terça-feira, 17 de maio de 2011

Eclesiologia. “É assim que a Igreja simultaneamente ora e trabalha"

A questão  da Eclesiologia ou melhor o estudo  sobre a origem da  Igreja e algo novo porém antigo. Novo no sentido de só após o concilio Vaticano II que vimos a necessidade de ser estuda sobre de fato o que   é a Eclesiologia.  Antigo pois, sempre se preservou a questão da origem da Igreja, sempre se pregou e se defendeu uma origem Divina para Igreja uma origem  até certo ponto Fundamentalista. Quando citamos o texto do   Evangelho de Mateus: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela."  Quando na verdade a Igreja fruto de ação maior ela constituída com a    experiência do Povo que segue a Jesus e aos apóstolos,  é um espaço onde não há divisão de classes, Jesus rompe com a velha estrutura como afirma São Paulo: ''Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito."   Em todos os  textos a condição para fazer parte  da Igreja é professar a Fé no Cristo Jesus.
 Recordamos  que como já falamos  a eclesiologia como ciência teológica é nova mas em todos os povos existiu a Eclésia, que significa Assembléia, Convocação ou Reunião.  Na Grécia antiga  o espaço para se tomar as decisões era na praça pública na grande Eclésia, lá se decidia a vida  da comunidade e no antigo Israel também havia, assembléias com fim de tomar  decisões e celebrar a vida, 
  •  no pentateuco  aparece a  131 vezes a palavra assembléia
  • nos Salmos 34 vezes
  • Nos livros Proféticos: 17 vezes
  • Livros Históricos; 61  vezes
  • Em todo novo testamento aparece 21 vezes o termo Assembléia 
A palavra Igreja  aparece: 
  •   2 vezes no Evangelho Segundo Mateus: 16,18 e 18,17 
  • 50 vezes no texto de São Paulo
  • 1 vez na Carta de joão.(III São João 1,9)
  • 1 vez   nos escritos atribuídos  a São Pedro (I Pedro 5,13)
  • e Ainda 32 registros para Igrejas.
  • tradução da bíblia Ave Maria
No antigo testamento a o termo usado para as assembléia do povo de Deus era:  QHL YHWH,  ( LEIA: CARRAL YHAVÉ) como vimos no texto de Deuteronômio: 9,10 e  23,2-9  ou   I REIS: 8,65.    Esse textos demostram que a comunidade convocada tem a missão de decidir.  
Com o advento do Cristianismos que sofre a influência cultural dos Gregos, dos Romanos e traz consigo a herança judáica  vemos surgi o termo:  "EKKLESIA TÓU THEOU'  que se traduz como "IGREJA DE DEUS"  que nasce do Amor da Trindade onde Jesus é o Sacramento do Pai e a Igreja deve ser o Sacramento do Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.   
A Igreja no primeiro momento nasce perseguida e sofrendo tal perseguição parte para as Catacumbas:   As perseguições são um assunto de estudo vasto e complexo, com muitos aspectos políticos e religiosos que revestiram tanto a classe dirigente (imperador, senado, governadores de províncias romanas), como os mesmos cidadãos. As perseguições constituíam a defesa exagerada, em parte utópica, de uma ordem jurídica não mais capaz de garantir a paz romana, a segurança e o bem-estar das populações do império.
Desde o início, ao messianismo politicamente revolucionário e abertamente anti-romano dos Judeus, os cristãos opuseram um messianismo sem implicações políticas e pacífico; por isso, os órgãos romanos de governo mantiveram-se neutros ou até mesmo benévolos diante da nova religião, que encontrava escuta e simpatia até mesmo em ambientes da classe dirigente. 

A reviravolta decisiva aconteceu durante o reinado de Nero (54-68), que acusou os cristãos do incêndio de Roma, incriminando-os como membros de uma "superstitio illicita", fórmula que apela à declaração do Senado Consulto de 35. Parece que essa fosse substancialmente a justificativa jurídica de todas as perseguições, embora tenham sido acrescentadas outras motivações políticas e religiosas. 

