Vivemos no momento de uma pandemia mundial, a economia mundial em crise,
a nível local temos as crises dos poderes políticos e as motivações ideológicas de uns e outros pra apoiar esse ou aquele candidato, sem esquecer o conflito russo com a Ucrânia e a tragédia de Petrópolis que o evangelho deste 8º Domingo do tempo comum vai iluminar e por mais que tentemos separar a realidade do culto celebrado e a vida em sociedade, não é possível. Vivemos muitas das vezes uma religião piedosa, apenas dos ritos e preceitos que visa uma salvação da alma e por essa via que Jesus hoje nos convida meditar.Estamos encerrando a primeira parte do tempo comum e neste encerramento ainda com o sermão da planície, onde Jesus anuncia o seu projeto. Logo após o Batismo do senhor o evangelista Lucas aponta que Jesus veio estabelecer o Ano da Graça com uma libertação plena e hoje ele nos aponta alguns conselhos que até podem ser lidos de forma isolada, como de um cego guiando um outro cego, recordamos em tempo de fake news como muitos se permitem guiar pelas cegueiras das redes sociais e se assustam com uma noticia que chega e repassa, guiando o povo ao erro.
Quais seriam os critérios que usamos em nossas praticas cotidianas da fé e na vivência social?
Também estamos vivendo no tempo onde a imagem, aparência e toda casca vale mais que o ser humano, olhando para o mundo eclesiástico que a vestimenta daqueles que presidem daria pra pagar um ano de salário de trabalhador ou ainda a preocupação de representar o senhor com a ostentação do poder. Agindo na cegueira do próprio ego fazendo alianças até com o próprio Lucifer pra continuar onde foram colocados, nesse caso não há cegueira de fato, mas uma aliança pelo interesse. Eles geralmente sabem onde estão falhando e como estão falhando no seu ministério.
Jesus nos fala sobre essa cegueira, vivida em nosso meio. A cegueira do clericalismo, laiscisismo e todos os ismos negativos que movem nossas comunidades de fé e toda sociedade dita cristã e no domingo anterior fomos convidados a não reagir ao mal com o mal, mas hoje ele manda abrir os olhos diante dos lideres religiosos daquele contextos que falhavam com seu testemunho, não viviam uma fé de comunhão, de união, de fraternidade, de amor e na sua religiosidade a pratica da intolerância, da hipocrisia, do autoritarismo e das preocupações em manter sua posição exigindo fossem chamados de Raboni /Rabi, as vestes (cascas) da religiosidade era mais importante que a vivência da fidelidade ao projeto de Deus Pai.
Somos imagens imperfeitas de Deus Perfeito, somos chamados a viver na sociedade trazendo como modelo e guia a pessoa de Jesus de Nazaré, revelando a grandeza, a graça e a misericórdia do Deus de Amor, jamais invocando pra si uma natureza que não seja de servo, pois a cegueira do ego, manda os bons pregadores para o inferno, por isso somos convidados a conhecer a nossa própria natureza e fazer a devida poda pra produzir o fruto verdadeiro (João 15,1-8)
Jesus fala aos seus discípulos: pode um cego guiar outro cego?
O texto de hoje apresenta um paralelo de Mateus 15,14, fazendo uma leitura da realidade falando da deficiência visual aqui vale a pena citar o filme pós-apocalípticos lançado em 2010 no Brasil "O livro de Eli" que tem a sinopse de uma terra arrasada depois da guerra ter dizimado o mundo, um guerreiro solitário chamado Eli caminha por Trinta anos por cidades arruinadas, dando esperança para os que restaram. Apenas um outro homem compreendia o poder do livro que Eli carrega e está determinado a se apoderar dele. Apesar de Eli preferir a paz, ele arriscará a sua vida para proteger a sua carga preciosa, pois precisava cumprir o seu destino de ajudar a restaurar a humanidade. todos sabemos que o Livro neste contexto pra nossa realidade é a Bíblia, algo que talvez muitos não sabem que o personagem Eli sofre de uma cegueira física e o livro em questão esta no braile, a missão do personagem é proteger e levar o Livro para biblioteca onde ele será reproduzido pra todos.
Jesus quando alerta dizendo que na relação entre discípulo e mestre devemos saber qual é nosso papel, inaugura um modelo onde não a divisão de casta e aqui de novo ele mostra que o mestre deve esta disposto aprender fazendo uma alusão ao Mestre Nicodemos de João 3,1-21, logo em seguida volta falar do problema de visão a trave, Lucas sendo grego traz ainda a metáfora da Arvore e frutos e olhando ainda para natureza humana resgata o pensamento em Mateus 15,17 que retrata sobre questão da impureza, sendo que aqui Jesus radicaliza falando da natureza do homem. No evangelho de Jesus não existe o meio termo, você tem fidelidade ao projeto ou você representa só um obstáculo para Reino se instalar
Os versículos de hoje são conselhos que podemos ler de forma solta e tentar responder , sem medo ou mascaras, responder em nossos corações, longe das hipocrisias morais religiosas e pudores dos outros se de fato não somos nós lideres cegos em nossa maneira de olhar o outro de grupo religioso, na sexualidade, ideologia, posição politica, posição social diferente da nossa, por discorda da nossa opinião e até mesmo ainda pela cor da pele. Alguns evangélicos trazem a frase " SE TA BIBLIA, A ACREDITO" e alguns católicos procuram no Direito Canônico, no Catecismo, na tradição, na bíblia e ate o padre para aceitar algo ou reprovar. Sabemos que tudo isso, pode vira um grande cisco, se faltar a caridade e o amor ao próximo. Como não se admirar quando lideres religiosos invocam pra si títulos de honra onde tudo é dele (minha comunidade, minha paróquia, meus e meus) e parece que nada é Deus, sem esquecer exigem valer o titulo de tratamento ou da reponsabilidade criando uma barreira se colocando como Mestres fariseus e aqui temos um olhar pra essa leitura de 1 Coríntios 15,54-58, se revestir de fato, e não simbolicamente. Tira do coração coisas boas se faz necessário cultivar e fazer do coração uma terra boa, olhemos para realidade do mundo: Petrópolis ainda sepultando seus mortos, quase mil pessoas morrendo pela covid19 no Brasil todo dia e o conflito da Ucrânia. Zanzado pela rede mundial de computadores certamente encontramos alguns comentários sobre esses fatos das diversas maneiras e passamos pelos comentários que não demostram nenhum sentimento de respeito pelas vitimas. Certamente ouvimos ou lemos: "La não é local pra construir casa, sobre a situação de Petrópolis"; "Bem feito, não tomou vacina, sobre a morte dos não vacinados e ainda sobre o conflito na Ucrânia nos nos deparamos com pessoas justificando, mas o USA faz isso ou fez aquilo. Olhemos bem, são discurso de pessoas que rezam e fazem questão de ler a bíblia e dizer que são tementes ao Deus Jesus de Nazaré.
Tirar do coração coisas boas pede as vezes apenas o silêncio e uma prece um apelo pela paz. Somos afobados em apontar e fazer o julgamento moral em nossas comunidades, quando devíamos demostrar como rico é nosso coração voltando lá em Lucas 6,36
"Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso."
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