A Origem do Movimento de Cursilhos no Brasil
O Movimento de Cursilhos de Cristandade (MCC) chegou ao Brasil em 1962, trazido por missionários espanhóis. Em seu início, o movimento era voltado principalmente aos trabalhadores de origem castelhana. O primeiro Cursilho em solo brasileiro foi realizado na cidade de Valinhos, no estado de São Paulo. Inicialmente, a coordenação e animação estavam sob responsabilidade de presbíteros.
Impulso do Concílio Vaticano II
O Concílio Vaticano II deu um impulso decisivo ao MCC, especialmente por meio dos documentos Lumen Gentium e Gaudium et Spes, que destacaram a missão e vocação do leigo na Igreja. Em 28 de maio de 1966, realizou-se a Primeira Ultreia Mundial, em Roma. Nessa ocasião, o Papa Paulo VI, em uma alocução memorável, consagrou ao mundo o Cursilho como “uma palavra acrisolada na experiência, acreditada em seus frutos, que hoje percorre com carta de cidadania os caminhos do mundo”.
Abertura aos Leigos e Reformulação
A partir desse reconhecimento, o protagonismo leigo foi sendo fortalecido. O movimento, que em sua origem era clericalizado e voltado a intelectuais e pessoas influentes, começou a se abrir para a diversidade do povo de Deus. Os encontros, até então realizados na Semana Santa, muitas vezes criavam falsas expectativas — como a promessa de passeio, futebol ou banho de piscina — para atrair participantes. As mensagens eram chamadas de “rolhos” (são dezoito no total, formando uma cadeia temática única), e os coordenadores recebiam o título de “cardeais”.
Já na década de 1980, o MCC passou por profundas reformulações. Os participantes passaram a ser chamados de coordenadores e mensageiros. Os termos “rolho” e “cardeal” foram abandonados, e o movimento adotou uma estrutura mais orgânica e participativa, com articulação em nível mundial.
O Método: Ver, Julgar e Agir
O método do Cursilho tem como base o tripé proposto pelo cardeal belga Joseph Léon Cardijn (1882–1967), cuja ação pastoral estava fortemente marcada pelo compromisso social: ver, julgar e agir. Esse método aproxima o Cursilho da realidade concreta dos participantes, ajudando-os a discernir e agir evangelicamente em seus ambientes.
Difusão Ecumênica
O MCC cresceu tanto que, em 1984, até mesmo a Igreja Episcopal Carismática do Brasil (ramo da Igreja Anglicana) adotou experiências semelhantes. Antes disso, nas décadas de 1970 e 1980, metodistas, presbiterianos e outros cristãos evangélicos nos Estados Unidos já haviam vivido experiências inspiradas no Cursilho, utilizando inclusive sua linguagem e estrutura.
A Força da Oração: A Alavanca
Uma das marcas do MCC é o uso da oração como alavanca espiritual: em cada momento, em alguma parte do mundo, há um Cursilho acontecendo — e por ele, pessoas rezam, pedindo o bom êxito daquele encontro. Esta comunhão espiritual fortalece e sustenta os frutos do movimento. Convidamos, inclusive, quem lê este texto a fazer uma oração sincera por todos os jovens e adultos que vivem essa experiência transformadora.
A Mística dos Três Dias e o “4º Dia”
O Cursilho é uma experiência profunda de encontro com o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, razão pela qual o encontro tem duração de três dias e três noites. Após essa vivência intensa, os participantes são desafiados a viver o “4º Dia”: um tempo de continuidade, no qual se evangeliza os ambientes cotidianos — família, trabalho, comunidade — a partir da experiência pessoal com Cristo.
A Chegada do Movimento à Diocese de Nova Iguaçu
O Movimento de Cursilhos chegou à Diocese de Nova Iguaçu pela Porta da Guanabara, em 1968. O primeiro encontro foi preparado ao longo daquele ano na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Belford Roxo, e seria realizado em novembro, na Casa de Retiro Nosso Lar. A equipe organizadora veio da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e era composta por cinco padres, entre eles o jovem Pe. Fernando Vandenabeele, CICM.
Um Sinal de Deus: O Caso de “Pai Jacó”
Inicialmente voltado às elites, o MCC viu surgir um personagem emblemático: Pai Jacó, um homem simples e analfabeto, que desejava servir no primeiro Cursilho da Diocese. Contudo, foi informado de que não havia sido escolhido para a equipe. Mesmo triste, afirmou com fé: “De algum modo, eu vou trabalhar neste Cursilho”.
No dia previsto para o retiro, um problema no gerador de energia levou ao cancelamento do encontro. Quando o evento foi remarcado, no carnaval do ano seguinte, Pai Jacó foi incluído na equipe. O Cursilho aconteceu com graça e grande fervor, e Jacó se tornou símbolo do carisma e da inclusão do movimento.
Um Movimento que Persevera
Passados 45 anos, a Diocese de Nova Iguaçu já realizou:
137 Cursilhos masculinos (sendo 9 voltados a jovens),
127 Cursilhos femininos (sendo 10 voltados a jovens),
Totalizando 264 encontros.
Além disso, já aconteceram 10 Assembleias Diocesanas, sinal de que o movimento permanece vivo, comprometido com a missão de anunciar o Evangelho encarnado na realidade, por meio de um método querigmático que forma discípulos missionários para os ambientes do mundo.
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