terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma analise histórica

Na História da humanidade, a religião sempre se posiciona como um dos órgãos de controle social. Apontando saídas e opções, para a realidade. Com a Igreja Católica  não poderia ser diferente, ela   vive na e com  a realidade do seu tempo. Olhando para história do Brasil recente quando a CNBB elogia a ação dos militares
Ø  “O Brasil foi, há pouco, cenário de graves acontecimentos, que
modificaram profundamente os rumos da situação nacional”. Atendendo à geral e angustiosa expectativa do povo brasileiro, que via a marcha acelerada do comunismo para a conquista do poder, as Forças Armadas acudiram em tempo, e evitaram se consumasse a implantação do regime bolchevista em nossa terra. (...) Ao rendermos graças a Deus, que atendeu às orações de milhões de brasileiros e nos livrou do perigo comunista, agradecemos aos militares que, com grave risco de suas vidas, se levantaram em nome dos supremos interesses da Nação, e gratos somos a quantos concorreram para libertarem-na do abismo iminente.[1]
Quatro anos depois a Igreja  vai se posicionar de forma profética defendendo o direito   da  Democracia[2].
A disciplina de História nos ensina, que o passado pode iluminar o presente na construção do futuro. No caso da História eclesiástica nos revela uma igreja na sua essência da marginalidade no seu começo e o triunfalismo que entorpeceram religiosos e leigos na idade Média, mas algo que não podemos negar que sempre há testemunhos coerentes com a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, revelando toda essência e a beleza de uma instituição milenar, que é um corpo com suas virtudes e suas falhas.
A Igreja santa e pecadora nos tempos atuais, tem nos orientado para não mergulharmos na barbárie ou  no tudo é licito e nada mais importa. As orientações nos guiam, para valores humanos que revelam a divindade de um Deus que se faz humano, trazendo a Dividade para nossa pequenez. A história tem a missão primordial,  de não repetimos os erros de uma igreja triunfalista, de uma santidade forçada, de uma religiosidade de verniz e sem a verdadeira conversão.
Esse é o desafio para Pastoral neste terceiro milênio, encontrar o equilíbrio, o ponto exato para evangelizar o mundo, ou melhor, re-evangelizar a realidade da sociedade que se acha cristã, com seus feriados e festas, orientados pelo calendário Católico e a nossa disciplina de História aponta os erros e revela os acertos. Então, a História deve nos orientar com a finalidade de ressaltar todos os pontos, os positivos, os negativos e todo o contexto dos historicismo vivido pela Igreja.
Não se constrói um presente com a negação do passado,  com a omissão de fatos, que fazem parte de nossa História.  E o grande problema na evangelização, é a busca de muitos cristãos da Igreja Católica por uma Igreja triunfante, gloriosa, cheia de pompas e honras. Não mergulham na profundidade da História, na Igreja do Primeiro momento, perseguida e marginalizada, mas comprometida como testemunho de Jesus Cristo Senhor da História.  
Abaixo publicamos a nota oficial da CNBB sobre a manifestação atual do povo brasileiro.

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.
Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”
Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.
O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito.
Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!
Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.
Brasília, 21 de junho de 2013
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva




[1]  - Trecho oficial da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil em 13 de abril de 1968 publicado  no blog:  dnonato.blogspot.com em 2/03/2010
[2] -  dnonato.blogspot.com  em 2/03/2010


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