Quando o Papa Francisco intitui o Domingo da Palavra de Deus com Motu Próprio nos convida a uma dedicação plena a Palavra de Deus e as leituras do terceiro domingo do tempo Comum da liturgia do ANO C da igreja onde nos debruçamos nos textos: Ne 8,2-4a.5-6.8-10; Salmo 18 B (19); 1 Cor 12,12-30 e Lc 1,1-4;4,14-21.
Sabemos que o relato de Neemias traz o reencontro da Palavra de Deus após um momento de dificuldade do Povo de Deus e Paulo em Coríntios recorda quem somos diante da realidade. Jesus em Lucas traz o compromisso do Cristão diante de toda sociedade, fazendo um paralelo de Isaias 61,1-2 onde a profecia envolve uma ruptura com a estrutura de poder e dominação no contexto de todo Povo de Deus. Sabemos que Lucas escreve para os povos de origem grega e apresenta o Messias com um compromisso de trazer a libertação, após a leitura Jesus proclama que esta se cumprindo, despertando a insatisfação e criticas dos lideres da sinagoga.
O Homem Jesus de Nazaré sabe muito bem qual é sua missão, qual é seu compromisso junto ao Povo e as lideranças locais e ao proclamar o texto de Isaias, Ele se sente impelido a colocar em pratica a missão do Profeta desconhecido, defender a vida, lutar pela dignidade. Temos uma Pátria com 500 anos de evangelho, um dos primeiros atos nesta terra foi uma celebração Eucarística, foi render graças ao Deus da Vida e mesmo assim as autoridades daquele tempo e de hoje não sente vergonha de produzir a exclusão, o sofrimento e a morte do povo. Diante desses fatos que somos convidados a gritar e a denunciar. Somos também chamados a viver e reviver em nossas atitudes o modelo de Jesus.
Mais de 2000 anos do Evangelho, a humanidade ainda não entendeu a proposta de Jesus, a libertação individual dos nossos egoísmos, das nossas mazelas e culpas deve ser importante, mas não se deve esquecer da libertação consciente de toda sociedade dita cristã de seus vícios e egoísmos, talvez seja por isso que a Igreja nos apresenta junto com a leitura do Evangelho de Lc 1,1-4;4,14-21 o texto de 1 Cor 12,12-30, apontado a Igreja como um Corpo, Leonardo Boff falou na Diocese de Nova Iguaçu na ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade de 2017 que somos irmãos e o sofrimento do outro deve nos levar a solidariedade. O Papa Francisco quando diz que Igreja não pode ser uma ong ou empresa que visa o lucro financeiro( em agosto de 2013 ), traz referências nas entrelinhas a essa passagem, pois a Igreja como Mãe constituída por homens e mulheres de todos os tempos idades e tem o compromisso com a libertação do ser humano como um todo. Recentemente o Papa questionou a sociedade que humaniza os pets e ignora o outro humano e foi duramente criticado por muitos. Ser cristão seja o Papa ou qualquer batizado envolve as vezes desagrada uns e outros.
Olhando para o Brasil que diante dos negação do vírus ou da vacina, diante das filas da fome e do desemprego . Se fabrica inimigos, se constrói heróis, mitos e salvadores. diante das crises, temos lideres religiosos preocupados em porta seus títulos, invocam honras, lambem as botas do poder civil, usam a igreja como uma empresa, visam o lucro, se adaptam ao sistema neoliberal e falam investir o dinheiro para ganha dinheiro. Falam de pobreza nos cultos, missas e por onde passam, mas a pratica é outra. Fugindo assim da sua missão, são reverenciados e valorizados como verdadeiros lideres religiosos que o são, mas estão longe do contexto do evangelho proclamado na liturgia de hoje, pois a sua vocação e o seu ministério seguem o modelo e o exemplo do Apostolo Judas Iscariótes. Vendem e negociam Jesus na pessoa do pobre para não perde o status, a pose, a condição e o seu jeito de ser cristão é ter comunhão com o opressor crucificando aqueles que não aplaudem seu delírio e poder. Vivemos no tempo em que todos nós somos omissos, diante da pequenas e grandes injustiças. Por isso, também seremos réus diante do Trono de Deus, mesmo ocupando as grandes ou pequenas obrigações em nossas Comunidades, sendo grande ou pequena autoridade, sendo leigo ou clero o inferno se abrirá jubiloso, para nos acolher se continuarmos com esse modelo de pratica religiosa. No evangelho de hoje, Lucas nos aponta a missão de Jesus que nos é confiada e a nossa religiosidade deve ser libertadora, deve ser compromissada com a causa do Reino de Deus, enraizada no projeto de Jesus.
O projeto libertador inaugurado por Jesus envolve um compromisso coerente com a realidade e o caminho da Igreja sinodal deve ser a fidelidade ao Cristo, como Assembléia de batizados, Devemos tomar consciência, através deste evangelho, de que a missão é a mesma de Jesus e consiste em proclamar a “boa notícia”, "a libertação aos mais pobres, excluídos e marginalizados deste mundo. Ungidos pelo Espírito para viver plenamente a missão confiada a Igreja Corpo Místico onde Cristo é a cabeça, fiel ao projeto de Salvação e ao sonho do Deus Criador. Todos sabemos, que o projeto de Jesus é bem maior que a Igreja somos ou religião que praticamos.
DNonato
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