domingo, 17 de abril de 2022

Um olhar no texto de João 20,1-9 ; 1º Domingo de Páscoa

 Finamente chegamos ao  Domingo Maior, o grande dia do Senhor. Vivemos ainda nas consequências  de uma pandemia e de um projeto  politico desastrado no Brasil. Celebrar a Pascoa do Senhor envolve celebrar a verdadeira ressurreição promovendo a plena dignidade  do próximo ao encerrar a semana das semanas inauguramos a vida  plena conquistada pelo preço do sangue do Senhor. As leituras  deste domingo  são: Atos 10,34.37-43, Salmo117 (118)  com o refrão 1: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria; Colossenses  3,1-4 e o Evangelho João  20,1-9. 

A entrada com aplausos é gritos de vivas na semana passada cedeu ao grito de crucifique-O na sexta pela manhã, a negação de  que Ele    era   o Rei daquela multidão e essa é a realidade de  toda negação  própria do humano. A celebração  do domingo  de Ramos se encerra  com a prisão, a  tortura, a crucificação,  o deboche e o grito desesperado  de dor  do Mestre  na frente  de sua mãe  e do discípulo amado,  mas nesse meio tempo acontece o grande silencio que grita alto que é, a morte de um inocente.  O silêncio  iniciado com sua morte e  o  seu sepultamento  deveria  nos levar a reflexão,   o quanto  precisamos   do silêncio  pra entender  o mistério  de Deus e quantas cruzes estamos vivendo neste século. De verdade,  devemos ressuscitar do túmulo que sepulta os sonhos e toda dignidade humana. Neste domingo o grito de aleluia se solta de nossa garganta nas missas e celebrações em nossas Igrejas, capelas.   Um grito que deve ecoar dentro das nossas realidades e nos ajudar  na  ação que  promova a verdadeira  e autentica ressurreição  humana diante das sepulturas do desemprego, da fome, da falta de esperança que  muitos  vivem    

Olhando para  Evangelho de hoje,  sem  esquecer  tecer um breve comentário  da  leitura de Atos dos Apóstolos sendo uma das obras de Lucas ( que escreveu um Evangelho e  o Atos dos Apóstolos que aparentemente deveria ser uma única obra) que tem a  sua  origem  entre os anos 80 e 90,   em um momento  que a Igreja já tem toda uma e estruturada e por isso começa surgir  os Mestres  que deturpam o projeto de Jesus  e  toda sua missão.  As duas obras nos  recorda a doutrina  transmitida pelos apóstolos sob o impulso do Espírito Santo.  Espirito que anima e motiva Igreja para viver com  fidelidade o plano de  salvação que o  Pai iniciou  com a escolha de um povo e sua conclusão com a concepção virginal de Jesus no ventre  de Maria.  Agora,  cabe a Igreja a missão  de fazer chegar a todos os homens esse plano de Salvação, neste sentido Pedro  vem nos trazer a memoria quem é Jesus Nazaré,   que é o Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se  entregou.    Por causa do  amor do Pai à morte não conseguiu prende-Lo, Deus ressuscitou-O.  A exemplo de Pedro somos convidados  a comunicar e levar esse projeto. Mas antes precisamos  entrar no mistério daquela madrugada   do texto de João 20,1-9 sendo  um texto escrito dentro do mesmo período de  Lucas e o Apóstolo João revela  uma Comunidade: chagada,  ferida e sem esperança diante do Cristo sepultado, pois  quando lemos o texto que publicamos a  autopsia de um crucificado se imagina como o Senhor sofreu,  por todos nós. Diante da dor e o sofrimento que a comunidade vivia se torna um tanto difícil acreditar nas mulheres, pois  o testemunho das mulheres não era validos em tribunais sem a palavra de um homem confirmasse   e até nisso Jesus vem vencer as barreiras.     

    "Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram”. Esse é o desespero de  Maria Madalena. Ela sente um grande o vazio e mesmo Jesus  falando com Ela  vivo, é confundido com um serviçal.   A tristeza de não ter um corpo  é uma dor das pessoas neste nosso tempo  que  ainda hoje não sabe onde esta o corpo de muitos perseguidos na ditadura brasileira,  nas praticas milicianas e do trafico de drogas.   Foi essa dor que  se abateu e  não há nada pior que esse hiato.  Como não fazer memória de amigos,   vitimas da violência  nesta data. A Páscoa não se resume a alegria dos chocolates, mas  um  olhar para as mais de 665.000  vitimas da pandemia no Brasil e todos  sabemos,  como é dolorosa a morte de um ente querido e aquele velório de 10 minutos com o caixão lacrado a dor é multiplicada, pois a uma interrogação se de fato aquele corpo ali dentro de fato é daquela pessoa amada.  Jesus por causa das conversões da época também não gozou de um velório, foi logo sepultado e mesmo Ele   falando que ressuscitaria a Igreja que ainda não tinha a plenitude  do Espirito Santo,  não conseguiu ver tal possibilidade.   Nenhum apóstolos volta ao sepulcro para cumprir os ritos fúnebres, pois a ideia  do  fim de tudo os toma e ainda se fala de uma guarda no tumulo, isso desmotiva e   assusta   qualquer um  que se aproximasse,  mas  Maria Madalena com outras mulheres  veem   como aquelas que  precisam presta essa honra ao Mestre e pra elas o problema seria a pedra e aqui vale a pena refletir sobre aqueles cristãos que colocam dificuldades em tudo e não  se colocam a caminho.  A sepultura aberta só gerou  uma dor maior de imediato.  

O autor do Evangelho  faz o recorte  histórico “no primeiro dia da semana”. que significa um novo momento  para humanidade com um projeto onde  todos tem seu espaço garantido, a morte não é  o fim,  a morte é apenas um detalhe  da natureza do homem que habita o tempo, Jesus sendo Deus habita o eterno e sua morte nos traz a dignidade de um dia poder habitar o eterno junto d'Ele.

Diante da noticia entregue pela mulheres  Pedro e João  partem no desespero pois ambos duvidam daquelas testemunhas.  Pedro o mesmo que disse que morreria pelo mestre, aquele que  cortou a orelha de um servo do sumo-sacerdotes e também aquele  que  negou  o Cristo  e João o discípulo amado que estava próximo de Jesus na ceia e na Cruz recebe a  guarda da Mãe de Jesus. Na corrida  para ver o tumulo ambos saem juntos, mas o jovem tem mais disposição e vigor chegando no tumulo e mesmo assim espera Pedro, pois Jesus sempre orientou para que o testemunho fosse em dupla. Ambos procuram um morto, mas Jesus esta vivo para testemunhar o amor do Pai.

A morte para muitos representa o fim,  essa é a logica da comunidade diante do mundo que vive em guerra, diante dos conflitos.  Devemos viver o  hoje  para vivermos na eternidade, não estamos sozinhos na cruz desta realidade, não estaremos sozinhos na ressureição. Se estamos como Jesus em comunidade  devemos promover a ressurreição por onde  passarmos e o autor deste  texto  demostra como as mulheres  e como os  homens encaram a ressurreição, ambos  no primeiro momento duvidam daquilo que os próprios olhos  deles revelam.   
O autor do evangelho nos convida a  remover as pedras e promover  ressurreição  combatendo os preconceitos, as  misérias  e denunciando os assassinos de Jesus  ainda hoje como Pedro apresenta no texto de Atos
10,34.37-43

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demônio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».



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