Neste dias em que vivemos de forma intensa as dores de uma catástrofe, em uma cidade considerada uma das mais bonitas do Estado do Rio de Janeiro, o Evangelho de hoje no versículo 36 fala da misericórdia para com o próximo. Jesus continua o sermão da planície e hoje apresenta o projeto de Um Deus que é Pai de todos, este é o modelo, que devemos seguir, e como cristão prática a não violência. Nos últimos anos ouvimos e multiplicamos o discurso de ódio e da violência como resposta a violência. Temos coragem do alto da nossa religiosidade cristã falar e justificar a pena de morte legal e até mesmo a pena ilegal (o famoso CPF cancelado) praticada pelo sistema paralelo.
Aqui como em Mateus, Jesus traz regra de ouro: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles” (v. 31). essa deve ser nossa resposta diante do mundo em todas nossas relações. Não deveríamos apenas cultivar as relações podem nos conceder vantagens. Estamos preocupados em manter as relações com iguais e aqui o evangelho destaca: Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia" O amar os inimigos é uma proposta que nos assusta e como viver essa realidade diante do discurso de uma sociedade que prega justa reação e ainda temos a famosa frase “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” sendo uma releitura de Levítico 19,2: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” todos queremos a tal santidade, mas esquecemos que toda santidade envolve postura de Um Deus que é Pai como um coração inflamado pelo amor doação.
Diante de uma tragédia como a de Petrópolis somos todos tomados pela compaixão e somos capazes de organizar campanhas e presta a devida solidariedade e não nos questionamos se entre as vitimas quem era bom ou mau. Diante da cultura de morte do CPF cancelado da violência urbana somos capazes de dizer barbaridades tipo "teve aquilo que mereceu".
Como é difícil abraçar o projeto onde o perdão e o amor é o caminho, como rezar por uma pessoa que nos fere na carne e na alma, pessoas que dizem conhecer o evangelho e tem certo conhecimento teológico, com ministério e liderança na comunidade que fazem questão de ostentar, quando a sua prática é farisaica da lei como a base para sua ação, agindo em nome de Cristo com o legalismo religioso e prega o Cristo como é um Rei, longe dos excluídos. Justifica as conquistas, cometendo as maiores omissões diante da dor e sofrimento do povo. Padre Alfredinho e uma palestra diante de 5 bispos disse que entre as prostitutas, cachaceiros e fora do ambiente Eclesial há mais comunhão que dentro de muitas Igrejas suntuosas onde a misericórdia não passa na porta pelo excesso de leis e a espiritualidade é uma cascas. Neste espaço que se escondem aqueles que atacam o Padre Júlio Lancelot (embora não concorde com a fala do Padre dando os parabéns ao vereador que adentrou uma Igreja no Paraná, ao nosso ver pra causar aquilo que causou). Nesse caso o tal grupo foi para mídia com discurso e atacando querendo que se aplique a justa pena. Só demostramos como estão inseridos na sociedade como um todo usando de chicana, demostrando uma espiritualidade fora do sonho de Deus. As vezes somos assim, reagimos o mal com o mal, se não agir desta maneiraara atacando na visão de uns e outros, é não tem honra. Seguindo Jesus com discurso, mas a pratica é de Barrabás.
Olhando o modelo de São Francisco, de Gandhi, de Luther King e tantos outros que agiram pela paz, sem o uso das armas ou da violência é uma contradição diante uma politica que defende que cada casa tenha uma arma de fogo. Sabemos claramente que na realidade uma arma em casa, poderá cair nas mãos de uma criança e o acidente certo, ainda temos uma juventude marcada por suas lutas e sonhos e diante do acesso a tal ferramenta pode ter seu futuro comprometido e ainda temos adultos/idosos diante da luta diária pode fazer o uso do jeito errado. Que dizer do jovem que chegando em casa foi alvejado pelo vizinho ou mesmo do vendedor de balas ambos vítimas de uma circunstâncias e aí temos 4 famílias com seu projeto destruído em seus sonhos. Sem esquecer a cultura do CPF cancelado que a sociedade que reza aos domingos que ler essa passagem bíblica, justificar com frases de efeito prontas e acha que a violência é a solução.
Como é difícil dizer me desculpa, eu errei, foi mal e não queria te ofender e também não é fácil baixar a guarda, se render e perdoar. O mais barato nesse modelo pseudo cristã atribuir o perdão a Deus, "Quem perdoa é Deus". Perdoar não significa ser omisso ou ter amnésia da dor sentida e colaborar com a injustiça, permitindo que os ciclos da violência se perpetue. Não podemos agir com legalismo mas também não devemos agir como jurisconsulto. A passividade dita no evangelho não pode ser uma passividade alienadora ou ainda pura covardia. Uma mulher que sofre a violência doméstica do companheiro, ela tem dever e o direito de levar ao conhecimento das autoridadese deve ter total apoio da Comunidade de Fé, para superar o ciclo de violência. Tal medida visa garantir a integridade de ambos derrotar o ciclo da violência. São Paulo VI quando lançou Populorum Progressio visava iluminar e questionar toda a Igreja sobre o direito dos trabalhadores e até mesmo quando o Papa Francisco determinou que os clérigos acusados de pedofilia sejam suspensos e submetidos ao julgamento do tribunal civi, se o Prelado que tem o dever aplicar tal punição não o fizer, ele será considerado culpado do mesmos erro. A nossa resposta com a não violência não pode ser uma desculpa pra compactuar com os erros e com a injustiça que podemos cometer como sociedade.
O compromisso do cristão é a prática evangélica, não pode ser uma espiritualidade descomprometida com a verdade ou desasociada do projeto de Jesus e que o nosso sim, seja sim e o não seja não, dentro da proposta de Mateus 5,37. O texto de 1 coríntios 15, 45-49 traz a comunidade uma analise da natureza do primeiro homem que veio da terra, do barro e natureza de Jesus que vem do alto e aqui vale a máxima de um evangelho que bebe na realidade da nova humanidade onde somos todos irmãos filhos do mesmo Deus que nos ama e nos quer feliz aqui a resposta do Salmo 102 nos sustenta; O Senhor é Clemente e cheio de compaixão
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