Na
História da humanidade, a religião sempre se posiciona como um dos órgãos de
controle social. Apontando saídas e opções, para a realidade. Com a Igreja Católica não poderia ser diferente, ela vive na e com a realidade do seu tempo. Olhando para história do Brasil recente
quando a CNBB elogia a ação dos militares
Ø
“O
Brasil foi, há pouco, cenário de graves acontecimentos, que
modificaram
profundamente os rumos da situação nacional”. Atendendo à geral e angustiosa
expectativa do povo brasileiro, que via a marcha acelerada do comunismo para a
conquista do poder, as Forças Armadas acudiram em tempo, e evitaram se
consumasse a implantação do regime bolchevista em nossa terra. (...) Ao
rendermos graças a Deus, que atendeu às orações de milhões de brasileiros e nos
livrou do perigo comunista, agradecemos aos militares que, com grave risco de
suas vidas, se levantaram em nome dos supremos interesses da Nação, e gratos
somos a quantos concorreram para libertarem-na do abismo iminente.[1]
Quatro
anos depois a Igreja vai se posicionar de forma profética defendendo o direito da Democracia[2].
A
disciplina de História nos ensina, que o passado pode iluminar o presente na
construção do futuro. No caso da História eclesiástica nos revela uma igreja na
sua essência da marginalidade no seu começo e o triunfalismo que entorpeceram
religiosos e leigos na idade Média, mas algo que não podemos negar que sempre
há testemunhos coerentes com a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, revelando
toda essência e a beleza de uma instituição milenar, que é um corpo com suas
virtudes e suas falhas.
A
Igreja santa e pecadora nos tempos atuais, tem nos orientado para não
mergulharmos na barbárie ou no tudo é licito e nada mais importa.
As orientações nos guiam, para valores humanos que revelam a divindade de um Deus
que se faz humano, trazendo a Dividade para nossa pequenez. A história tem a missão primordial, de não repetimos os erros
de uma igreja triunfalista, de uma santidade forçada, de uma religiosidade de verniz e sem a verdadeira conversão.
Esse
é o desafio para Pastoral neste terceiro milênio, encontrar o equilíbrio, o
ponto exato para evangelizar o mundo, ou melhor, re-evangelizar a realidade da
sociedade que se acha cristã, com seus feriados e festas, orientados pelo
calendário Católico e a nossa disciplina de História aponta os erros e revela
os acertos. Então, a História deve nos orientar com a finalidade de ressaltar
todos os pontos, os positivos, os negativos e todo o contexto dos historicismo
vivido pela Igreja.
Não
se constrói um presente com a negação do passado, com a omissão de fatos, que
fazem parte de nossa História. E o
grande problema na evangelização, é a busca de muitos cristãos da Igreja
Católica por uma Igreja triunfante, gloriosa, cheia de pompas e honras. Não
mergulham na profundidade da História, na Igreja do Primeiro momento, perseguida e
marginalizada, mas comprometida como testemunho de Jesus Cristo Senhor da
História.
Abaixo publicamos a nota oficial da CNBB sobre a manifestação atual do povo brasileiro.
Nós, bispos do Conselho
Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em
Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às
manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as
idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo
brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e
discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em
vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.
Nascidas de maneira livre e
espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e
atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade.
Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos.
Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão
pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo,
testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só
será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança
quando gritam: “O Gigante acordou!”
Numa sociedade em que as
pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença
do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e
o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença
e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida
e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte
a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não
estão dormindo em “berço esplêndido”.
O direito democrático a
manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos
espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição
do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e
instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir
diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se
os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva
que leva ao descrédito.
Sejam estas manifestações
fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio
de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!
Sobre todos invocamos a
proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.
Brasília, 21
de junho de 2013
Cardeal
Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José
Belisário da Silva
[1] - Trecho
oficial da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil em 13 de abril de 1968 publicado no blog:
dnonato.blogspot.com em 2/03/2010
[2] - dnonato.blogspot.com em 2/03/2010
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