A primeira grande perseguição durou quatro anos, desde o incêndio de Roma de 19 de julho de 64 até 9 de junho de 68, morte de Nero.
Seguiu-se um período de mais ou menos três anos de completa tranqüilidade. Domiciano (81-96), que tinha acentuado o culto do imperador, desencadeou uma breve perseguição nos últimos dois anos. 
No segundo século estourou uma nova perseguição sob Trajano (98-117), devido à proibição de criar sociedades que não fossem autorizadas (as "hetérias"). A quarta grande perseguição aconteceu no tempo de Marco Aurélio (161-180), quando o império foi afligido por carestias e pestilências e ameaçado pelos bárbaros. Os cristãos foram acusados de todas essas calamidades. 
Iniciando o terceiro século, sob Setímio Severo (193-211) deram-se outros fenômenos de perseguição desencadeados pelo furor popular contra os cristãos, declarados inimigos públicos e acusados de lesa majestade. Não parece, contudo, que o imperador tenha publicado qualquer edito de perseguição. 
Uma perseguição de natureza mais política e pessoal que religiosa foi ordenada por Maximino Trace (235-238), que se enfureceu contra os que apoiavam o seu predecessor Alexandre Severo, entre os quais muitos cristãos,. 
Em 244 assumiu o poder imperial o cristão M. Júlio Filipe (244-249), que nos cinco anos de reinado se opôs decididamente aos ambientes mais intransigentes do paganismo e ao fanatismo das multidões. Foi, por isso, odiado e desprezado por eles como traidor da religião e da tradição pagãs. 
Seu adversário Décio (249-251) praticou uma política de restauração da antiga religião nacional romana. Com um edito de 249-50 ordenou que todos os súditos do império oferecessem publicamente um sacrifício propiciatório (uma "supplicatio") aos deuses da pátria. Uma das primeiras vítimas foi o bispo Fabiano. A perseguição foi breve, mas muito intensa e geral.  O sucessor de Décio, Treboniano Galo (251-253), por ocasião de uma nova grave peste que devastou todo o império, ordenou sacrifícios expiatórios (holocausta), dos quais os cristãos não podiam participar, desencadeando, como reação, o ódio e o furor do povo.  No tempo de Valeriano (253-260) a perseguição, de individual e limitada em determinadas regiões, tornou-se coletiva e geral; ou seja, o cristianismo foi perseguido em todo o império como igreja, como hierarquia, como estrutura. Foi imposto o fechamento dos edifícios sacros, o confisco dos cemitérios (edito de 257), a pena de morte para os chefes religiosos (bispos, e diáconos); a perda da dignidade e o confisco dos bens para todos os demais cristãos (edito de 258). 
A perseguição cessou substancialmente no ano seguinte, com a captura do imperador na guerra persa (259), mas foi retomada de forma violenta e generalizada por Diocleciano e Galério nos inícios do século IV com os editos de 303 e 304. Estes impunham a destruição das igrejas, a entrega dos livros sacros e a ordem a todos os cristãos de sacrificar aos deuses, sob pena de condenação à morte. 
Com o edito de tolerância de 311 e o edito de Milão de 313, cessaram as perseguições e foram concedidas à igreja plena liberdade de culto e a restituição dos bens eclesiásticos confiscados. A religião cristã foi abertamente reconhecida como "religio licita", mas só em 394 o imperador Teodósio I obrigará o Senado a decretar a abolição do paganismo em todas as suas formas e, a partir daquele momento, o Cristianismo torna-se a religião oficial do império romano.  As Catacumbas fazem-nos reviver a vida da Igreja Primitiva. É verdade que as Catacumbas são apenas cemitérios, mas falam-nos com o testemunho histórico de um patrimônio riquíssimo de pinturas, esculturas, inscrições que ilustram os usos, os costumes, a vida dos antigos cristãos, a sua cultura, a sua fé. De fato, toda comunidade que vive, exprime-se e traduz a própria vida necessariamente em documentos escritos ou visuais. Os cemitérios, em muitas civilizações, são lugares onde "objetiva-se" a interpretação da vida e da morte. Assim, por exemplo, a maior parte do que conhecemos da cultura egípcia provém dos túmulos. 
As Catacumbas não contam apenas a história das perseguições, do holocausto e do culto dos mártires; apresentam também com clareza a fé da Igreja apostólica e dos primeiros séculos. A visita aos túmulos dos Apóstolos e às Catacumbas, memorial dos mártires, é um retorno às raízes, às fontes antigas da fé e da vida da Igreja dos primeiros séculos. «As Catacumbas são o seu testemunho histórico. Elas foram definidas com razão como «o berço do cristianismo e o arquivo da Igreja das origens».   Evidencia-se, na espiritualidade das Catacumbas" a fé da Igreja primitiva, sobretudo na centralidade de Cristo.
A espiritualidade das Catacumbas é cristocêntrica, sacramental, social, escatológica, bíblica, nova e transformadora. Ela não é só uma documentação da fé da Igreja primitiva, mas um estímulo forte a renovar pessoalmente a fé e o testemunho na vida pessoal.
Os peregrinos, que visitam todos os dias as Catacumbas, percebem o seu aspecto apologético e vêem a visita como uma verdadeira experiência espiritual. São sobretudo os jovens que descobrem o valor religioso das Catacumbas. As Catacumbas tiveram a pureza da fé dos primeiros cristãos, a oferta total de suas vidas, num lugar escuro e repelente, encontramos um lugar que irradia paz e graça, uma verdadeira e própria lição de vida, diante da coragem daqueles homens e mulheres, que revelam o segredo íntimo da espiritualidade da Igreja dos primeiros séculos em seu espírito jovial de conquista e martírio. Esse é o motivo pelo qual desenvolveu-se desde o início o culto dos mártires. Os cristãos sentiram a necessidade de reunir-se junto de suas sepulturas para festejar o aniversário do martírio daqueles gloriosos campeões da fé. 
Milhões de visitantes de todas as partes do mundo, ao longo dos séculos, fizeram uma peregrinação às Catacumbas cristãs de Roma, e pereceberam o humilde esplendor do primitivo testemunho cristão, acolhidos pelos mártires da Igreja e pelos inúmeros cristãos que testemunharam a própria fé na vida de todos os dias. Os peregrinos vindos de todas as regiões do império: do Oriente, bispos ilustres como Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Abércio de Gerápoles, e simples fiéis, porque todos - segundo João Crisóstomo - «olham para Roma com seus dois luminares Pedro e Paulo, cujos raios clareiam o mundo». 

