sábado, 2 de julho de 2022

Um olhar no texto de São Mateus 16,13-19; Solenidade dos Stos Pedro e Paulo.

Voltando nosso cotidiano de escrever nossas reflexões dominicais, por motivos diversos  deixamos de publicar os textos  durante 4 domingos, seja  pelo computador travado ou ainda por compromissos assumidos junto ao Conselho Nacional do Laicato  ou ainda por compromissos junto  a minha família, mas não deixamos de gravar nossa reflexão.  Deixemos de conversa e vamos nós  passar uma visão do texto de Mateus 16,13-19, nesse domingo  que aqui no Brasil dedicamos ao dia do Papa e fazemos memória dos Apóstolos Stos Pedro e Paulo. Recordamos que as demais leituras são:   Atos dos Apóstolos 12,1-1;  Salmo 33(34) com a resposta: De todos os temores me livrou o Senhor Deus;  e  2 Timóteo m 4,6-8.17-18, sem esquecer que nesta data celebramos a  Festa de São Tomé  Apóstolo.
Olhando pra semana que passou onde ouvimos a perola de um certo candidato que a oposição pretende fechar os clubes de tiro e  no lugar abrir bibliotecas é algo que certamente nos alegria, ainda fizemos memória de 30 dias do assassinato de Genivaldo   na câmara de gás  improvisada, processo esse que foi decretado sigilo de 100 anos e ainda as comprovações das visitas dos Pastores  sem compromisso com o evangelho ao presidente antes mesmo da nomeação do  Ministro da Educação Milton Ribeiro, Militar da reserva e Pastor Presbiteriano, aliás  visitas  com sigilo de 100 anos derrubado pelo MP.  Parece que o Presidente quando não tem como culpar alguém  decreta o  sigilo de 100 anos para  não explicar algo que não se pode explicar, deixemos esses fatos e vamos meditar o evangelho.

Neste domingo dedicado ao Papa somos chamados a olhar  o texto de  Mateus e ver que Jesus faz sua  pesquisa datapovo, querendo ver quem estava de fato ligado no projeto que ele trazia, podemos dizer  que  e as  respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas.  Parece que há entre eles uma forma de evitar compromisso, pois quando tomamos consciência quem de fato é Jesus somos chamados ao compromisso com a realidade. Sabemos que a profissão de fé de Pedro é uma resposta  de um cristão comprometido e  não era a primeira vez  que ele dava essa resposta,  tivemos essa resposta  outras vezes[1] e Pedro  não é o único a  professa[2] essa fé. Neste mesmo  capítulo  ele tentará  tirar da cabeça de Jesus a ideia de encarar o martírio, mas  Jesus o repreende e mais tarde confirma a vocação e a missão de Pedro mesmo assim. Sabemos que Pedro era um homem dentro da realidade e na simplicidade[3]

Pedro sendo pescador recebe a missão de ser pedra, ser  firme na direção da barca e  hoje  olhamos ainda para o Apóstolo Paulo que é diferente de Pedro no carisma e recebe a missão direta do Cristo no caminho de Damasco[4].  Tanto Pedro como Paulo tem seus nomes trocados pelo Cristo.  Paulo é marcado como perseguidor e um fariseu zeloso[5] e Pedro um homem do meio do povo que  durante sua caminhada emite sua opinião e tem sua ação  no momento agindo de forma emocional[6] e sem esquecer o conflito entre os  dois  por terem linhas diferente ou ponto de vista diferente[7].

Voltando ao texto de Mateus  sendo o único evangelho que aparece   duas vezes o termo Igreja[8] do termo grego ekklésia aparece 105 vezes no novo testamento e tem o significado de Assembléia  Eleita, Escolhida.  A Igreja  de Jesus Cristo não pode esta presa a semanas injustas ou ainda concorda com a injustiças  em todos os campos. Por isso que o Papa Francisco  pode que vivamos claramente o  Vaticano II vivendo a realidade de uma Igreja sem o ritualismos ou preso as vestes caras  e aqui vale a pena citar a mensagem de Francisco  o dia mundial da Paz de 2016  quando ele escreveu:

·        “A indiferença para com o próximo assume diferentes fisionomias. Há quem esteja bem informado, ouça o rádio, leia os jornais ou veja programas de televisão, mas fá-lo de maneira entorpecida, quase numa condição de rendição: estas pessoas conhecem vagamente os dramas que afligem a humanidade, mas não se sentem envolvidas, não vivem a compaixão. Este é o comportamento de quem sabe, mas mantém o olhar, o pensamento e a ação voltados para si mesmo. Infelizmente, temos de constatar que o aumento das informações, próprio do nosso tempo, não significa, de por si, aumento de atenção aos problemas, se não for acompanhado por uma abertura das consciências em sentido solidário.Antes, pode gerar uma certa saturação que anestesia e, em certa medida, relativiza a gravidade dos problemas. «Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem encontrar a solução numa “educação” que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos. Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos vêem crescer este câncer social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países – nos seus governos, empresários e instituições – seja qual for a ideologia política dos governantes».”[9]

