domingo, 8 de maio de 2022

Um olhar no texto de João 10,27-30 ; 4º Domingo de Páscoa / Domingo do Bom Pastor

O quarto domingo da Páscoa celebramos o domingo do Bom Pastor  e todos sabemos que  é Jesus é o ‘Bom Pastor’ e neste ano de 2022  sendo o segundo domingo do mês de maio é dedicado as mães que, como o Bom Pastor, ama e é capaz de doar sua vida por amor por seus filhos e mesmo assim nos cabe recorda. Não há nenhum outro nome pelo qual devamos ser salvos,  Atos  4, 12. As leituras de propostas para o dia de hoje é o texto de:  Atos 13,14.43-52, Salmo 99 (100) Nós somos o povo de Deus, somos as ovelhas do seu rebanho, Apocalipse 7,9.14b-17  com  o evangelho  proposto para hoje: João  10,27-30 que apresenta Jesus como o Bom Pastor, nesse tempo onde muitos invocam pra   si a condição de pastor que manda  imprimir bíblias com suas imagens, pastores que intermediam  ações entre o governo federal e municípios, sem mencionar pastores que invocam pra si um direito a uma posição acima dos outros cristãos se esquecendo da proposta evangélica de Jesus  (Mateus 20,17-28) e que Jesus sendo o Bom Pastor assume a natureza de Cordeiro de Deus para salvar todo rebanho do Pai e esses pastores que  invocam os estatutos, normas e direito para manter suas  vantagens financeiras  estão longe do modelo proposto por Jesus. 
Para alguns a figura do Pastor e da ovelha fica no campo das ideias  pois poucas pessoas conhecem  de perto uma ovelha e aqui vale a pena   olhar   para as características das ovelhas.  São animais sensíveis e inteligentes e são capazes de  identificar os outros integrantes do rebanho, garantindo uma memória de excelência, enquanto para nós leigos as ovelhas são todas iguais, o Pastor consegue identificar e chamar pelo nome cada uma  e somos chamados a exemplo de Jesus e inspirados no modelo das mães a cuidar uns dos outros,  pois somos ovelhas de único rebanho onde Jesus é o Bom Pastor.
Se parte de um rebanho não  pode e não deve ser uma anulação da natureza e personalidade  dos membros do rebanho, mas também não podemos  navegar para um individualismo egocêntrico que fere os princípios da vida em comunidade com espiritualidade individualista celebrando e vivendo tudo numa relação no singular eu esquecendo o nós, o coletivo. Ser discípulo de Jesus  envolve a capacidade de rever as atitudes e se deixar conduzir pela ação do Espirito, e seguir plenamente o Caminho, a Verdade e a Vida, a relação com Deus e com as pessoas e não deve ser uma troca de  favores ou interesse. Diante de um mundo,  onde tudo envolve o lucro e a ideia de obter vantagens.  Jesus inaugura um cuidado sem a busca do interesse do lucro. Diante dos maus pastores preocupados o quanto  as ovelhas pode lhe conceder de lucro, como manter a estrutura de poder,   onde ele como pastor poderá obter os benefícios da  função de ser Pastor,  perdendo a noção de sua própria identidade se tornando um gestor/gerente de empresa, deixando a função de mediador.  Pastores que pensam no rebanho como fonte de renda se comportam como  verdadeiros mercenários:  de bíblia na mão,  de batina, báculo e ate mesmo de  mitra preocupados com legalismo ritual,  com moralismo hipócrita  e com finanças perdendo o sentido pastoral da função confiada pelo Rebanho. Jesus antes de ser visto pela tradição cristã como o Bom Pastor ele foi chamado de Cordeiro de Deus por João Batista  em João 1,29 e nesse sentido que  ver alguns que se dizem Pastores com privilégios e justificativas absurdas  para suas escolhas se faz necessário recorda o Pastor/Cordeiro de Deus que se entrega por amor e no amor.  
Para exemplificar  recordamos o Papa Francisco na  missa do Crisma em 28 de março de 2013  na sua homilia disse:  

  •      "Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. A diferença é bem conhecida de todos: o intermediário e o gestor “já receberam a sua recompensa”. É que, não colocando em jogo a pele e o próprio coração, não recebem aquele agradecimento carinhoso que nasce do coração; e daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, que acabam por viver tristes, padres tristes, e transformados numa espécie de colecionadores de antiguidades ou então de novidades, em vez de serem pastores com o “cheiro das ovelhas” – isto vo-lo peço: sede pastores com o “cheiro das ovelhas”, que se sinta este –, serem pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens. É verdade que a chamada crise de identidade sacerdotal nos ameaça a todos e vem juntar-se a uma crise de civilização; mas, se soubermos quebrar a sua onda, poderemos fazer-nos ao largo no nome do Senhor e lançar as redes. É um bem que a própria realidade nos faça ir para onde, aquilo que somos por graça, apareça claramente como pura graça, ou seja, para este mar que é o mundo atual onde vale só a unção – não a função – e se revelam fecundas unicamente as redes lançadas no nome d’Aquele em quem pusemos a nossa confiança: Jesus."

Existe uma diferença enorme entre gestor,  mediador, pastor e o mercenário. O texto de hoje  nos convida a olhar e contemplar  a   missão do Pastor  Jesus (Cristo)  que dar vida às ovelhas com  Nicodemos nos convida a um novo nascimento (João 3,3.5-6).  Muitos sonham e querem usurpar e agir na pessoa do Pastor, esquece que somos todos chamados  a  escuta a voz do Pastor e segui-lo. aderindo ao projeto de Jesus, se entregando a exemplo de Jesus em uma vida de amor e doação (João 10,27) 

A imagem do Pastor não é uma imagem inventada ou criada para atrair um grupo especifica, a imagem   traz uma referência a Davi que  era o pastor  e sendo um Bom Pastor  defendia o rebanho do seu Pai Jessé( 1 Samuel  17,34-35) e ainda se  refere a ideia dos exilados  de Ezequiel 34, sem deixar de fora Moisés, Jacó, Davi, Amós, Abel e muitos outros eram pastores.  Resumido Jesus  revela sua  natureza que era reunir, proteger o redil do Pai. O único e verdadeiro Pastor é Jesus Cristo  e somos todos ovelhas e não podemos esquecer isso, alguns membros da comunidade exercem  ministério e serviço junto a comunidade e não podem  perde de vista essa  referência, a exemplo do Mestre entregar sua vida de forma livre e espontânea, sem ritualismos ou exigência sendo um   com Jesus.

 Uma das marcas das Ovelhas e ter necessidade de esta em um  grupo onde se estabelece uma relação de amizade e familiar onde Deus é Pai com profundo Amor de Mãe   que guarda e protege seu povo nesse domingo do Bom Pastor celebrar a vocação da mães não existe analogia melhor, pois não existe uma  palavra um gesto ou ação que explique o amor de uma mãe e essa lógica que deveria  ser usada pelos pastores e  para concluir trazemos o texto de  Apocalipse da Liturgia de hoje Apocalipse 7,9.14b-17 que nos recorda que o Cordeiro será o Pastor 

  • Eu, João, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos».


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