No primeiros 3 séculos a Igreja tem consigo  a necessidade de ter o CONSENSO FIDEI e sua liturgia totalmente familiar sem ritualização do Culto ou ainda a sacerdotização do ministério  de quem preside a Comunidade e quando  a  Igreja é aceita e se torna  a Religião do Estado e que temos uma das fases que a Igreja, deixa de ser sinal de Comunidade e até certo ponto  esquece o projeto de Atos 2,42 e passa adotar algumas práticas que fogem do projeto de Deus, mas ainda não temos a uma Igreja  centralizada só mas tarde temos o projeto de um Só Senhor, um só Rei e Um só Representante do Cristo aparto do Século VII dC.  Tal conflito  pendura até o seculo XIII  quando a Igreja de Roma excomunga a Igreja Oriental e vice versa. Sem mencionar o confronto das Querelas das investiduras. e a reforma gregoriana que durou até o Concilio  Vaticano II.
O concilio vem propor uma nova Eclesiologia em  um Tempo que a humanidade vivia a grande Crise da Guerra Fria,  o Papa João XXIII, convoca o concilio Vaticano II que tem a finalidade de resgatar aquele calor, o carisma de anunciar a boa nova que havíamos perdido em nossas comunidades.  Com  a morte no meio do concilio de João XXIII a Igreja  elege seu sucessor que vai dar continuidade e entres vários documentos que assina ele nos presenteia com um dos documentos mais completos sobre Eclesiologia no século XX que a Constituição Dogmática Lumen Gentiu. 
   No primeiro momento o documento diz o porque foi escrito, qual o seu objetivo, fala sobre a vontade salvifica de Cristo, sobre a missão confiada a  O Pai Lhe confiou e ainda elenca a presença do Espírito Santo nesta obra de que é um povo Unido junto a Trindade Santa.
Nos recorda do mistério da fundação desta Igreja nos falando de um projeto de um Reino e apresenta várias imagens da Igreja  que são: Construção de Deus, Campo de Deus, Nossa Mãe, Jerusalém Celeste e mais usado em nossas comunidades que é Corpo Místico de Cristo. Outro destaque se pode dar é   ação profética que somos chamados quando o documento fala que Jesus cumpriu sua missão no meio da Pobreza  e na perseguição  somos chamados a imitá-Lo, anunciando o Reino de Deus  e nos recorda que essa Igreja é um mistério e o Sacramento de Jesus  no Mundo.
O documento ainda vai destacar um capitulo para cada parte especifica: Sacerdócio comum dos fiéis, nos recordando que somos  um de sacerdotes, a importância do Primado de Pedro, a  relação dos presbíteros  com seu Bispo e fiéis  e depois de muito tempo  sem esse ministério o Concilio nos restaura a função de Diácono na Igreja  o Lúmen Gentiu  tem todo um pedaço que elenca a função do Diácono na Igreja partícula. No Capitulo  IV é todo dedicado a missão do Leigo.
O documento termina falando da Virgem Maria, porém antes ele vem convocando todos a santidade  os Fiéis Leigos com seus pastores, segundo a vocação que receberam.
Temos um novo ar um outro Jeito.  

                                   É assim que a Igreja simultaneamente ora e trabalha para que toda 
   a humanidade se           transforme em Povo de Deus, corpo do Senhor e templo do 
Espírito Santo, e em Cristo, cabeça de todos, se dê 
ao Pai e Criador de todas as coisas toda a honra e toda a glória

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