo de vida que
tende a formar aquele poliedro que tem muitas faces, muitos lados, mas todos
compõem uma unidade rica de matizes, porque «o todo é superior à parte». O
poliedro representa uma sociedade onde as diferenças convivem integrando-se,
enriquecendo-se e iluminando-se reciprocamente, embora isso envolva discussões
e desconfianças. Na realidade, de todos se pode aprender alguma coisa, ninguém
é inútil, ninguém é supérfluo. Isto implica incluir as periferias. Quem vive
nelas tem outro ponto de vista, vê aspetos da realidade que não se descobrem a
partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes.”
Neste tempo que estamos em campanha política e somos chamados a viver a cultura do encontro ouvir aqueles que pensam diferente e até votam diferente. Meditemos o texto do evangelho e miremos no modelo de Maria e no seu discurso que nos aponta Jesus e aqui mais que nunca somos convidados a meditar o Canto de Maria.[6]
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