sábado, 5 de março de 2022

Um Olhar no texto de Lucas 4,1-13 - 1º Domingo do tempo da quaresma

Vivemos tempos de deserto. são os conflitos no mundo, a tragédia de Petrópolis e  sem mencionar nossas lutas pessoais  seja no trabalho ou a

falta dele, isso sem  esquecer esse momento de pandemia  que ainda continua matando e as  discussões  do ficar em casa,  se toma vacina ou não e 
agora do tira ou coloca máscara.  São tempos de pós-verdade e mesmo assim chegamos  a quaresma, tempo que devemos olhar para o nosso ser e refletir. Jesus veio para nos salvar apesar das nossas  imperfeiçoes  e com isso mergulhamos ou somos inseridos na realidade,  onde somos tentados e aqui neste evangelho  estamos   no inicio da  vida pública de Jesus. Ele acabou de ser batizado por João Batista e recebeu o Espírito para a missão (cf. Lc 3,21-22) ouviu a frase que era o Filho amado. Neste 1ª domingo da quaresma os  textos propostos são: Deut 26,4-10; Salmo 90 (91) com o  Refrão: Estai comigo, Senhor, no meio da adversidade.;  Rom 10,8-13 e Lc 4,1-13.  Essa liturgia nos  convida a rever nossos gestos, de forma consciente sabemos  que há algumas tentações pelo deserto da vida que devemos  superar. São  as pedras de tropeço,   que estão ao longo do caminho existencial da humanidade: a necessidade do prazer, do  poder/materialismo  e de  se igualar a Deus  e  todo o projeto que visa a projeção de nós mesmos.
 Na visão judaica, daquele período Deus não passava de um ser incessível pra  realidade do homem e todo sofrimento e dor se justificava pela ação de Deus castigando  o povo, sendo um Ser distante preso em um  autoritarismo religioso  e Jesus vem superar isso. Quando Ele  se batiza,  é conduzido pelo Espirito  ao deserto, representando  todo ser humano tentado no seu deserto cotidiano.   De acordo com a narrativa estava Jesus no deserto e veio tentador, aqui recordamos o livro de Jó (o Diabo  se apresenta diante de Deus).  O autor sagrado do evangelho  faz questão de trazer detalhes quase como  uma novela,  se percebe a preocupação de não perde os  detalhes (Deserto, fome, reinos da terra, torre do templo) e sabemos que  Jesus foi confirmado como  O Filho de Deus como narra o próprio Lucas  no batismo

- O deserto:  é o  espaço onde ficamos  sozinho e na nossa solidão podemos  encontrar Deus,  mas lá também é o local onde   habita os piores monstros da alma humana. Os profetas quando tinham dificuldade de ouvir a voz de Deus,  iam para o deserto e na solidão   pra melhor ouvir a voz de Deus.  O deserto também  é  um  espaço  de transição,   o povo de Deus ficou 40 anos no deserto  até  chegar a terra  prometida

- A fome:  No livro de gênesis fala de um  fruto que os patriarcas da humanidade (Adão e Eva) comeram  e assim perderam a salvação  e fome é  uma necessidade do Instinto do ser vivo e nisso nos iigualamos aos animais,  aos seres  infracionais, a necessidade  da fome quase que nos torna feras e por causa da fome, Esaú vendeu a primogenitura  dele (Gen 25,29-30)

Reinos da terra: A capacidade que nós temos de nos organizar em cidades,  talvez isso nos diferencia  dos animais irracionais,  durante séculos cidades se levantam e caíram.  Como no caso de 1922 a Rússia se tornou a grande URSS, em 1991   votou a ser apenas Rússia e hoje tenta  reestabelecer  a grandeza que já teve. Com isso  observamos que também "os reinos" (países) estão  no tempo e podem ser extintos ou alterados. O homem é o único ser  com a capacidade de destruir a Terra umas 7 vezes sem  piscar. O ser humano gosta do poder e faz do poder um  autoritarismos  e com isso planta o anti-reino 