 Somente uma Igreja comprometida com um projeto de vida plena poderá de fato reconhecer o verdadeiro Messias, uma Igreja  que presa pelos direitos da minoria, que   usa a chave de ligar e deixa  no cofre a chave de desligar. Neste tempo de quase pois pandemia cada dia mais  observamos Padres, Bispos e ate mesmo leigos preocupado em usar a chave de desligar e usando com gosto e aqui vale a pena citar o  cantor Católico que  assumiu a homossexualidade e agora as portas desta Igreja se fecha para ele ou ainda  uma   que vivia um casamento   onde o companheiro (a)   tinha amantes ou usava de violência e aqui vale pena lembrar que a violência não é só física, quando decide dá um basta, a porta dessa  Igreja se fecha pra  essa pessoa e sem esquecer os milhares de cristãos que pregam a pena de morte como solução para  crise de segurança pública que vivemos e se esquecem que Jesus disse que veio para os enfermos, para os excluídos e abandonados[10]  

Devemos nos questionar se de fato somos  a Igreja de Jesus Cristo, devido  aos vícios do farisaísmo, observamos os pequenos detalhes do culto, queremos usar a todo custo a chave desligar, queremos purificar  e excluir e perdemos a noção da motivação da vinda do Cristo.  A Igreja de Pedro e Paulo vivia uma unidade   e não havia uma  motivação para esses ou aquele ser mais ou menos santos. Todos estavam mirando no modelo e exemplo de Jesus.

Jesus interroga e quer saber aquilo que dizem dele e hoje diante de um Brasil de 33 milhões de famintos querem um Jesus de arma na mão e com um projeto  para alguns. Para ser  Igreja de Jesus se faz necessário ser como Ele, se deixar mover pelo Espírito para entender que Jesus é sinal de contradição e segui-lo envolve também ser esse sinal, rompendo os esquemas as  barreiras e ainda mais sendo a diferença, não só anunciando mas  vivendo a Boa Nova.   Andar  com Jesus envolver abraçar o martírio,  envolve ser a pedra para dar sustento as nossas comunidades, envolve esta com Jesus e não o contrario, pois muitos fazem de Jesus uma propriedade  particular e se dizem representante  legitimo com um testemunho dúbio e fraco em relação a justiça do Reino      

Jesus reconhecido por Pedro  foi um homem subversivo pois não  compactuou  com hipocrisia do seu tempo e certamente hoje Ele não esta  por trás das vestes  caras, das mesas fartas etc  conquistadas com uso do nome Dele, Ele sendo Deus não buscou privilégios ou honras, não foi uma pessoa distante e fora da realidade e foi por isso que humilde Pedro o reconheceu.  Sem esquecer que  em Mateus Jesus pergunta que dizem que eu sou e lá no caminho de Damasco[11], Ele responde a pergunta de Saulo:  “Eu sou Aquele  você persegue”, persegui o cristão é perseguir o próprio Cristo  

Autoridade  e autoritarismo que temos em nossas comunidades, autoridade é sim ao projeto de amor, serviço, conduzir  pelos caminhos do Reino e  uma certeza que aquela missão lhe foi confiada e não é propriedade  particular onde podemos fazer como quiser, pois somos o único canal, ponte ou via e possuímos as chaves. As chaves são de Jesus, ele  confiou ao colégio  apostólico  

Neste  dia que de forma plena  celebramos a liturgia dos Stos Pedro e Paulo devemos olhar em nós e percebe o quanto do Pedro (cabeça dura) e o quanto de Paulo (o fariseu Saulo) devemos remover  de nossas escolhas  e ainda mais o quanto dos valores que ambos  representam em nossas caminhada que precisamos  buscar. O Cristo da estrada de Damasco, o Cristo da região de Cesárea de Filipe e Cristo adorado por muitos nas missas e cultos é o mesmo  ou são pessoas antagônicas partindo do principio da nossa  realidade?

Que Deus nos ajude!  



[1]  Vejamos: Mt 14,33,

[2] profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27).

[3] Mt 11,25-27 e Mt 13,16

[4]  At 9,1-20

[5]  https://dnonato.blogspot.com/2010/10/sao-paulo-padroeiro-do-movimento-de.html

[6]  Mt 16,22:  26,51.70-72, Mc 14,68-70

[7] Gl 2,11-14

[8] Mt 16,13-19 e  Mt 18,17

[9] https://dnonato.blogspot.com/2016/01/mensagem-do-santo-padre-francisco-para_4.html

[10]  Mc 2,17

[11]  Idem numero 4





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