domingo, 23 de janeiro de 2022

Um olhar em Lucas 1,1-4;4,14-21 - Domingo da Palavra de Deus.

 
Quando o Papa Francisco   intitui o Domingo da Palavra de Deus com Motu Próprio   nos convida a  uma dedicação plena a Palavra de Deus e as leituras do  terceiro domingo do tempo Comum da liturgia do ANO C da igreja onde nos debruçamos  nos textos: Ne 8,2-4a.5-6.8-10; Salmo 18 B (19); 1 Cor 12,12-30 e Lc 1,1-4;4,14-21.

Sabemos que o  relato de Neemias  traz o reencontro da Palavra de Deus após um momento de dificuldade do Povo de Deus e Paulo em Coríntios recorda quem somos  diante da realidade.  Jesus em Lucas traz o compromisso do Cristão diante de toda  sociedade, fazendo um  paralelo de Isaias 61,1-2 onde a profecia envolve uma ruptura com a estrutura de poder e dominação no contexto de todo Povo de Deus. Sabemos que Lucas escreve para os povos de origem grega e apresenta o Messias com um compromisso de trazer a libertação, após a leitura Jesus  proclama  que esta se cumprindo, despertando a insatisfação e criticas dos lideres da sinagoga.  

O Homem Jesus de Nazaré sabe muito bem qual é sua missão, qual é seu compromisso  junto ao Povo e as lideranças locais e ao proclamar o texto de Isaias, Ele se sente impelido a colocar em pratica a missão do Profeta  desconhecido, defender a  vida, lutar pela dignidade.  Temos uma Pátria com 500 anos de evangelho,   um dos primeiros atos nesta terra  foi uma celebração Eucarística,  foi render graças ao Deus da Vida e mesmo assim as autoridades  daquele tempo e de hoje não sente vergonha de produzir a exclusão, o sofrimento e a morte do povo.  Diante desses fatos que somos convidados a gritar e a denunciar.  Somos também  chamados a viver e  reviver em nossas atitudes o modelo de Jesus.

Mais de 2000 anos do Evangelho,  a humanidade  ainda não entendeu a proposta de Jesus, a libertação individual dos nossos egoísmos, das nossas mazelas e culpas  deve ser importante, mas não se deve esquecer da libertação consciente de toda sociedade dita cristã de seus vícios e egoísmos, talvez seja por isso que a Igreja nos apresenta junto com a leitura do Evangelho de Lc 1,1-4;4,14-21 o texto de  1 Cor 12,12-30,  apontado a Igreja como um Corpo,  Leonardo Boff falou  na Diocese de Nova Iguaçu  na ocasião da  abertura da Campanha da Fraternidade de 2017  que somos irmãos e o sofrimento do outro deve nos levar a solidariedade. O Papa  Francisco quando diz que Igreja não pode ser uma ong ou empresa que visa o lucro financeiro( em    agosto de 2013 ),   traz  referências nas entrelinhas a essa passagem, pois a Igreja como Mãe constituída por homens e mulheres de todos os tempos idades e  tem o compromisso com  a libertação do ser humano como um todo.  Recentemente o Papa questionou a sociedade que  humaniza os  pets e ignora o outro humano e foi duramente criticado por  muitos.  Ser cristão  seja o Papa ou qualquer batizado envolve as vezes desagrada  uns e outros. 

Olhando para o Brasil que  diante dos negação do vírus ou  da vacina, diante das filas da fome e do desemprego . Se fabrica inimigos, se  constrói heróis, mitos  e salvadores.   diante das crises, temos   lideres religiosos preocupados em porta seus títulos, invocam honras,  lambem  as botas do poder civil,  usam a  igreja como uma empresa, visam o  lucro,   se adaptam ao sistema neoliberal e falam  investir o dinheiro para ganha dinheiro. Falam de pobreza nos cultos, missas e  por onde passam,  mas a pratica  é outra.  Fugindo assim da sua missão, são reverenciados e valorizados  como verdadeiros lideres  religiosos que o são, mas estão longe do contexto do evangelho proclamado na liturgia de hoje, pois a sua vocação e o seu ministério  seguem o modelo e  o  exemplo do Apostolo Judas Iscariótes. Vendem e negociam Jesus na pessoa do pobre para não perde o status, a pose, a condição e   o seu jeito de ser cristão  é  ter comunhão com o opressor crucificando aqueles que não aplaudem seu delírio e poder. Vivemos  no tempo em   que todos nós  somos  omissos,    diante da pequenas e grandes  injustiças. Por isso,  também seremos  réus diante  do Trono de  Deus,  mesmo ocupando as  grandes ou pequenas obrigações em nossas Comunidades,    sendo grande ou pequena autoridade, sendo leigo ou clero o inferno se abrirá jubiloso, para  nos  acolher se continuarmos com esse modelo de pratica religiosa.  No evangelho de hoje,  Lucas nos aponta a missão de Jesus que nos é confiada e a  nossa religiosidade deve ser libertadora, deve ser compromissada com a causa do Reino de  Deus, enraizada no projeto de Jesus.

O projeto  libertador  inaugurado por Jesus envolve  um compromisso  coerente com a realidade  e  o  caminho da Igreja sinodal  deve ser a fidelidade ao Cristo,  como Assembléia de batizados,   Devemos  tomar consciência, através deste  evangelho, de que a missão é a mesma de Jesus  e consiste em proclamar a  “boa notícia”,  "a libertação aos mais pobres, excluídos  e marginalizados  deste mundo. Ungidos pelo Espírito para viver plenamente a  missão confiada a Igreja Corpo Místico onde Cristo é a cabeça,   fiel ao projeto de Salvação e ao sonho do Deus Criador. Todos sabemos, que o  projeto de Jesus é  bem  maior que a Igreja somos  ou religião que praticamos.

DNonato



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