-Torre do templo:  A religião no contexto da epoca estava envolvida na suntuosidade e  se projetava além daquilo que ela deveria ser.  Sendo tudo menos o sinal do sagrado.   Sabemos   que o termo religião tem a  origem na palavra religar com o Divino.  Quando o tentador ordena que jesus  se jogue da torre do templo, queremos observar que autor sagrado conta que era o prédio mais alto e sabemos que no contexto  da época era  o local mais importante da cidade. A parti da religião, se  conta  a história  da humanidade que praticou  muitas  injustiça  fez até guerra santa em nome do Deus de Amor. Nesse contexto, olhamos hoje para alguns  que sao motivados  por seus lideres religiosos ou políticos, que justificam o não tomar a vacina em plena pandemia,  uma simples vacina e com discurso:   de que Jesus o protegerá da covid19, e uma suposta unção que  lhe dá essa ou aquela imunidade. 

Vivemos as três situações

no nosso cotidiano muitas das vezes  deturpada  pela lógica humana.

Buscamos como pessoa o prazer, o poder e o ter.  E  o tentador se aproxima  partindo da realidade de Jesus e da nossa. Quarenta dias no deserto, isolado e na hora da solidão que somos tentados de forma profunda e aqui temos um embate com  citações   do antigo testamento. Recordamos o texto do domingo anterior quando  no  8º Domingo do tempo comum  Jesus nos reporta sobre os frutos, e  aqui podemos dizer que para  produzir bons frutos é preciso perseverar, vencendo as tentações.  

Um dos fatos que devemos carregar neste período,  é que podemos sim,  vencer a tentação. 

Quem tem e-mail, rede social etc recebe sempre a proposta de adquirir mais um  cartão de credito esse consumismo que somos banhados, como não  olhar em um pais cristão como nosso em nome do ter /materialismo temos um dos salários mais baixos e    como   não se   indignar com atitude de um governo preocupado em  facilitar a compra de armas  pra passar uma falsa ideia de poder  e ainda diz que segue Jesus e cita a bíblia quase em todo o discurso e aqui vale  observar que o Satã da liturgia de hoje também conhece a  bíblia e cita frases completas do antigo testamento. 

Se olharmos no espelho de nossa consciência,  somos todos tentados ao autoritarismo até mesmo dentro da Igreja.  Talvez  entre nós cristãos  o abuso de autoridade seja mais comum que se  sabe. Há uma  total falta de respeito com quem tem outra linha politica ou teológica e essa falta de sentimento  cristão é algo praticado  de forma natural, invocando uma condição e uma pseudo  autoridade, que beira  um autoritarismo  que certamente Jesus não esta de acordo. Nesse campo, usam  e fazem do Deus Vivo um deus objeto  e as  liturgias passam ser:   aulas com exibição de conhecimento, shows  para uma plateia assistir (sem um envolvimento real) ou  um ritual com um rigorismo litúrgico  desligado  da vida e da realidade do povo. Líderes  cristão que muitas  das vezes agem na  covardia:  não comentem suicídio, mas em nome da "sua fé"(Aqui vale frisar o "sua") que diz ser a fé da Igreja,   matam  o irmão e  não sentem nenhum tipo de vergonha ou pudor.  

Como superar tudo isso?
Voltamos lá para a quarta-feira de cinzas  mergulhado na espiritualidade evangélica e contra as três pedras do  inimigos usemos as pedras de Deus.  Contra  o prazer  usemos o jejum,  no caso do poder/Materialismo usemos a esmola e  passemos a  visitar os asilos, casas de dependentes quimicos, presídios e contra o ser/autossuficiência passemos a rezar/orar  e sabemos que o evangelho  termina com o versículo  treze   "Então o diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo". 
Deus,  não  desiste de nós  e temos que saber escolher como diz o livro  de Deuteronômio 
Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a I tua posteridade
Deut: 30,19


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