Um agostiniano entre os pobres, agora à frente da Igreja universal
A Igreja Católica tem um novo pontífice: Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito papa, tornando-se o primeiro norte-americano a ocupar a Cátedra de Pedro. Escolheu o nome Papa Leão XIV, evocando a tradição dos papas que souberam unir firmeza doutrinal e sensibilidade social — como Leão XIII, que abriu as janelas da Igreja para o mundo operário e moderno. O anúncio foi feito em latim pelo cardeal Dominique Mamberti, com a tradicional frase: "Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam" ("Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa"). Em seguida, surgiu na sacada da Basílica de São Pedro, olhos marejados, silêncio reverente — como quem chega com gratidão, não com glória.
Nascido em 14 de setembro de 1955, em Chicago, Robert Francis Prevost é filho de Louis Marius Prevost e Mildred Martínez. Desde cedo, viveu a experiência do cruzamento de culturas — raízes francesas, italianas e espanholas que o ensinaram a dialogar. Mas sua vocação não floresceu nas grandes estruturas, e sim nas margens.
Na América Latina, especialmente no Peru, sua missão encontrou raízes profundas. Chegou como jovem missionário agostiniano aos campos de Chulucanas, onde viveu quase duas décadas junto aos camponeses. Foi ali que aprendeu a linguagem da pobreza digna, da fé que resiste, da Igreja com cheiro de povo. Tornou-se bispo de Chiclayo e, em 2015, assumiu com orgulho a cidadania peruana. No continente latino-americano, marcou-se como homem do encontro, da escuta e da presença.
Em Roma, sua atuação foi igualmente decisiva. Em 1999, foi eleito Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho, liderando os agostinianos no mundo por 12 anos. Em 2014, o Papa Francisco o chamou para integrar a Congregação para os Bispos, reconhecendo nele a prudência e a sensibilidade pastoral. Depois, foi nomeado Prefeito do Dicastério para os Bispos, um dos cargos mais estratégicos da Cúria Romana — de onde influenciou a escolha de pastores em todo o mundo.
É também o primeiro papa agostiniano da história. Entrou na ordem em 1978, fez votos em 1981, e sempre carregou consigo a marca de Santo Agostinho: a busca inquieta por Deus e a certeza de que só no amor se encontra repouso. A célebre frase “Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei”, escrita por Agostinho nas Confissões, poderia bem ressoar nos lábios do novo papa, que demorou a ser notado pelo mundo, mas nunca deixou de arder interiormente por essa Beleza chamada Evangelho.
Poliglota, formado em Teologia na Espanha, fala inglês, espanhol, italiano, francês e entende português. Mas sua língua principal é a da compaixão — a mesma que se tornou critério de escolha de muitos dos bispos que recomendou ao redor do mundo. A escolha do nome Leão XIV sinaliza que deseja um papado com coragem profética, mas também com atenção pastoral. Um pontífice que conheça o rigor da doutrina, mas prefira o calor do abraço. Alguém que veio do norte, mas tem alma do sul.
Ao olhar para ele, muitos recordam a promessa feita por Deus ao profeta Jeremias: “Eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com sabedoria e prudência” (Jer 3,15). E talvez seja isso o que mais esperávamos: um coração que compreenda a sede do povo, uma sabedoria que escute antes de ensinar, uma prudência que saiba esperar o tempo de Deus.
Ele chega de longe, mas não vem de cima. Veio da terra quente do Peru, onde sujou os pés de barro e molhou os olhos com as lágrimas dos pobres. Agora, da sacada de São Pedro, o mundo o vê — e espera. Que fale, sim. Mas que continue ouvindo. Porque o povo de Deus também sabe dizer o caminho.
DNonato – Leigo católico, graduado em História, em oração pelo novo Papa
Recordamos com gratidão o legado do Papa Francisco, cuja vida e ministério foram marcados pela simplicidade, fé e incansável busca pela paz e justiça. Seu testemunho de amor e serviço permanecem como luz a iluminar os caminhos da Igreja. Rogamos para que o novo Papa continue a trilhar essa senda de misericórdia e compaixão, fortalecendo e confirmando o Povo de Deus no seguimento de Jesus Cristo.
ResponderExcluirInspirados pelas palavras do Cardeal Giovanni Battista Re, proferidas na homilia da Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, recordamos que “todos nós somos chamados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesial”. Que possamos, unidos ao Papa Leão XIV, que inicia seu Pontificado neste Ano Santo, edificar a Igreja como sinal de esperança e salvação para o mundo.
Desejamos ao Papa Leão XIV um ministério fecundo, repleto dos frutos do Espírito Santo, e asseguramos nossas orações, comunhão e fidelidade. Que Maria, Mãe da Igreja, interceda por sua missão e o fortaleça em cada passo do seu ministério Pontifício.
Despedimo-nos em Cristo,