Uma coisa é ser o Papa, outra coisa é dar Conselho para o Papa. Joseph Aloisius Cardeal Ratzinger soube muito bem o sentido desse ditado
Na história da Igreja do século passado tivemos a alegria de ter alguns homens que comandaram a Barca de Pedro e sabemos bem, que é um fardo um tanto pesado. A definição de gaiola de ouro que ouvimos de um velho padre falecido, cabe bem ao nosso ver. Mesmo que gaiola seja de ouro, continua sendo aquilo que se destina ser.
Durante o pontificado de João Paulo II se destacou o Teólogo, o Bispo Joseph Aloisius Cardeal Ratzinger e mesmo na nossa imensa ignorância teológica diante de tal pessoa, não podemos negar a grandeza de sua colaboração para vida da Igreja e seu papel na história como sucessor de João Paulo II que representou o um desafio, pois o carisma do Papa João de Deus é algo que só Papa nascido na Polônia tinha e sabemos de todos os retrocessos histórico que a Igreja sofreu para manter a unidade com o pontificado de João Paulo II, incluindo decisões do pontífice atribuída ao Cardeal Ratzinger.
Com a Páscoa do Papa Karol o sucessor teve dificuldades tamanha de ser o Papa em uma Igreja que tem uma tradição, mas que precisa dialogar e se fazer entender no novos tempos. Ele o Papa Ratzinger cumpriu o seu papel para a Igreja da América se fez presente no CELAM em 2007 e de lá nasce o documento de Aparecida, que nos dá novo ânimo, traz para nós a ideia de uma Igreja servidora, acolhedora, supera a ideia de uma ONG.
Olhamos ainda a atividade do Papa Alemão vimos como gesto nobre e prova de sabedoria a sua renúncia ao pontificado, afinal uma gaiola de ouro, de madeira ou lata continua sendo gaiola.
O chamaram de Papa emérito, de ex-papa, de Papa renunciado etc.
Na verdade ele só desejava ser o simples Joseph Aloisius Ratzinger o Teólogo, professor, escritor e um alemão que sofreu a incompreensão de muitos. Olhando seu testamento espiritual percebemos a riqueza de um homem simples que ocupou ocupou o ministério do primado de Pedro, façamos essa leitura nesse primeiro dia de 2023
Joseph Aloisius Cardeal Ratzinger descanse em Paz que Deus te recompense pelo bem praticado.
DNonato
Testamento espiritual de Bento XVI
Se nesta tarda hora da minha vida olho para as décadas que percorri, como primeira coisa vejo quantas razões tenho para agradecer. Agradeço antes de tudo ao próprio Deus, o dispensador de todo bom dom, que me doou a vida e me guiou através de vários momentos de confusão; levantando-me sempre toda vez que começava a escorregar e dando-me sempre novamente a luz da sua face. Retrospectivamente vejo e compreendo que mesmo os trechos obscuros e cansativos deste caminho foram para a minha salvação e que justamente neles Ele me guiou bem.
Agradeço aos meus pais, que me doaram a vida num tempo difícil e que, a custa de grandes sacrifícios, com o seu amor me prepararam uma magnífica morada que, com sua clara luz, ilumina todos os meus dias até hoje. A lúcida fé de meu pai me ensinou a nós, filhos, a crer, e como indicador sempre foi firme em meio a todas as minhas aquisições científicas; a profunda devoção e a grande bondade de minha mãe representam uma herança à qual jamais poderei agradecer suficientemente. Minha irmã me assistiu por décadas de maneira desinteressada e com afetuoso cuidado; meu irmão, com a lucidez dos seus juízos e a sua vigorosa determinação, sempre me abriu o caminho; sem este seu contínuo preceder-me e acompanhar-me, não poderia ter encontrado o caminho justo.
De coração agradeço a Deus pelos muitos amigos, homens e mulheres, que Ele sempre colocou ao meu lado; pelos colaboradores em todas as etapas do meu caminho; pelos mestres e os estudantes que Ele me deu. Agradecido, confio a todos à Sua bondade. E quero agradecer ao Senhor pela minha bela pátria nos pré-alpes bávaros, na qual sempre vi transparecer o esplendor do próprio Criador. Agradeço às pessoas da minha pátria, porque nelas pude sempre experimentar de novo a beleza da fé. Rezo para que a nossa terra permaneça uma terra de fé e vos peço, queridos compatriotas: não vos distraiais da fé. E finalmente agradeço a Deus por todo o belo que pude experimentar em todas as etapas do meu caminho, especialmente, porém, em Roma e na Itália, que se tornou a minha segunda pátria.
A todos aqueles que de algum modo tenha cometido um erro, peço perdão de coração.
Aquilo que antes disse aos meus compatriotas, o digo agora a todos aqueles que na Igreja foram confiados ao meu serviço: permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Com frequência, parece que a ciência – as ciências naturais de um lado e a pesquisa histórica (em particular a exegese da Sagrada Escritura) de outro — seja capaz de oferecer resultados irrefutáveis em contraste com a fé católica. Vi as transformações das ciências naturais desde tempos remotos e pude constatar como, ao contrário, tenham desaparecido aparentes certezas contra a fé, demonstrando-se ser não ciência, mas interpretações filosóficas somente aparentemente incumbentes à ciência; assim como, por outro lado, é no diálogo com as ciências naturais que também a fé aprendeu a compreender melhor o limite do alcance de suas afirmações e, portanto, a sua especificidade. São pelo menos 60 anos que acompanho o caminho da Teologia, em especial das Ciências Bíblicas, e com o subseguir-se das várias gerações vi ruir teses que pareciam inabaláveis, demonstrando-se serem simples hipóteses: a geração liberal (Harnack, Jülicher ecc.), a geração existencialista (Bultmann ecc.), a geração marxista. Vi e vejo como do emaranhado das hipóteses tenha emergido e emerja novamente a razoabilidade da fé. Jesus Cristo é realmente o caminho, a verdade e a vida — e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é realmente o Seu corpo.
Por fim, peço humildemente: rezem por mim assim que o Senhor, não obstante todos os meus pecados e insuficiências, me acolher nas moradas eternas. A todos aqueles que me são confiados, dia após dia, vai de coração a minha oração,
Benedictus PP XVI
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